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Coronavírus: morre menina de 2 anos com microcefalia vítima da covid-19 em Pernambuco

Criança morava em Araripina, no Sertão do Estado, e é a sétima criança (considerando a faixa etária até os 9 anos) que morre por complicações da covid-19 em Pernambuco

Cinthya Leite
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Cinthya Leite
Publicado em 15/05/2020 às 19:00 | Atualizado em 15/05/2020 às 19:18
Foto: Divulgação/TV Brasil
Microcefalia é a malformação mais conhecida da síndrome congênita do zika vírus - FOTO: Foto: Divulgação/TV Brasil

Uma menina de 2 anos que nasceu com microcefalia, em decorrência da infecção pelo zika vírus na gestação, morreu última terça-feira (12), devido a complicação do novo coronavírus. Ela morava em Araripina, no Sertão de Pernambuco. A informação foi divulgada hoje, pela Secretaria Estadual de Saúde (SES). A microcefalia é a malformação mais conhecida da síndrome congênita do zika vírus, cuja primeira onda epidêmica, no Brasil, teve como epicentro o Recife nos anos de 2015 e 2016. Até o ano passado, Pernambuco notificou 2.820 casos de síndrome congênita do zika. Desses 473 foram confirmados. A SES informou que ainda não há dados relativos a este ano de 2020. 

A menina é a quinta morte por complicações decorrentes da covid-19, na faixa etária pediátrica, confirmada apenas esta semana pela SES.

Além dela, uma menina recém-nascida no Recife com quatro dias de vida faleceu, no dia 6 deste mês, e teve o óbito confirmado na terça-feira (12). Na quarta-feira (13), o Estado também anunciou o óbito de um bebê de 7 meses, morador da capital pernambucana, que tinha leucemia e morreu no dia 12.

Além desses registros, uma menina de 6 anos, residente em Olinda, morreu no último dia 6 e teve a confirmação de covid-19 na segunda-feira (11). Ela tinha câncer e doença renal. Já na quarta-feira (13), a Secretaria Estadual de Saúde (SES) anunciou a morte de um menino de 1 ano e 8 meses, morador do Recife. Ele foi a óbito por covid-19 no último dia 10 e tinha neuroblastoma – um tipo de câncer geralmente encontrado nas pequenas glândulas que ficam em cima dos rins.

Dessa maneira, o Estado totaliza sete mortes por causa do novo coronavírus na faixa etária até os 9 anos.

Ainda entre as vítimas fatais no grupo pediátrico, ainda está o óbito de uma menina de 11 anos, que vivia com hidrocefalia e morava em Capoeiras, no Agreste de Pernambuco. A morte foi confirmada por covid-19, na última sexta-feira (8/5), pela SES.

Já no dia 5 de maio, Pernambuco anunciou o óbito de um bebê indígena de três dias de vida, devido a complicações da covid-19. Ele morava em Floresta, no Sertão pernambucano. A mãe do bebê teria realizado o parto em rede privada. O bebê deu entrada em uma unidade de saúde do município com sintomas de covid-19. Após o atendimento, a criança foi encaminhada para casa, onde apresentou uma piora, e o quadro evoluiu para insuficiência respiratória. O bebê faleceu em 30 de abril.

Também no mês passado, um menino de 7 meses, morador do Recife, foi a óbito. Ele tinha síndrome de Down, hipertensão pulmonar e cardiopatia congênita. De acordo com relato da família, ele apresentou febre, tosse e cansaço. Passou por atendimento em dois hospitais da rede pública, precisou ser entubado e, durante seu tratamento, utilizou antibióticos, como azitromicina. Também fez uso da hidroxicloroquina. Mas não resistiu às complicações do novo coronavírus e foi a óbito no dia 12 de abril.

O Estado também acumula outros seis óbitos entre 10 e 19 anos.

Na infância

A médica infectopediatra Alexsandra Costa, professora da Universidade de Pernambuco (UPE), explica que a faixa etária infantojuvenil brasileira segue a tendência de adoecimento e complicações por covid-19 observada na China e em países europeus, locais por onde a epidemia primeiramente se disseminou.

“Em geral, as crianças são menos afetadas pelo coronavírus. Observamos que as que mais apresentavam quadro com agravamento são aquelas com algum fator de risco, como a prematuridade, ou doença preexistente, a exemplo do câncer”, frisa Alexsandra, que é mestre em Saúde da Criança e do Adolescente pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Ela ainda acrescenta que, até o momento, não há relatos de crianças sem fator de risco que tenham morrido no Estado.  

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