Um estudo comandado por professores do Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) identificou a associação entre temperatura média e a transmissão do novo coronavirus. A pesquisa, que acaba de ser publicada na revista científica holandesa Science of the Total Environment, uma das mais prestigiadas no segmento, revelou cenários que fazem acender ainda mais o alerta sobre a expansão da epidemia em Pernambuco. Os pesquisadores descobriram que há uma associação entre temperatura média dos países e adoecimento por covid-19. É o primeiro trabalho, abrangendo todos os países afetados pela pandemia, que verifica a relação da doença com variáveis climáticas.
“Percebemos que há um maior número de infecções pelo novo coronavírus quando a temperatura cai. O segundo ponto importante do nosso estudo é que há associações positivas entre precipitação e infecções. Ou seja, onde mais se chove, maior é a transmissão da doença. Isso também tem relação com a umidade (quantidade de vapor de água presente no ar). Verificamos que, para cada dois milímetros de precipitação, há o surgimento de 56 casos de covid-19 por dia”, explica o professor Marcos Felipe Falcão Sobral, da UFRPE e autor principal do estudo.
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Para Marcos, os achados da pesquisa, que mostra como o clima influencia a transmissão do vírus, trazem uma preocupação a mais e desafios para Pernambuco, que começa a entrar no período mais intenso de chuvas. “Só no verão, o coronavírus já nos causou muito estrago, e tivemos uma posição privilegiada (no início da epidemia no Estado) porque o clima estava mais quente. Agora, com base no nosso estudo, podemos prever que a redução da temperatura média vai impactar no aumento do número de infecções. Afinal, vamos entrar numa época em que a temperatura vai baixar e o volume de chuva aumentará”, alerta Marcos.
Há indícios que mostram que vamos entrar numa fase mais delicada no Estado. Por isso, as ações (dos governos sobre medidas restritivas) precisam ser tomadas tempestivamente, na hora certa. Não adianta tomar atitudes só quando os locais estiverem alagadosMarcos Felipe Falcão Sobral, professor da UFRPE
O Recife é conhecido por ser uma cidade úmida e, na pesquisa da UFRPE, avaliou-se que o novo coronavírus se adapta bem com um ambiente úmido. “Essa variável foi testada indiretamente com base no que percebemos ao monitorar as precipitações dos lugares afetados pela covid-19, pois a chuva é um dos fatores que contribuem com a umidade do ar”, ressalta Marcos, que se preocupa com as previsões para os próximos dias em Pernambuco. “Há indícios que mostram que vamos entrar numa fase mais delicada no Estado. Por isso, as ações (dos governos sobre medidas restritivas) precisam ser tomadas tempestivamente, na hora certa. Não adianta tomar atitudes só quando os locais estiverem alagados”, acrescenta o pesquisador.
Dados globais
O estudo utilizou dados de todos os países afetados pela pandemia. Além disso, a equipe coletou dados diários das estações climáticas. O trabalho ainda revelou que mortalidade por covid-19 não mostrou associação significativa com a temperatura. É importante frisar que as condições de temperatura, precipitação e umidade variam muito de uma região para outra e que há uma série de fatores que influenciam a disseminação do novo coronavírus, como medidas de isolamento social, densidade populacional e cuidados de higiene.
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Há indícios que mostram que vamos entrar numa fase mais delicada no Estado. Por isso, as ações (dos governos sobre medidas restritivas) precisam ser tomadas tempestivamente, na hora certa. Não adianta tomar atitudes s&oa
Marcos Felipe Falcão Sobral, professor da UFRPE
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