Com 58.668 casos de covid-19 confirmados até ontem e 1.869 mortes, Salvador é a capital do Nordeste com menor taxa de mortalidade e letalidade de 3,1% - menos da metade do mesmo índice no Recife (7,7%). A análise é baseada em dados oficiais de casos e óbitos das Secretarias Municipais de Saúde da região, conforme destacou reportagem publicada ontem neste JC sobre a condição de vice-liderança do Recife no quesito de maior taxa de mortalidade pelo novo coronavírus.
>>Recife é a 2ª capital do Nordeste com a maior taxa de mortalidade por covid-19
Com mais 1,2 milhões de moradores do que a capital pernambucana, Salvador tem 65 mortes em decorrência da doença por 100 mil habitantes; o Recife tem exatamente o dobro: 130,5 óbitos para o mesmo coeficiente.
Por outro lado, a capital soteropolitana tem mais que o dobro de casos do que o Recife: 58.668 e 27.628 confirmações, respectivamente. Na visão da infectologista da Secretaria de Saúde de Salvador Adielma Nizarala, a adoção precoce e intensa de medidas de enfrentamento ao novo coronavírus tem ajudado a cidade a combater a epidemia e a controlar os indicadores de incidência e mortalidade. “Na Bahia, a doença começou por Feira de Santana, mas logo depois chegou a Salvador, que já chegou a responder por quase 99% dos casos do Estado. À medida em que a epidemia foi se interiorizando, a capital foi caindo nessa proporção e hoje contribui com um terço dos casos da Bahia, com taxa de mortalidade e casos também em queda”, esclarece Adielma.
Diferentemente do Recife, que já abriu academias de ginástica, salões de beleza, lanchonetes, bares e restaurantes, Salvador ainda está com esses estabelecimentos fechados.
Ontem o prefeito ACM Neto anunciou que eles serão abertos até o começo da semana que vem se a taxa de ocupação de leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) exclusivos para pacientes com covid-19 se mantiver em até 70% por mais dois dias (o percentual está em 68%). Esta semana devem chegar a Salvador mais 55 novos respiradores. “Quanto mais folga tivermos nas unidades de saúde, mais segurança temos de que a reabertura se dará sem risco de retrocesso”, disse ontem ACM Neto durante a inauguração de mais um elevado do BRT na cidade.
Para controlar a epidemia e frear a velocidade de transmissão do vírus, Salvador tem investido na testagem ampliada desde o início dos primeiros casos suspeitos na capital.
“No início, os exames eram agendados. Salvador trabalhou muito para evitar que os pacientes com suspeita diagnóstica ficassem circulando pela cidade. Então, a testagem era por marcação e continuou assim até ser identificada a transmissão comunitária na cidade. Até o fim de abril, as equipes passavam pelas casas para fazer coleta. Hoje testamos todos os pacientes que procuram unidade de pronto atendimento com sintomas gripais, examinamos todos os idosos em abrigo e casas de acolhimento, assim como profissionais de saúde e de segurança”, diz Adielma.
Ela ainda acrescenta que são feitos exames (testagem rápida) em blitze pelos bairros. “Isso contribuiu com a vigilância epidemiológica. Testamos ainda todos os sintomáticos que procuram rede de atendimento na atenção primária (postos de saúde) como nas redes de urgência, além dos assintomáticos que se encontram em abrigos”, informa a infectologista da prefeitura.
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