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Transplantes: na pandemia de covid-19, Pernambuco dobra número de mortes em fila de espera por um rim

Um dos fatores que podem ter levado ao aumento de mortes em fila é o fato de a doença renal crônica ser uma condição que aumenta o risco de complicações e de óbitos por covid-19

Cinthya Leite
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Cinthya Leite
Publicado em 20/09/2020 às 14:26 | Atualizado em 20/09/2020 às 14:27
SÉRGIO BERNARDO/ACERVO JC IMAGEM
RANKING Pernambuco é o terceiro do País em transplantes de coração - FOTO: SÉRGIO BERNARDO/ACERVO JC IMAGEM

Entre os dados relativos a transplantes em Pernambuco, um número chama a atenção durante a pandemia de covid-19: 54 pessoas morreram, no Estado, de janeiro a agosto, em fila de espera por um órgão ou tecido. Entre esses pacientes, 24 aguardavam um rim, 29 um fígado e um deles, coração. Desse grupo, o número que aumentou, em comparação com o mesmo período do ano passado, foi o de rim. Em 2019, foram registrados 11 óbitos em lista de espera. Para a coordenadora da Central de Transplantes de Pernambuco (CT-PE), Noemy Gomes, o aumento da mortalidade não tem relação com a suspensão temporária da realização dos transplantes renais.

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"Durante a pandemia, ficou estabelecido que seriam feitos os procedimentos de pacientes que tivessem prioridade em lista de espera (ou seja, aqueles que não podem aguardar pelo transplante). Mas nesse período todo, não recebemos solicitação (para transplante de rim emergencial)", explica Noemy. Ela acrescenta que outro fator que pode ter levado ao aumento de mortes em fila é o fato de a doença renal crônica ser uma condição que aumenta o risco de complicações e de óbitos por covid-19. "Não fizemos essa análise, mas pode ser que esses pacientes tenham sido infectados pelo coronavírus. Mas é uma hipótese. Não se sabe a causa exata dessa elevação no número de mortes de pacientes que aguardavam um transplante renal", reforça Noemy. A coordenadora informa que os procedimentos eletivos de córnea ainda permanecem parados por decisão do Ministério da Saúde, mas casos de urgência continuaram sendo realizados.

Para o secretário Estadual de Saúde, André Longo, a temática dos transplantes de órgãos e tecidos precisa fazer parte das conversas entre parentes para que eles saibam da intenção de cada um de ser doador. Isso ajuda e facilita se houver um possível cenário que exija a tomada de decisão. "Esse é um ato nobre, que salva e muda a realidade daqueles que precisam da doação de um órgão ou tecido para ter uma nova vida", pontua o secretário.

Dados gerais

Entre janeiro e agosto desde ano, foram realizados 511 transplantes em Pernambuco. Foram 208 de córnea (500 em 2019), 129 de medula óssea (165 em 2019), 101 de rim (255 em 2019), 47 de fígado (106 em 2019), 14 de coração (35 em 2019) e 1 de rim/pâncreas (6 em 2019), além de 11 de válvula cardíaca (15 em 2019). Já a fila de espera conta com 1.455 pacientes, sendo 1.160 aguardando um rim, 130 fígado, 97 córnea, 39 medula óssea, 16 rim/pâncreas e 13 coração. No mesmo período do ano passado, eram 1.365 pessoas nessa lista.

 

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