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Transplantes de órgãos em Pernambuco caem 52,8% durante a pandemia de covid-19

Outro dado que reflete o impacto da epidemia está no número de pacientes em lista de espera: são 1.455 pessoas que aguardam por um órgão ou tecido para retomar a qualidade de vida

Cinthya Leite
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Cinthya Leite
Publicado em 20/09/2020 às 14:14 | Atualizado em 20/09/2020 às 14:58
SÉRGIO BERNARDO/ACERVO JC IMAGEM
Imagem meramente ilustrativa - FOTO: SÉRGIO BERNARDO/ACERVO JC IMAGEM

A pandemia de covid-19 impactou os transplantes e a doação de órgãos em Pernambuco, especialmente no primeiro semestre, período em que os procedimentos de rim ficaram suspensos até a primeira semana de julho. Neste Setembro Verde, movimento que busca conscientizar sobre a doação, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) informa que totaliza 511 transplantes de órgãos e tecidos realizados de janeiro a agosto deste ano. O quantitativo é 52,8% menor, em comparação com o mesmo período de 2019, quando houve 1.082 cirurgias.

Outro dado que reflete o impacto da epidemia está no número de pacientes em lista de espera: são 1.455 pessoas que aguardam por um órgão ou tecido para retomar a qualidade de vida. Infelizmente, como aconteceu em anos anteriores, Pernambuco tem registrado mortes de pacientes em lista de espera: foram 54 vidas perdidas, considerando as filas de coração, fígado e rim.

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"A pandemia tem sido um verdadeiro tsunami. No ano passado, a Central de Transplantes de Pernambuco (CT-PE) fez 25 anos com bons índices (com redução do tempo de espera e a mortalidade em lista), mas o efeito devastador da covid-19 faz com que voltemos a números de dez anos atrás", lamenta a coordenadora da CT-PE, Noemy Gomes. Ela destaca que o cenário da covid-19 fez com que as visitas aos pacientes e permanência dos acompanhantes nas unidades ficaram restritas, o que dificulta o contato das Organizações de Procura de Órgãos e das Comissões Intra-Hospitalares de Doação com os familiares. "Tudo isso impactou o acolhimento presencial dos parentes, que são quem autoriza a doação de órgãos. A taxa de negativa familiar, que chegou a 48% com a pandemia, estava em 40% no ano passado."

Ainda segundo Noemy, a importância de se testar para covid-19 o doador em potencial também pode ter contribuído com a queda no número de transplantes. "No início da pandemia, esperavam-se 24 horas para se ter esse resultado. Agora, sai em quatro horas, o que tem agilizado todo o processo." Outro ponto que tem interferido na queda dos procedimentos, de acordo com a coordenadora da CT-PE, é a redução dos casos de trauma, como acidentes de trânsito, pelo fato de as pessoas estarem circulando menos. "Essas ocorrências são as que mais levam ao diagnóstico de morte encefálica e, como o número delas caiu, diminuiu o quantitativo de doadores de órgãos", explica Noemy.

Para conscientizar os pernambucanos sobre a importância da doação de órgãos e tecidos, além de tirar dúvidas da população, a CT-PE promove, às 20h desta segunda-feira (21), live pelo Instagram (@saude_pe) com a participação de Noemy e da coordenadora da Educação Permanente da CT-PE, Jackeline Diniz. Já na quarta (23) e na quinta-feira (24), ocorre o Encontro Nordeste Transplantes 2020, evento online gratuito, com acesso apenas para aqueles que fizerem a inscrição (www.eventoweb.me/abto). As ações marcam o Dia Nacional de Doação de Órgãos (27).

"Precisamos chamar a atenção da população para o tema constantemente, esclarecendo como funciona o processo da doação, autorização e, principalmente, combatendo as fake news e os mitos que rodeiam o tema. A doação de órgãos e tecidos segue, no Brasil, critérios rígidos para garantir a segurança de todos os envolvidos e, principalmente, para dar chance de uma qualidade melhor de vida àqueles que estão na fila de espera", afirma Noemy.

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