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"O Samu grita antes", diz diretor-geral do serviço em entrevista sobre aumento de casos suspeitos de covid-19 no Recife

Nesta entrevista, o médico Leonardo Gomes, diretor-geral do Samu Metropolitano do Recife, explica que, mesmo diante do aumento nos atendimentos, o sentimento é de calma para lidar com os chamados.

Cinthya Leite
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Cinthya Leite
Publicado em 28/10/2020 às 7:45 | Atualizado em 28/10/2020 às 7:47
IKAMAHÃ/DIVULGAÇÃO
Leonardo Gomes é diretor-geral do Samu Recife - FOTO: IKAMAHÃ/DIVULGAÇÃO

JORNAL DO COMMERCIO - Ao comparar as últimas semanas, como analisa os dados em relação a chamados por suspeita de covid-19?

LEONARDO GOMES — A média móvel (de envio de ambulâncias para quadros respiratórios) está em 11.3, com tendência de subida. Isso flutua um pouco, mas a gente vê que é uma crescente. Ela mostra que nós estamos sendo demandados mais ainda. Chegamos a ter 30 ambulâncias no início da pandemia e, com a queda dos chamados, voltamos a 23, que é o nosso número habitual. Mas esses veículos não deixaram de existir. Temos um balcão de reservas onde guardamos as ambulâncias, que podem ser reativadas a qualquer momento. Mas o sentimento ainda é de calma.

Leia também: Samu relata aumento nos atendimentos para casos suspeitos de covid-19 no Recife

JC - Nesta pandemia, o Samu tem trabalhando, em muitas situações, como porta de entrada para pacientes com sintomas respiratórios. Podemos dizer que o serviço é um fiel termômetro das curvas da covid-19?

LEONARDO GOMES - O Samu é um dos melhores observatórios de emergência de qualquer modelo da área de saúde, porque (o fenômeno) grita primeiro na gente. Apesar da investigação epidemiológica muitas vezes preceder surtos ou, até mesmo, só chegar depois para poder identificar a situação, o Samu grita antes. No começo da pandemia, a gente apontou para a questão das ILPIs (instituições de longa permanência para idosos, onde vivem pessoas do grupo de risco para agravamento pela covid-19). Conseguimos indicar fenômenos, e isso vale para a pandemia, para acidentes e para o dia a dia.

JC - Qual o sentimento hoje dos samuzeiros (como são chamadas as equipes do Samu) diante do aumento dos chamados?

LEONARDO GOMES - Eles já se entreolham e veem que (os chamados) estão voltando a crescer. Mas todos foram treinados, e há alguns passando por treinamento de reciclagem para ter segurança na hora de vestir e tirar o EPI (equipamento de proteção individual). Aproveitamos esse reinício de subida, digamos, e já fizemos alguns treinamentos focados em covid-19. Eles (os samuzeiros) são muito dispostos. Sabemos também que a situação é diferente agora para gente: conhecemos o vírus, vivemos a doença (no pico da covid-19 no Recife, centenas de profissionais do Samu foram infectados) e estamos acostumados com os casos. Claro que nunca é fácil lidar com vidas, mas será menos traumático (passar por uma possível segunda onda). As equipes possuem bem mais know-how do que tinham quando apareceram os primeiros casos. Naquela época, tínhamos uma teoria apenas. Agora ela se une a uma prática vasta: a gente tem teoria e prática, uma prática vasta. O Samu está sempre pronto.

Confira os casos da covid-19 em Pernambuco por município:


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