Após quase três meses da desativação da operação especial montada para a pandemia e com um número de mais de 4 mil pessoas atendidas devido a quadros respiratórios ao longo de toda a crise sanitária de covid-19 na capital pernambucana, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) desponta novamente como um dos principais termômetros da covid-19 no Recife. Paralelamente à percepção de aumento de casos sugestivos da doença, em hospitais e demais serviços, o Samu registrou, na segunda-feira (26), mais que o dobro no número de chamados a casos suspeitos da infecção pelo novo coronavírus, em comparação com o dia anterior (25). Foram 31 acionamentos, que geraram 24 envios de ambulância na segunda. No dia 25, o Samu contabilizou 15 chamados, que acionaram 12 veículos para socorrer pessoas em casa ou fazer transferências entre unidades de saúde. A parcial dessa terça, que considera apenas um plantão 12 horas corridas (7h às 19h), já apontava 19 chamados e 14 envios de ambulâncias.
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Ao considerar o encaminhamento de veículos para quadros sugestivos de covid-19, o Samu terminou a semana epidemiológica 43 (18 a 24 de outubro) com uma média móvel de 11,3 envios de ambulâncias — um número maior do que o indicador do início da semana anterior, a 42, com média móvel de 8,6. Sobre o incremento de casos, o médico Leonardo Gomes, diretor-geral do Samu Metropolitano do Recife, diz que não se trata de uma intensidade como observada em abril e maio, meses de pico da covid-19 na cidade. "Mas a gente começa a perceber uma mudança. Os números estão aumentando, embora não seja ainda uma subida sustentada. Pelo comportamento da doença, e o mundo tem mostrado isso, a segunda onda é praticamente inevitável. Apesar de falarmos tanto que a pandemia não acabou, porque ainda há transmissão comunitária, as pessoas cada vez mais não acreditam nisso e acabam negligenciando os cuidados", destaca Leonardo Gomes.
Ainda que discreto, o aumento citado pelo médico já leva o Samu a ter novamente plantões com ambulâncias em maior quantidade sendo usadas para atendimento de casos de síndromes respiratórias, que levantam a suspeita de covid-19. "Isso já é perceptível, inclusive no entra e sai de ambulâncias da nossa unidade. Na minha chegada ao trabalho e na saída, por exemplo, eu dificilmente estava encontrando ambulância de covid-19. Voltei a ver com certa frequência. E quando a gente vai para os números, percebe que realmente passamos a ter mais chamados e mais envios de veículos." De acordo com Leonardo Gomes, esses acionamentos são, na maioria, para domicílios e serviços de saúde, com a finalidade de transportar pacientes. "Voltamos a receber chamados de unidades de baixa complexidade (como policlínicas) para (transferência a) unidades de maior complexidade, como os hospitais."
Caso necessário, o diretor-geral assegura que o Samu vai, à medida que os casos comecem a aumentar, reativar o plano de combate ao novo coronavírus e voltará a colocar mais ambulâncias e equipes nas ruas. Na lista dos bairros com maior número de envio de veículos para atender pessoas com quadros suspeitos de covid-19 em setembro e outubro, o Ibura (Zona Sul) aparece em primeiro lugar, seguido por Casa Amarela (Zona Norte), Boa Viagem (Zona Sul), Afogados (Zona Oeste) e Imbiribeira (Zona Sul).
LEITOS
Ontem a capital pernambucana também voltou a apresentar maior número de pacientes internados em leitos de enfermaria, em comparação com os dias das quatro últimas semanas epidemiológicas. O boletim da Secretaria de Saúde do Recife (Sesau) mostra que, das 137 vagas de enfermaria, 72 estão ocupadas. Um número maior foi atingido em 27 de setembro (73 pacientes) e, desde então, os registros vinham sendo menores.
Na reportagem de ontem, o JC divulgou que, pelos números absolutos das vagas ocupadas no Hospital Provisório Recife 1 (o único de campanha a continuar funcionando), em Santo Amaro, área central da cidade, havia 66 pacientes em leitos de terapia intensiva (UTI). É o maior quantitativo deste mês, que chegou a ter 39 pessoas em UTI, na mesma unidade, no último dia 15. Vale frisar que o Recife, pela regulação estadual, recebe também pacientes de outros municípios.
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