Após irmãs serem internadas com suspeita de Síndrome de Haff no Recife, médico alerta para cuidados no consumo de peixe
Vítimas foram internadas com mal-estar e dores após ingerirem o peixe da espécie arabaiana
A investigação de cinco casos de mialgia aguda suspeitos de Síndrome de Haff em Pernambuco, chamada de "doença da urina preta", pela secretaria municipal de Saúde do Recife (Sesau) com apoio técnico da secretaria estadual de Saúde (SES-PE), lançou luz sobre os cuidados necessários para o consumo de peixe. Duas das possíveis vítimas foram internadas em um hospital particular da capital pernambucana com sintomas de mal-estar e dores após ingerirem o peixe da espécie arabaiana, também conhecida como 'olho de boi'.
> Saiba tudo sobre a síndrome de Haff, a "doença da urina preta" transmitida por toxina do peixe
A síndrome acontece de forma repentina e é caracterizada pela ruptura das células musculares, o que leva ao aparecimento de alguns sinais e sintomas como:
- Dor e rigidez muscular
- Dormência
- Falta de ar
- Urina preta, semelhante a café
A família da empresária Flávia Andrade, de 36 anos, e da médica veterinária Pryscila Andrade, de 31 anos, que são irmãs, afirma que elas receberam o diagnóstico da doença de Haff pelos médicos. Elas chegaram ao hospital no dia 16 de fevereiro após um almoço que tinha entre os pratos um peixe comprado no bairro do Pina, na Zona Sul do Recife.
A enfermidade é causada, segundo os médicos, pela contaminação com uma toxina que se desenvolve em peixes que não são bem armazenados em temperaturas adequadas. A substância não altera o sabor e nem a aparência do alimento.
“O que chama atenção? O peixe não foi armazenado de forma adequada nem tratado de forma adequada. Aí ele vai produzir uma toxina. Você come o peixe, não nota que tem essa toxina, o gosto não tem alteração, mas, poucos dias depois, você começa a ter a dor muscular intensa e a urina ficando preta, devendo procurar de imediato uma unidade hospitalar, quando isso acontecer”, analisou o médico infectologista Filipe Prohaska, em entrevista à TV Jornal.
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O especialista explica que para evitar este tipo de contaminação, é necessário ter cuidado com o local onde se compra o peixe. “Muito cuidado onde você compra o peixe. Muito cuidado em checar como aquele peixe chegou ali e como ele está sendo armazenado no momento da venda. O mais importante é comprar em lugares onde você tenha garantia da segurança”, explicou Filipe Prohaska.
O médico detalhou que o ideal é que o peixe seja transportado e armazenado em temperaturas entre -2º e 8ºC, e que, caso o produto seja adquirido na feira, é necessário identificar se o peixe está sendo mantido no gelo (para preservar a temperatura ideal).
Apesar das duas irmãs terem comido o peixe do tipo Arabaiana, outras espécies já estão relacionadas com casos descritos de Síndrome de Haff. É o caso do tambaqui. Na Bahia, a doença já foi relacionada com o consumo do Badejo (Mycteroperca) e, no Amazonas, com o consumo do Pacu Manteiga (Mylossoma).
Após a notificação dos possíveis casos no Recife, a SES-PE orientou sobre a investigação epidemiológica de todos aqueles que consumiram o alimento, assim como a coleta do referido insumo para encaminhamento ao Laboratório Central de Saúde Pública de Pernambuco (Lacen-PE) para que sejam providenciadas as análises laboratoriais.
Em Pernambuco, entre 2017 e 2021, foram registrados 15 casos de Haff, sendo 10 confirmados por critério clínico epidemiológico (4 em 2017 e 6 em 2020) e 5 (de 2021) ainda em investigação. A Secretaria de Saúde salienta que, por meio da Rede de Centros de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Rede Cievs), acompanha e mantém toda rede de serviços de atenção e vigilância do Estado alerta para a notificação de casos suspeitos da doença.