Sem médicos, UTI do Hemope corre risco de fechar nesta quarta-feira (14)
Instituição está com escala de médicos incompleta na unidade de terapia intensiva (UTI) e, por isso, corre o risco de fechar os leitos
Referência em diagnóstico laboratorial e tratamento das doenças do sangue, a Fundação de Hematologia e Hemoterapia (Hemope) está com escala de médicos incompleta na unidade de terapia intensiva (UTI) e, por isso, corre o risco de fechar os leitos. Preocupada com a situação, a coordenadora da UTI da instituição, Monique Luna, informa que a falta de médicos para completar o plantão vem desde o fim de 2019 e que o Hemope tem tentado preencher o quadro com plantões extras.
"De sete médicos para fazermos a escala, temos apenas quatro", diz Monique. Ela alega que o número é insuficiente para completar o quadro e atender os pacientes na UTI. "Se isso não for resolvido, o Hemope está prestes a precisar fechar a UTI. Para amanhã (quarta-feira, dia 14), estou sem plantonista para as 24 horas do dia. Isso é um problema. Não posso permitir que a equipe fique dobrando o plantão. Todos estão cansados, desgastados e sobrecarregados."
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Para a médica intensivista, o cenário atual do Hemope é emergencial, principalmente se for levada em consideração a situação decorrente da covid-19. "O repasse que recebemos para remuneração dos plantonistas ainda é equivalente ao valor de pré-pandemia. Cada médico recebe R$ 750 (valor líquido) por 12 horas de plantão. É um valor 50% menor do que é pago, em média, a um médico de hospital de campanha que atende pacientes com covid-19. Isso é um dos fatores que tornam difícil manter a escala por contrato de plantão extra", destaca Monique.
A coordenadora de UTI do Hemope frisa que um dos caminhos para tentar solucionar a escala incompleta na UTI é transferir concursados de outros hospitais para o Hemope. "Desde a última semana, a diretoria do Hemope informou à Secretaria Estadual de Saúde (SES) sobre a nossa situação emergencial e reforçou a necessidade de plantonista. Mas não tivemos resposta, e houve tempo necessário para isso. É como se a SES não olhasse para o Hemope", lamenta. Se a UTI precisar ser fechada por falta de médicos, Monique diz que será necessário fazer a regulação e transferência dos pacientes para leitos gerais de outros hospitais. "Nossa UTI é especializada e limpa. Ou seja, não recebemos pacientes com suspeita do novo coronavírus. A maior parte do nosso atendimento, em UTI, é para pacientes com doença falciforme e com leucemia."
A coluna Saúde e Bem-Estar, deste JC, entrou em contato com a Secretaria Estadual de Saúde (SES) às 13h11, e o posicionamento sobre a situação chegou, por nota, às 17h19, após repercussão desta reportagem, publicada às 14h16. A secretaria garantiu, à coordenadora da UTI do Hemope que fará seleção para transferência interna de médicos. "A SES-PE também vai publicar, em caráter emergencial nesta quarta-feira (14), seleção interna de profissionais para completar os plantões do serviço. Atualmente três pacientes estão internados na unidade de terapia intensiva da unidade", diz a secretaria em nota enviada à coluna.
A SES ainda garantiu que a UTI tem funcionado normalmente e que não há risco de fechamento nesta quarta-feira. "Em dois dias da semana, a unidade tem procurado garantir a assistência com a autorização de plantão extra para médicos."
À reportagem, a secretaria frisou que "o Hemope abriu, em janeiro deste ano, processo de seleção simplificada para contratação temporária de 142 profissionais, de níveis fundamental, médio e superior, investindo no incremento de pessoal. Foram classificados 8.650 profissionais. Dos aprovados, 75 profissionais já assumiram seus cargos. Das vagas destinadas a uteístas, os aprovados não assumiram o cargo."
Sobre a remuneração dos plantonistas da UTI do Hemope, a SES informou que o valor repassado (R$ 900 bruto) é o preço tabelado por cada plantão extra de 12 horas para UTIs do tipo.