SAÚDE

Entenda o que é o "mal da vaca louca" e os riscos que ela representa

No último sábado (4), o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) confirmou a ocorrência de dois casos da doença encefalopatia espongiforme bovina, conhecida popularmente como "mal da vaca louca"

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Julianna Valença

Publicado em 06/09/2021 às 9:54 | Atualizado em 06/09/2021 às 10:30
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No último sábado (4), o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) confirmou a ocorrência de dois casos da doença encefalopatia espongiforme bovina, conhecida popularmente como “mal da vaca louca”. A doença atípica é originada no organismo de bovinos, e foi identificada nos frigoríficos de Nova Canaã do Norte (MT) e de Belo Horizonte (MG). Segundo a Mapa, ambos os animais enfermos são vacas de “descarte”, com idade avançada e que estavam deitadas nos currais.

Estes são o quarto e o quinto registro da doença em 23 anos de vigilância, de acordo com a Mapa. “Desta forma, o Brasil mantém sua classificação como país de risco insignificante para a doença, não justificando qualquer impacto no comércio de animais e seus produtos e subprodutos”, escreveu a secretaria em nota.

O que é o "mal da vaca louca"?

O “mal da vaca louca” é uma doença degenerativa, provocada pela forma infectante de uma proteína - príon -, que atinge o Sistema Nervoso Central dos bovinos e bubalinos. Doentes, os animais manifestam alterações comportamentais como raiva, nervosismo, ranger dos dentes, hipersensibilidade ao som, toque e luz, além de ataxia. Até o momento, não há cura.

Como a doença é transmitida?

A transmissão da enfermidade acontece através do consumo de alimento que contém farinhas de ossos, carnes e carcaças de animais infectados. Por isso, no Brasil, a alimentação de bovinos, bubalinos, caprinos e ovinos com produtos de origem animal é proibida. Estes animais devem ser alimentados com pasto e a suplementação alimentar à base de proteína vegetal.


Como ocorre a transmissão do "mal da vaca louca" em humanos?

Nos humanos, o consumo da carne animal contaminada com a encefalopatia espongiforme bovina pode provocar a doença de Creutzfeldt-Jakob (vDCJ) - enfermidade neurodegenerativa, caracterizada por provocar uma desordem cerebral com perda de memória e tremores -. A vDCJ é fatal e não há cura.

Quais os sintomas em humanos?

Os sintomas que podem ser desenvolvidos nas pessoas são desordem cerebral com perda de memória; tremores; falta de coordenação de movimentos musculares; distúrbios da linguagem; perda da capacidade de comunicação e perda visual. Além também de em alguns casos, com a progressão da doença, os pacientes apresentarem insônia, depressão, sensações inusitadas, desordem na marcha, postura rígida, ataques epilépticos e paralisia facial.

Surto do “mal da vaca louca” na década 90


Acredita-se que a doença tenha surgido nos anos 80, no Reino Unido. Cerca de 10 anos depois, o país enfrentou um surto do “mal da vaca louca”, mudando temporariamente o consumo do alimento no próprio território e em outras partes da Europa. Entre 1992 e 1993 foram confirmados quase 100 mil casos no Reino Unido e aproximadamente 180 mil animais foram afetados.


O Reino Unido chegou a proibir o consumo de carne bovina no território, além também dos 15 países da União Europeia suspenderem a importação do insumo exportado pela Inglaterra. Na época, também foram registrados os primeiros casos da vDCJ e o primeiro caso de possível transmissão da doença por transfusão sanguínea.

No Brasil não há registros até o momento de casos da variante de Creutzfeldt-Jakob, segundo o Ministério da Saúde brasileiro.

 

Exportações suspensas

Com a identificação dos casos, o Brasil notificou oficialmente a Organização Mundial da Saúde Animal (OIE) da ocorrência. Com isso, para o cumprimento protocolos sanitários estabelecidos entre o Brasil e China, as exportações de carne bovina para o país asiático foram suspensas temporariamente. O país é o principal importador da carne brasileira, segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec). Apenas no período de janeiro a julho de 2021, os embarques do alimento para a China somaram 490 mil toneladas, com receitas de US$ 2,493 bilhões.

A medida ficará em vigor até que as autoridades chinesas concluam a avaliação das informações já repassadas sobre os casos.

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