Campanha do IMIP estimula conscientização e alerta para bullying contra pacientes com fissura labiopalatina

"Todos os sorrisos são lindos". A simples frase torna-se potente ao nomear a Campanha Nacional de Fissura Labiopalatina do Centro de Atenção aos Defeitos da Face (Cadefi) do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP) junto à Smile Train, realizada entre os dias 27 de setembro e 1º de outubro de 2021. Simples, porque deveria ser óbvia: já que qualquer sorriso remete à alegria. Mas para quem nasceu com a abertura no lábio ou no palato (céu da boca), o sorriso é, infelizmente, muitas vezes atrelado a comentários e olhares maldosos.

O olhar do outro sobre o pequeno Augusto, de 4 anos, é a principal preocupação da mãe, a professora Ramona Galdino, de 37 anos. "Ele está em uma faixa etária que crianças e adultos já questionam o jeito dele falar, e isso me preocupa muito. A humanidade precisa olhar sobre o outro, porque não sabemos a dificuldade que o outro passa", contou.

E é justamente com o intuito de reverter esse preconceito que a ação acontece. Por meio de palestras remotas e presenciais, pacientes, familiares e a sociedade serão orientados pelo IMIP sobre saúde bucal, as consequências do bullying e sobre como se proteger legalmente da discriminação contra pessoas com a fissura labiopalatina, condição que ocorre a cada 600 nascimentos no Brasil.

No caso de Ramona, a fissura foi descoberta ainda na gravidez, por meio de ultrassom morfológica. "Fui ao Imip ainda grávida e recebemos atendimento de fonoaudiólogo e psicólogo, fomos muito bem assistidos. Ele já fez duas cirurgias, a primeira com 4 meses, no lábio, e a segunda no palato, com 1 ano. Fizemos um retorno essa semana, porque com 5 anos o cirurgião faz avaliação para saber se há necessidade de intervenção cirúrgica - e não teve", disse Ramona, que viaja de Campina Grande, na Paraíba, até Recife para o acompanhamento.

"O evento acontece com o intuito de conscientizar a população e para trazer a importância de fazer o tratamento dessa deformidade e harmonizar vidas, visto que os pacientes sofrem não só preconceito, mas alterações na fala e na qualidade de vida, que é reduzida em mais de 30%, segundo estudos. O atendimento adequado permite que eles tenham uma vida saudável e sem impedimentos, já que são raros os casos de crianças que não podem fazer cirurgia, em torno de 1%", informou o coordenador do CADEFI, o cirurgião plástico Rui Pereira.

Durante a semana da Campanha, serão realizadas apenas as cirurgias de Lábio e Palato na unidade, a partir da liberação de vaga no Bloco Cirúrgico IMIP, Anestesista, e Cirurgião Plástico para os procedimentos (Queiloplastia e Palatoplastia). Estão previstas 20 cirurgias do tipo no período.

Nesta terça-feira, 28 de setembro, técnicos do centro especializado, como Rui, membros da comunidade escolar e demais interessados no assunto participam do webnário “O Enfrentamento do Bullying nas Escolas”. Para se inscrever, os interessados devem enviar mensagem informando: nome completo, telefone e-mail para [email protected]. Veja programação:

“O tema escolhido para a campanha deste ano é de fundamental importância para a vida desses pacientes. As pessoas que têm fissura labiopalatina enfrentam muitos preconceitos visto que a condição é muito aparente e parte da sociedade ainda não tem conhecimento adequado sobre o problema”, destacou o coordenador do CADEFI, dr. Rui Pereira.

O que é a fissura labiopalatina?

A fissura lábio-palatal está relacionada a diversos fatores ocorridos durante o período de gestação, como: ingestão de medicamentos, exposição ao raio-X, deficiência nutricional, entre outros. Esta deformação atinge, frequentemente, a pele, subcutâneo, músculos e a parte óssea da face. Acarreta ainda em alterações dentárias, na alocução, respiração e também em dificuldades para ingerir líquidos e alimentos.

Cadefi

Fundado em 2002, o Cadefi é o segundo maior centro do país que oferece tratamento a pacientes fissurados e, na rede pública, é o único centro especializado no Nordeste no tratamento multidisciplinar de fissura lábio, palato e lábio e palato além das demais deformidades craniofaciais. A parceria com a Smile Train teve início há sete anos.

O Cadefi também foi fruto da luta de um grupo de pais que tinham em comum o problema dos filhos com fissura lábio e palato e não tinham condições de custear as despesas com o tratamento. A parceria com a Smile Train permite qualificar o atendimento aos mais de sete mil pacientes cadastrados no serviço desde sua fundação, em 2002.