Round 6: especialistas orientam sobre cuidados que adultos devem ter para evitar que crianças vejam conteúdos impróprios para a faixa etária
Neuropsicóloga alerta que crianças são muito vulneráveis a estímulos que podem se tornar incontroláveis e até mesmo viciantes
Round 6, da Netflix, com classificação indicativa de 16 anos, tem sido vista por crianças mais novas, que se sentem atraídas pela estética inspirada em animes. A questão é que os pequenos não devem ser expostos a conteúdos inadequados de entretenimento, o que pode impactar negativamente no desenvolvimento ao longo da infância e da adolescência. O enredo gira ao redor de pessoas endividadas que podem ser resgatadas da crise por meio de um jogo perigoso. E impactante é que tudo isso vem em brincadeiras infantis (“batatinha frita 1,2,3”, cabo de guerra e bolinha de gude), em que os perdedores dos desafios morrem com muito tiro.
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Famílias e professores relatam que crianças têm comentado sobre a série nos horários livres e feito brincadeiras que, em Round 6, relacionam-se com o assassinato de personagens. Diante deste cenário, a neuropsicóloga Leninha Wagner lembra que o quanto é necessário monitoramento por parte dos pais: "A série apresenta cenas de violência explícita, tortura psicológica, suicídio, tráfico de órgãos, sexo, palavras de baixo calão. Isso chama a atenção, pois são crianças comentando sobre o assunto, como se fosse algo normal para elas assistirem".
Ela acrescenta que, ao entrarem em contato com conteúdo de cunho violento, as crianças e os adolescentes acabam ‘normalizando’ e tomando isso como algo comum. "Tornam-se mais reativas e agressivas. Nesta fase da vida, ainda são imaturos e muito vulneráveis a estímulos que podem se tornar incontroláveis e até mesmo viciantes." Além disso, ela pondera que, nesta faixa etária, o cérebro tem menos “freios” na regulação das emoções. Dessa maneira, Leninha observa que “a ação preventiva preconiza o controle de tempo e de conteúdo da tela para crianças e adolescentes”.
Assista a trailer de Round 6:
Já o PhD, neurocientista, psicanalista e biólogo Fabiano de Abreu revela que "a criança não tem a mesma percepção preventiva do adulto, já que a região do lobo frontal, relacionada à tomada de decisões, lógica e prevenção, está em formação". Ele destaca que a cognição, com base na experiência, também não está desenvolvida. "São discernimentos diferentes na percepção do adulto e da criança." Nesse caso, Fabiano faz uma recomendação aos pais. "Deve-se ter cuidado ao acesso (dos conteúdos) pelas crianças e explicar com argumentos coerentes para a faixa etária, de maneira que entenda o real e o abstrato, assim como as suas consequências", complementa.
O psicólogo Rodrigo Nery concorda que é de inteira responsabilidade da família decidir o que é melhor para as suas crianças, permitindo ou não o acesso a conteúdos impróprios para a idade. "Porém, é importante que nossas crianças acessem conteúdos apropriados para cada faixa etária", reforça. O psicólogo orienta que os responsáveis da criança controlem o tempo de exposição a telas e coloquem limites sobre o uso. "Eles também devem estar juntos aos pequenos se a decisão for permitir que tenham acesso a estes conteúdos impróprios para a faixa etária", acrescenta Rodrigo Nery.