O câncer não espera: médica alerta que mulheres não atrasem mais a realização de exames que rastreiam tumor na mama
Devido à pandemia, médica radiologista diz que cerca de 4 mil mulheres deixaram de ter o câncer de mama detectado no Brasil
Em alusão ao Outubro Rosa, movimento de conscientização sobre a importância do diagnóstico precoce do câncer de mama, o Instituto JCPM de Compromisso Social (IJCPM) promoveu, ao longo desta quinta-feira (14), uma série de atividades que reforçam o autocuidado - comportamento essencial para promoção da saúde.
lado do Centro de Diagnóstico Lucilo Ávila, o IJCPM abraçou a campanha Prevenir é se amar, que ofereceu exames, mamografias e palestras para cerca de 100 moradoras dos bairros do Pina e de Brasília Teimosa, ambos na Zona Sul do Recife.
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A apresentação do Consultório do Rádio Livre, da Rádio Jornal, na sede do IJCPM, no Pina, foi um dos destaques da programação da tarde.
No local, 35 mulheres assistiram ao programa, que contou com esclarecimentos da médica radiologista mamária Mirela Ávila, diretora do Centro de Diagnóstico Lucilo Ávila.
Também participou do Consultório do Rádio Livre a assistente social Kadja Camilo, diretora da CasaRosa, organização não governamental (ONG), localizada no Espinheiro (Zona Norte da cidade), que oferece assistência a mulheres em situação de vulnerabilidade social do interior de Pernambuco e que precisam realizar tratamento de radio e quimioterapia contra o câncer de mama nos hospitais públicos do Recife.
A mensagem de Mirela Ávila é que, neste Outubro Rosa, as mulheres não devem mais adiar o autocuidado.
Afinal, o atraso no diagnóstico do câncer de mama é considerado o maior empecilho para a eficácia do tratamento e o alcance da cura.
"Se detectado precocemente, o câncer de mama pode ser curado em 95% dos casos", avisou a radiologista.
Dessa maneira, ela reforçou a importância de se atualizar os exames de rastreamento, como a mamografia, e o checkup periódico, respeitando sempre os protocolos de segurança contra a covid-19.
Um levantamento realizado pela Fundação do Câncer, com base em dados do Sistema Único de Saúde (SUS), apontou uma queda de 84% no número de mamografias feitas no Brasil durante a pandemia de covid-19, em comparação com o mesmo período no ano anterior.
"Estima-se que, no último ano, cerca de 4 mil mulheres deixaram de ter o câncer de mama detectado, em função da pandemia. Mas nunca é tarde para esse diagnóstico. Então, as mulheres devem procurar um serviço de saúde", disse Mirela.
Neste ano, o Lucilo Ávila doa 30 mamografias às ações sociais da CasaRosa. Na manhã desta quinta-feira (14), também foi feita doação de mamografias gratuitas às mulheres das famílias assistidas pelo Instituto JCMP, no Pina.
Este ano a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) retoma o movimento de conscientização Quanto antes melhor.
A ideia é focar na prevenção, estimulando as idas periódicas aos mastologistas (já que, se o câncer for descoberto no início, as chances de cura chegam a 95%).
O intuito da campanha é o de chamar a atenção das mulheres para a adoção de um estilo de vida saudável no dia a dia, com a prática de atividades físicas e boa alimentação para evitar doenças como o câncer de mama.
A SBM quer reforçar que há muita vida após o câncer de mama e que o cuidado com a saúde feminina deve ser olhado com atenção, principalmente neste momento em que o rastreamento e o tratamento foram prejudicados e ainda estão sendo retomados por conta da pandemia de covid-19.
O câncer de mama
É o tipo que mais acomete mulheres: cerca de 2,3 milhões de casos novos foram estimados para o ano de 2020 mundialmente, o que representa cerca de 25% de todos os tipos de neoplasias diagnosticadas nas mulheres.
As taxas de incidência variam entre as diferentes regiões do planeta, com as maiores taxas nos países desenvolvidos.
Para o Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca) foram estimados 66.280 casos novos de câncer de mama neste ano, com um risco estimado de 61,61 casos a cada 100 mil mulheres.
Não há uma causa única para o câncer de mama. Diversos fatores estão relacionados ao desenvolvimento da doença entre as mulheres, como envelhecimento, determinantes relacionados à vida reprodutiva da mulher, histórico familiar de câncer de mama, consumo de álcool, excesso de peso e atividade física insuficiente.