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O que é esporotricose em gatos? Tire suas dúvidas sobre doença que também se tornou comum em humanos

Pandemia em queda, que levou à flexibilização do isolamento social, tem favorecido maior contato com gatos de rua, mais expostos a fungo causador da esporotricose

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Cinthya Leite

Publicado em 19/10/2021 às 15:56 | Atualizado em 20/10/2021 às 16:24
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O gato é a maior vítima de uma micose causadora de lesões sérias e potencialmente fatais quando não tratadas em tempo oportuno. Estamos falando da esporotricose, uma micose subcutânea causada pelo fungo Sporothrix schenckii e que tem se tornado cada vez mais frequente em humanos. Só neste ano, em Pernambuco, segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde (SES), já foram confirmados 173 casos de esporotricose na população que mora em municípios pernambucanos. Esse número ainda é parcial, pois só considera os registros feitos ate julho. Ao longo de todo o ano de 2020, foram 260 confirmações da esporotricose em Pernambuco. 

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Para o homem, a transmissão da doença se dá por meio de unhadas (ou “arranhadura”). Os gatos infectados transmitem o fungo ao ser humano, mas também a outros felinos e a cães. A doença tem cura, mas o tratamento é de difícil acesso para os gatos, segundo conta o coordenador de Controle de Zoonoses da Secretaria de Saúde de Pernambuco (SES), Francisco Duarte. "Muito se acha que os gatos são os vilões, mas eles são tão sacrificados quanto o homem com esporotricose. Afinal, o animal se contamina com o fungo que vive naturalmente no solo. Quando os gatos brigam entre si, transmitem um aos outros. Em contato com o homem, ocorre a transmissão da doença. Nem todos os municípios estão organizados para oferecer o tratamento aos gatos. E no caso do homem com a doença, a unidade básica de saúde deve fornecer a assistência. O Estado fica responsável por tratar os casos mais graves, que exigem internamento", ressalta Duarte. 

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Segundo explica Francisco Duarte, a pandemia em queda, que levou à flexibilização do isolamento social, tem favorecido um maior contato da população com gatos de rua, que são mais expostos a fungo causador da esporotricose, em comparação com os felinos castrados e que vivem em domicílio.  

Como é transmitida a esporotricose?

O fungo causador da esporotricose geralmente habita o solo, palhas, vegetais e também madeiras, podendo ser transmitido por meio de materiais contaminados, como farpas ou espinhos. Animais contaminados, em especial gatos, também transmitem a doença, por meio de arranhões, mordidas e contato direto da pele lesionada. No homem, a doença se manifesta na forma de lesões na pele, que começam com um pequeno caroço vermelho, que pode virar uma ferida. Geralmente estão presentes nos braços, pernas ou no rosto formando uma fileira de nódulos e feridas, afetando pele e vasos linfáticos próximos à lesão, mas pode também atacar ossos, pulmões e articulações.

Como é o diagnóstico e o tratamento da esporotricose?

Como pode ser confundida com outras doenças de pele, o paciente deve sempre procurar um dermatologista. O tratamento é baseado em antifúngicos tanto para humanos quanto animais, que em alguns casos, pode durar meses ou mais de um ano.

Por isso, é importante o diagnóstico no estágio inicial da doença. Já nos animais, as manifestações clínicas são variadas. Os sinais mais frequentes são lesões ulceradas na pele, geralmente com pus, que não cicatrizam e costumam evoluir rapidamente. O diagnóstico pode ser clínico (reconhecimento da lesão) ou laboratorial (identificação do fungo).

O diagnóstico em humanos é realizado pelo Laboratório Central de Pernambuco (Lacen-PE). Em animais, é feito pelo Laboratório de Endemias (Labend), unidade laboratorial vinculada ao Lacen-PE. O paciente deve ser encaminhado por um posto de saúde.

Quais os sintomas da esporotricose humana?

Os sintomas da esporotricose aparecem após a contaminação do fungo na pele. O desenvolvimento da lesão inicial é bem similar a uma picada de inseto, podendo evoluir para cura espontânea.

Em casos mais graves, por exemplo, quando o fungo afeta os pulmões, podem surgir tosse, falta de ar, dor ao respirar e febre. Na forma pulmonar, os sintomas se assemelham aos da tuberculose. Mas o fungo também pode afetar os ossos e articulações, manifestando-se como inchaço e dor aos movimentos, bastante semelhantes ao de uma artrite infecciosa.

As formas clínicas da doença vão depender de fatores como o estado imunológico do indivíduo e a profundidade da lesão. O período de incubação é variável, de uma semana a um mês, podendo chegar a seis meses após a inoculação, ou seja, a entrada do fungo no organismo humano.

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