Roberto Kalil sobre Carnaval: "É uma temeridade pensar em aglomeração no momento atual"
Médico diz que "algumas certezas que temos hoje nos remetem a pensar em Carnaval apenas para 2023"
A decisão do Comitê Científico do Consórcio Nordeste de recomendar, devido à pandemia de covid-19, a proibição de festas de réveillon e Carnaval na região pode ter decepcionado os foliões, mas agradou os especialistas em saúde.
"É uma temeridade imaginar que pudéssemos ter festas e aglomerações diante de um quadro que ainda exige a observância ao distanciamento e ao uso de máscara, inclusive para evitar a disseminação da variante ômicron. Sabemos que uma pandemia é dinâmica, os números mudam rapidamente, mas algumas certezas que temos hoje nos remetem a pensar em Carnaval apenas para 2023", avalia o médico Roberto Kalil, professor titular de cardiologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e diretor do Instituto do Coração (InCor) e Hospital Sírio Libanês.
Ele destaca que o Brasil deve terminar o ano com mais de 615 mil mortos pela covid-19, além de 22 milhões de pessoas infectadas. A redução do número de novos casos não justifica o relaxamento que seria a liberação do Carnaval. "Mesmo com o avanço da vacinação entre nós, é preciso lembrar que a pandemia é mundial e atravessa fronteiras. Temos hoje a variante ômicron, que chama atenção por sua alta capacidade de mutação. Os vírus são agentes que podem ser altamente mutagênicos - ou seja, tem a capacidade de sofre modificações em sua estrutura para enganar o sistema de defesa da pessoa infectada", explica o médico.
"O Brasil não tem condições de passar por mais uma onda de mortes, internações e miséria", complementa Kalil.