Gripe: tudo sobre a circulação da influenza A H3N2 em Pernambuco
Nesta segunda (20), o Estado confirmou que há circulação comunitária e que o vírus já causou a primeira morte em Pernambuco
De tempos em tempos, o vírus influenza (ou gripe, como se chama comumente) passa por transformações, assusta e é responsável pelo adoecimento e morte de milhares de pessoas. A variante H3N2, que sofreu nova mutação na Austrália e tem causado surtos de gripe em outros Estados como Rio de Janeiro, São Paulo e Bahia, preocupa autoridades sanitárias em Pernambuco. Nesta segunda-feira (20), a Secretaria Estadual de Saúde (SES) informou, em coletiva de imprensa, que há circulação comunitária (tipo de transmissão em que não se consegue mais rastrear o paciente que originou as cadeias de infecção) da influenza A H3N2 e que a doença já causou a primeira morte do ano em Pernambuco. O anúncio veio dois dias após a divulgação dos primeiros três casos locais de H3N2, e o secretário Estadual de Saúde, André Longo, ressalta que esse subtipo do influenza A (H3N2) deve ter começado a circular com intensidade nos últimos dez dias.
Confira o que se sabe sobre a doença
Agora Pernambuco diz ter confirmado 43 casos de H3N2 - e 40 deles tiveram resultados liberados ontem, um dia após o JC ter alertado sobre confirmação de primeiro caso só ter sido divulgada oito dias após diagnóstico positivo do paciente. As pessoas que tiveram detecção da H3N2 confirmada são de 14 municípios, espalhados por todas as regiões do Estado, além de um de Niterói (RJ). Apenas ontem a SES liberou uma nota técnica com orientação para os serviços de saúde sobre condutas para notificação e tratamento dos casos, além de informações sobre medidas de prevenção.
"Apesar de preocupante, a circulação da influenza A H3N2 deve ter uma menor repercussão em casos graves e internamentos quando comparadas às ocorrências da covid-19", disse André Longo. O secretário reforçou que é necessária atenção redobrada, principalmente para as crianças, os idosos e pessoas com doenças crônicas (como diabetes e hipertensão, entre outras), já que são grupos com maior risco de agravar quando são infectados pelo influenza. Durante a coletiva, Longo informou que foi comunicado, no último fim de semana, por unidades privadas de saúde e por Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), do aumento de pacientes com sintomas gripais. Na sexta-feira (17), o JC trouxe reportagem com relatos de médicos sobre um incremento no atendimento de pessoas com sintomas de gripe e que tiveram teste negativo para covid-19.
"Precisamos ter a consciência que estamos diante de mais um vírus respiratório. Os sintomas da influenza H3N2 e da covid-19 são muito semelhantes, especialmente a variante ômicron. Precisamos estar cientes da confusão de diagnóstico e, por isso, precisamos estar conscientes da importância de realização de exames laboratoriais, especialmente o teste rápido de antígeno para covid-19", sublinhou o médico Demetrius Montenegro, chefe do setor de doenças infectocontagiosas do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc).
Segundo a SES, todos os pacientes com quadro de síndrome respiratória aguda grave (srag) devem ser testados para covid-19 e, se negativarem, as amostras serão testadas no Lacen-PE para uma possível infecção pela influenza. "Também é fundamental redobrarmos os cuidados, especialmente com o uso da máscara, uma medida comprovadamente eficaz para controlar diversas doenças, incluindo covid-19 e influenza", destacou o secretário.
Dos 42 casos confirmados de influenza A H3N2, nove são casos graves: 6 internados em enfermaria, 2 em unidade de terapia intensiva (UTI) e 1 óbito. A morte foi de um homem de 46 anos, residente no Recife. Ele apresentou falta de ar em 9 de dezembro e foi atendido em UPA no dia seguinte, quando precisou ser intubado e transferido para a UTI do Hospital Agamenon Magalhães (HAM). Ele foi a óbito no último domingo (19). O homem tinha doença renal crônica, teve o exame para covid-19 negativo e fez o teste de influenza em seguida. "Também foram localizados 12 registros no sistema e-SUS, utilizado para registro de casos leves, a partir de informações que já estavam baixadas na SES-PE. Os demais, provavelmente também do e-SUS, não foram localizados, já que o sistema do Ministério da Saúde (MS) está fora do ar", informa a SES.
Os pacientes confirmados para a influenza A (H3N2) são dos municípios do Recife (17), Caruaru (4), Igarassu (4), Jaboatão dos Guararapes (4), Cabo de Santo Agostinho (2), Olinda (2), Camaragibe (1), Carpina (1), Ipojuca (1), Itambé (1), Moreno (1), Ribeirão (1), Santa Terezinha (1) e Vitória de Santo Antão (1), além de Niterói (1), no Rio de Janeiro, e mais 1 do Recife pelo critério clínico-epidemiológico. As faixas etárias são: 5 (12%) menores de 18 anos; 17 (40%) de 18 e 39 anos; 15 (36%) com 40 a 59 anos e 5 (12%) com 60 anos ou mais, além do caso confirmado por critério clínico-epidemiológico (48 anos).