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Pernambuco define quais serão os primeiros grupos de crianças que receberão a vacina contra covid-19; confira

Secretaria Estadual de Saúde informa que já tem organizado o processo de logística para distribuir rapidamente a vacina aos municípios, que ficarão responsáveis pela aplicação no público infantil. As primeiras doses devem chegar até o fim desta semana

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Cinthya Leite

Publicado em 11/01/2022 às 17:27 | Atualizado em 12/01/2022 às 23:10
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As primeiras doses de vacina contra a covid-19 para as crianças devem ser enviadas, pelo Ministério da Saúde, até o fim desta semana. Essa foi a expectativa compartilhada, pelo secretário de Saúde de Pernambuco, André Longo, em coletiva de imprensa nesta terça-feira (11), mesmo dia em que representantes do Comitê Técnico Estadual para Acompanhamento da Vacinação se reuniram para definir as orientações sobre o início da imunização contra o coronavírus de crianças de 5 a 11 anos em Pernambuco.

A definição dos especialistas, diante da expectativa do recebimento gradativo de doses destinadas para a proteção desse público infantil, foi a criação de grupos prioritários para cada etapa da campanha. A partir da chegada da primeira remessa, crianças de 5 a 11 anos com doença neurológica crônica, com distúrbios do desenvolvimento neurológico (com priorização, neste momento, de meninas e meninos com síndrome de Down e autismo) e indígenas terão seus esquemas vacinais iniciados. 

A definição técnica foi pactuada e aprovada entre o Estado e os gestores municipais na Comissão Intergestores Bipartite (CIB). A expectativa é que Pernambuco receba o primeiro montante nos próximos dias. A Secretaria Estadual de Saúde (SES), por meio do Programa Estadual de Imunização, assegura que já tem organizado o processo de logística para distribuir rapidamente o imunizante aos municípios, que ficarão responsáveis pela aplicação no público infantil.

"A partir da ordem e dos critérios já estabelecidos no Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19 para vacinação de crianças e observando que a expectativa de doses a receber seja insuficiente para grandes avanços, o Comitê Técnico, com apoio dos representantes municipais, elencou prioridades dentro deste plano. Estamos reforçando, junto aos municípios pernambucanos, que, tão logo o Estado receba do Ministério da Saúde mais doses, a estratégia de vacinação será ampliada para que possamos proteger a população de 5 a 11 anos”, destacou a superintendente de Imunizações do Estado, Ana Catarina de Melo.

A recomendação desses grupos que iniciarão a imunização se deu devido aos fatores que influenciam na infecção e na evolução para forma grave da doença. “As doenças neurológicas crônicas constituem um importante causador de agravamento e óbito dos casos da covid-19 na faixa etária a ser protegida. Já as crianças com distúrbios do desenvolvimento neurológico se justifica pela dificuldade de utilização correta e prolongada do uso de máscaras”, acrescentou. A comprovação se dará aos moldes da vacinação dos adultos - ou seja, com apresentação de laudo médico contendo o código da CID indicativo da doença.

De acordo com Ana Catarina, apesar de uma preocupação com a obesidade infantil e as pneumopatias (doenças que afetam os pulmões, como a asma), essas comorbidades não apresentam percentuais elevados de mortalidade neste grupo, apesar de serem mais frequentes nessa faixa etária. “Priorizamos as doenças que causam maior possibilidade de agravamento e óbito. Conforme a chegada de mais imunizantes, os grupos serão ampliados beneficiando ainda mais as crianças pernambucanas”, acrescentou.

De acordo com os dados do Sistema de Vigilância Epidemiológica da Gripe (SIVEP-Gripe), na análise de março de 2020 a novembro de 2021, 17,3% das crianças de 5 a 11 que morreram pela covid-19 apresentavam alguma síndrome neurológica crônica (demência vascular, acidente vascular cerebral isquêmico ou hemorrágico e ataque isquêmico transitório). Trata-se da comorbidade mais frequente entre os óbitos confirmados pela doença nesta faixa etária.

O acesso das crianças à imunização contra o coronavírus é um direito que deve ser assegurado e que conta com o apoio da maioria dos brasileiros, segundo mostrou a consulta pública realizada pelo Ministério da Saúde, que finalmente incluiu o público de 5 a 11 anos no plano de operacionalização da vacinação contra covid-19. Temos, no Brasil, cerca de 20 milhões de crianças nessa faixa etária. Há a expectativa da chegada de 3,8 milhões de doses, no País, em três envios, ainda este mês, sendo o primeiro no próximo dia 13. "Com a liberação pelos órgãos reguladores em torno de 24 horas, é provável que, nos dias 14 e 15 de janeiro, os Estados recebam, de forma proporcional ao quantitativo de crianças, o primeiro lote", informa o pediatra Eduardo Jorge da Fonseca Lima, membro do Departamento Científico de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e integrante dos comitês de imunização contra o coronavírus no Recife e em Pernambuco.

O médico diz que existe a possibilidade real de, até o fim de fevereiro, ser liberado um quantitativo total de 20 milhões de doses, o que permitirá a aplicação da primeira dose nas crianças elegíveis. "Esperamos que a aceitação pelos pais seja a maior possível e que o Ministério da Saúde negocie com a Pfizer as 20 milhões de doses restantes (referentes à 2ª aplicação) para completar o esquema."

Em nota de repúdio em relação a comentários de autoridades sobre possíveis riscos decorrentes da imunização de crianças de 5 a 11 anos contra a covid-19, a SBP reiterou, na última quinta-feira (6), que a vacina previne a morte, a dor, o sofrimento, as emergências e a internação em todas as faixas etárias. "Negar este benefício às crianças sem evidências científicas sólidas, bem como desestimular a adesão dos pais e dos responsáveis à imunização dos seus filhos, é um ato lamentável e irresponsável, que, infelizmente, pode custar vidas", frisa o documento da SBP.

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