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Na aceleração da ômicron em Pernambuco, mortes por covid-19 mais que dobram em sete dias

Explosão de casos a cada dia tem elevado a taxa de internação e aumenta em 132% o volume de mortes, em apenas sete dias, no Estado

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Cinthya Leite

Publicado em 02/02/2022 às 19:23 | Atualizado em 02/02/2022 às 23:31
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Com o avanço da variante ômicron, Pernambuco tem registrado recordes de casos diários de covid-19. Só nesta quarta-feira (2), foram confirmadas 7.806 infecções pelo novo coronavírus - o maior número desde o início da pandemia no Estado, em março de 2020. Essa explosão de casos a cada dia tem elevado a taxa de internação e aumenta em 132% o volume de mortes, em apenas sete dias, segundo análise dos boletins epidemiológicos do Estado feita pelo JC. Na quarta semana epidemiológica deste ano, de 23 a 29 de janeiro, foram confirmados 51 óbitos de síndrome respiratória aguda grave (srag) confirmados para covid-19. Isso corresponde a mais do que o dobro do que foi registrado na terceira semana epidemiológica, de 16 a 22 de janeiro, quando se confirmaram 22 mortes para a mesma condição. 

A última vez que Pernambuco havia registrado esse número (51 mortes por covid-19) foi na segunda quinzena de agosto de 2021, quando a taxa de letalidade (apenas entre os 121 casos graves da semana 33 de 2021) chegou a 42%. Agora, na quarta semana deste ano, com 340 casos graves e o mesmo volume de mortes (51), a letalidade cai para 15%.

  

Especialistas têm dito que, nos indivíduos não vacinados, a doença provocada pela ômicron não tem se apresentado de forma tão leve e, dessa maneira, pode causar óbitos e lesões importantes. A reportagem do JC questionou a Secretaria Estadual de Saúde (SES) sobre esse aumento no número de mortes por covid-19, entre as semanas 3 e 4, e análise desses óbitos em relação à condição vacinal. "A área técnica está fazendo um estudo sobre isso. Divulgaremos nos próximos dias", respondeu a SES.

No Brasil, de março a novembro de 2021, 80% das pessoas que morreram por covid-19 não haviam recebido nenhuma das doses da vacina. É o que aponta os dados divulgados pela plataforma Info Tracker, da Universidade de São Paulo (USP). Ainda segundo a pesquisa, 81,7% dos indivíduos internados com a doença, naquele período, não estavam vacinados.

Em coletivas de imprensa recentes, o secretário de Saúde de Pernambuco, André Longo, tem destacado a importância do esquema completo de imunização contra o coronavírus neste momento de alta de circulação da variante. "A ômicron tem uma capacidade de transmissão muito superior às outras variantes. E, mesmo que a vacina não nos deixe livres da infecção, a doença em não vacinados tem um impacto muito pior, podendo significar hospitalização e morte. Contra a ômicron, não estar em dia com todas as doses é o mesmo de estar desprotegido", reforça André Longo.

O médico Demetrius Montenegro, chefe do setor de doenças infectocontagiosas do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc), destaca que a vacinação contra covid-19 tem feito muita diferença neste momento. "Os pacientes que evoluem com maior gravidade, como nas ondas anteriores da pandemia, são os não imunizados. E vejo pessoas com uma dose que estão evoluindo de forma grave", diz Demetrius, ao salientar a necessidade de a população completar o esquema vacinal com as duas doses e receber o reforço no tempo recomendado. 

Para ele, ainda não dá para dizer se, em Pernambuco, o aumento de mortes de síndrome respiratória aguda grave (srag) confirmados para covid-19, observado nesta fase de aceleração da ômicron, tem relação direta com a infecção pelo coronavírus. "Há pessoas que estão morrendo por doença de base grave (diabetes descontrolada, por exemplo), fazem o teste de covid-19 exigido nos protocolos dos hospitais para internamento e apresenta resultado positivo, mesmo sem ter sintomas compatíveis com o coronavírus. Se esse paciente vai a óbito, é preciso analisar como foi feito o registro, pois pode não se tratar de morte por complicação da covid-19, e sim pela doença de base descontrolada", esclarece o infectologista. 

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