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Bebê e criança de 10 anos morrem vítimas da covid-19 em Pernambuco; casos não têm informações sobre comorbidades, diz secretaria

Ao todo, desde o início da pandemia, 78 crianças de 0 a 9 anos morreram por covid-19 no Estado

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Cinthya Leite

Publicado em 03/02/2022 às 20:47 | Atualizado em 03/02/2022 às 21:02
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Os boletins da Secretaria de Saúde de Pernambuco (SES) mostram, em dois dias consecutivos, confirmação de óbitos por covid-19 em crianças "sem informações sobre comorbidades". Nesta quinta-feira (3), entre as 19 mortes decorrentes de complicações decorrentes da doença, uma foi de um bebê de 1 ano de idade. Segundo a SES, ele morava em Caruaru, no Agreste do Estado, e faleceu na última terça-feira (1º). 

Já na quarta-feira (2), o boletim epidemiológico apontou que, dos 23 óbitos confirmados naquela data, um foi de uma menina, de 10 anos, que morava em Petrolina, no Sertão. De acordo com a SES, ela começou a apresentar os sintomas de covid-19 no dia 14 de janeiro e precisou ser encaminhada para o Hospital Dom Malan, localizado na cidade, onde ficou internada de 16 a 24 de janeiro, data em que não resistiu à infecção e foi a óbito.

O Recife, também na quarta-feira (2), confirmou a morte por covid-19 de um adolescente de 12 anos, que morava no bairro de Cajueiro, na Zona Norte da cidade. Ele tinha comorbidade (encefalopatia neuropsicomotora) e começou a apresentar sintomas no dia 19 de janeiro deste ano. "No dia 26 do mesmo mês, foi levado para o Hospital Barão de Lucena (no bairro da Iputinga, Zona Oeste do Recife), onde foi a óbito. A morte foi confirmada por meio de critério laboratorial", informou, em nota, a Secretaria de Saúde do Recife.

Vacinação das crianças 

Quanto mais crianças infectadas pelo coronavírus, maior é o risco de ter esse público internado em unidade de terapia intensiva (UTI). "E sabemos que, em todo o Brasil, há carência de leitos pediátricos. Isso não é diferente em Pernambuco, cuja taxa de ocupação está sempre superior a 85%", diz o pediatra Eduardo Jorge da Fonseca Lima, que é representante da Sociedade Brasileira de Imunizações (Sbim) no Comitê Técnico Estadual para Acompanhamento da Vacinação contra a Covid-19.

O recado que ele tem compartilhado diariamente e que faz questão de chegar às famílias pernambucanas inclui a necessidade de imunização das crianças o mais precocemente possível. "Precisamos acelerar a vacinação para essa faixa etária, de 5 a 11 anos. Temos imunizantes, Pfizer e CoronaVac, para isso", frisa o médico. Atualmente já foram aplicadas, em Pernambuco, 99.860 doses de vacinas nesse grupo, desde o dia 14 de janeiro, quando se iniciou a imunização para a faixa etária pediátrica. Esse número corresponde a apenas 8,4% da população estimada de 1.182.444 meninos e meninas de 5 a 11 anos que vivem no Estado.

"O comportamento de acometimento da ômicron na infância tem sido relatado por vários países. A questão não é que a variante tenha maior predileção por infectar crianças. O fato é que, como não estão vacinadas, elas vão aparecer num quantitativo maior entre os pacientes totais que estão internados. Por isso, neste momento de volta às aulas presenciais, o que mais pedimos é que as famílias vacinem as suas crianças", destaca Eduardo Jorge. Para os pais e responsáveis que ainda estão na dúvida sobre a eficácia e segurança dos imunizantes, que passaram por estudos criteriosos e foram aprovados por agências reguladoras, o pediatra explica que a CoronaVac e a dose da Pfizer para crianças oferece uma proteção de aproximadamente 90% contra internamento hospitalar. "Esse é o principal objetivo: vacinar para elas não evoluírem para a forma grave da covid-19 e para contribuir com a redução da circulação do vírus."

O esquema completo, de duas doses de vacina, é que vai oferecer a proteção completa. Mas, segundo Eduardo Jorge, a primeira dose já faz diferença, especialmente neste período em que as crianças passam a se socializar mais com o retorno à escola. "A primeira dose é a capa de proteção inicial que a vacina pode oferecer às crianças." O pediatra informa que o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos Estados Unidos, avaliou 9 milhões de meninas e meninas, de 5 a 11 anos, imunizados com Pfizer. "Quando se comparou a incidência de eventos adversos dessa faixa etária com outras (de 12 a 19 anos e a partir de 20 anos), constatou-se que foi a que menos apresentou reações. De todos analisados, 3% tiveram eventos adversos. E desses, 95% foram leves", esclarece o médico.

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