Viagra comprado pelas Forças Armadas está em falta para pacientes com hipertensão arterial pulmonar
Em casos específicos, Viagra também pode ser usado para o tratamento da hipertensão arterial pulmonar
As Forças Armadas aprovaram a compra de 35 mil unidades de comprimidos de sildenafila, medicamento conhecido por Viagra (nome fantasia) para tratar a disfunção erétil - ou impotência sexual. Em casos específicos, a medicação também pode ser usada para o tratamento da hipertensão arterial pulmonar. A doença, inclusive, é a justificativa dada pelo Ministério da Defesa para a compra do Viagra, que seria destinado a militares com hipertensão pulmonar arterial.
Infelizmente, a mesma medicação, a sildenafila, está em falta, no Distrito Federal, para o tratamento dos pacientes com hipertensão arterial pulmonar. A informação é da Associação Brasileira de Apoio à Família com Hipertensão Pulmonar e Doenças Correlatas (Abraf).
"Cabe aos órgãos competentes, se for o caso, investigar a compra feita pelas Forças Armadas. O que nos interessa aqui é chamar a atenção para as pessoas que vivem com hipertensão pulmonar no Brasil. A falta de medicamentos para tratar a doença tem sido realidade em várias cidades do País. Em plena capital do Brasil, os pacientes estão totalmente desassistidos", diz a presidente da Abraf, Flávia Lima.
A entidade destaca que "pacientes do Distrito Federal relataram a falta dos medicamentos Sildenafil (sildenafila) e Bosentana, recomendados para o tratamento da hipertensão arterial pulmonar, desde janeiro deste ano." Além disso, pacientes que recebem o medicamento Iloprost, pela Farmácia Judicial da Secretaria de Saúde (do DF), também estão desassistidos desde o início de abril.
"Além de viverem com uma doença tão grave e limitante, os pacientes ainda enfrentam cotidianamente o descaso do poder público. Com a falta de medicamentos, essas pessoas estão piorando progressivamente, e suas vidas estão em risco", acrescenta Flávia Lima.
Os danos à saúde dos pacientes, devido à falta de medicação, são imensuráveis. "A hipertensão arterial pulmonar é uma doença rara, grave e fatal, que afeta muito a vida dos pacientes. Imagina sentir cansaço e falta de ar em pequenos esforços, como caminhar, subir escadas e até mesmo tomar banho e pentear os cabelos. A falta de medicamentos coloca a vida dessas pessoas em risco e o desabastecimento no Distrito Federal tem sido constante, o que é um absurdo”, comenta a presidente da Abraf, Flávia Lima.
A Abraf registrou reclamação na ouvidoria do SUS, tem buscado contato com a Secretaria de Saúde do DF, apresentou denúncia ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e ao Ministério Público de Contas do Distrito Federal. Os medicamentos são de alto custo, e a maioria dos pacientes não tem condições financeiras de comprá-los.
Sobre a hipertensão arterial pulmonar
Doença grave e sem cura, a hipertensão arterial pulmonar é progressiva e pode ser incapacitante, caso não seja identificada precocemente. "Define-se hipertensão pulmonar (HP) como uma elevação da pressão média de artéria pulmonar a valores superiores a 20 mmHg, em repouso, aferida através de medida hemodinâmica invasiva. A prevalência da doença é de cerca de 10 casos/milhão de habitantes. Eventualmente, a HP pode ser fatal, caso não seja tratada adequadamente”, informa o pneumologista Caio Júlio Cesar Fernandes, em artigo no site da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT).
A hipertensão pulmonar arterial atinge principalmente mulheres de 20 a 40 anos. De acordo com a SBPT, mais de 100 mil brasileiros convivem com a doença.
Sintomas da hipertensão pulmonar
Os sintomas de hipertensão pulmonar são inespecíficos e incluem dispneia (respiração desconfortável ou desagradável, principalmente aos esforços), fadiga, astenia (sensação de fraqueza e falta de energia generalizada), desmaios, edema de membros inferiores e distensão abdominal. Sintomas em repouso em geral surgem apenas nos casos mais avançados da doença.
A história familiar de hipertensão pulmonar pode sugerir a presença da doença no contexto de surgimento de dispneia aos esforços, bem como o antecedente de uso de anorexígenos, principalmente os anfetamínicos e derivados. Dados epidemiológicos também podem contribuir com o entendimento da causa da hipertensão pulmonar, como a procedência de pacientes de áreas com alta incidência de esquistossomose.
Diagnóstico e tratamento da hipertensão pulmonar
Inicialmente, pode-se suspeitar de hipertensão pulmonar nos exames de radiografia do tórax, espirometria ou eletrocardiograma. Porém, o ecocardiograma transtorácico é o exame inicial para o rastreamento e detecção da doença. O tratamento pode ser feito com medicamentos.
As principais causas de descompensação da doença, com necessidade de internação, são a presença de infecções associadas, interrupções do tratamento e a embolia pulmonar.
Com o avanço de estudos e pesquisas científicas na área, atualmente é possível prescrever medicamentos que oferecem maior qualidade de vida às pessoas que vivem com a doença, principalmente quando o diagnóstico é feito precocemente. Caso não seja descoberta e tratada a tempo, a hipertensão pulmonar arterial pode causar insuficiência cardíaca e levar o paciente a óbito.