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Hospital Barão de Lucena segue com superlotação e precariedade no atendimento a gestantes

Direção do hospital informa que o projeto de reforma do bloco obstétrico já está em andamento e deve ser licitado em breve

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Cinthya Leite

Publicado em 30/04/2022 às 11:47 | Atualizado em 30/04/2022 às 12:05
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As queixas dos pacientes sobre a assistência e a infraestrutura dos hospitais públicos de Pernambuco incluem a insatisfação com o Barão de Lucena (HBL), no bairro da Iputinga, Zona Oeste da cidade. Unidade de alta complexidade com foco em atendimento materno-infantil, o HBL oferece pré-natal de alto risco e recebe gestantes de várias cidades do Estado.

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A auxiliar de serviços gerais Jitaniely Silva Lima, 26 anos, é moradora de São Joaquim do Monte, e foi ao HBL na terça-feira (26) para uma consulta de retorno, após passar por um internamento em fevereiro para tratar o hipertireoidismo. "A estrutura, a limpeza e a alimentação oferecida pelo hospital precisam melhorar muito. A comida não presta mesmo."

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As queixas dos pacientes também passam pelo Hospital Barão de Lucena - BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM

No ano passado, Jitaniely conta que havia sido atendida no HBL várias vezes, entre agosto e setembro, durante uma gestação de alto risco, pelo fato de ter desenvolvido diabetes gestacional. "O atendimento foi muito ruim. Lembro que cheguei com muita dor, os batimentos cardíacos do bebê diminuindo, e a médica mandou eu voltar para casa. A ambulância já tinha ido embora. Não tinha como voltar" recorda. Ela relata ainda que viu mulheres darem à luz os bebês sem receberem assistência. "Além disso, a sala de parto é muito suja."

A direção do HBL, através da SES, informou à reportagem do JC que o projeto de reforma do bloco obstétrico já está em andamento e deve ser licitado em breve. "Equipes atuam diariamente na higienização de todos os setores, em regime de plantão 24 horas por dia, principalmente nas dependências do centro obstétrico (COB). A unidade também reforça a importância da conscientização e colaboração de todos que frequentam o local para manter, aliado às ações de limpeza já promovidas pela equipe do hospital, as áreas bem preservadas."

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AGAMENON MAGALHÃES Familiares dizem que é comum doentes ficarem muito tempo esperando atendimento - BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM

Pandemia agravou o que já deixava a desejar 

Na visão do presidente do Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe), Walber Steffano, a crise sanitária decorrente da pandemia de covid-19 agravou problemas da saúde pública que já são de muitos anos, de responsabilidade de muitos e sucessivos governos. "Somado a isso, houve uma piora de capacidade estrutural imensa nos serviços. Vemos os corredores ocupados com pacientes, que também chegam a ficar em macas na entrada dos bancos localizados dentro dos hospitais. Há unidades, como o Hospital Otávio de Freitas (Zona Oeste do Recife), em que os pacientes chegaram a ficar em macas do lado de fora, de tão superlotada que estava a unidade", destaca Walber. 

O depoimento do médico revela que o panorama é de uma demanda que cresce numa velocidade maior do que a capacidade dos governantes de reorganizarem os serviços num momento já fragilizado pela pandemia. "Não podemos nos acostumar com essa situação. Temos levado a público todos esses problemas, tentamos diálogos com as autoridades, os diretores de hospitais e os gestores, além de denunciar aos órgãos competentes, como o Ministério Público de Pernambuco. Os governantes precisam fazer o que a população merece", frisa Walber. 

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Panorama é de uma demanda que cresce numa velocidade maior do que a capacidade dos governantes de reorganizarem os serviços num momento já fragilizado pela pandemia - BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM

A Secretaria de Saúde de Pernambuco (SES) ainda informa que "tem atuado permanentemente para qualificar a assistência prestada à população nas unidades de saúde ligadas à rede estadual, mas reconhece a grande demanda nas emergências, provocada sobretudo pela demanda reprimida provocada pela pandemia da covid-19 e a falta de resolutividade nos serviços municipais". A SES reforça que os hospitais estaduais não recusam atendimento nem deixam de garantir "assistência a todos os pacientes".

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