SÃO PAULO

ALERTA: Varíola dos macacos tem primeiro caso confirmado no Brasil. Veja o que é, sintomas e como se proteger

O primeiro caso de varíola dos macacos no Brasil foi confirmado nesta quarta-feira (8)

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Amanda Azevedo, Cinthya Leite

Publicado em 08/06/2022 às 15:45 | Atualizado em 08/06/2022 às 19:46
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O primeiro caso de varíola dos macacos no Brasil foi confirmado nesta quarta-feira (8), na cidade de São Paulo. O paciente é um homem de 41 anos que viajou para a Espanha e Portugal. Ele está em isolamento no Hospital Emílio Ribas, na Zona Oeste da capital paulista.

Segundo o jornal O Globo, a secretaria de Saúde do Estado de São Paulo afirma que o caso ainda está sob investigação, mas fontes ligadas ao governo estadual informam que já está confirmado. 

"As amostras do caso ainda estão em análise pelo Instituto Adolfo Lutz, que é a referência, e o Laboratório Central em Saúde Pública (Lacen) de São Paulo", afirmou a secretaria, em nota.

O homem apresentou os primeiros sintomas, como febre e dor muscular, no dia 28 de maio.

A Prefeitura de São Paulo também monitora o estado de saúde de uma mulher de 26 anos com suspeita de varíola dos macacos.

Cerca de 30 países, fora das regiões endêmicas, vivenciam a atual onda de casos de varíola dos macacos, e a Organização Mundial da Saúde (OMS) suspeita de que a transmissão do vírus passou despercebida por algum tempo. 

"O surgimento súbito da varíola do macaco, em diferentes países no mesmo período, sugere que a transmissão não foi detectada durante certo tempo", declarou o diretor da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, durante coletiva de imprensa na quarta-feira (1º). 

Desde o início do surto atual de casos, há cerca de um mês, mais de 550 casos foram registrados em aproximadamente 30 países. O mundo, então, olha com atenção para o aumento de casos da varíola dos macacos, doença que teve a primeira transmissão comunitária generalizada fora da África neste ano.

O vírus da varíola do macaco é semelhante com o da varíola humana, erradicada desde os anos 1980, quando foram encerradas as campanhas de vacinação. 

O vírus Monkeypox pertence ao gênero Orthopoxvirus e costuma provocar infecções zoonóticas, como a varíola. Os humanos são hospedeiros intermediários do vírus.

Saiba como a varíola dos macacos é transmitida

  • Contato com o vírus de um animal, humano, fluidos corporais ou material de lesão;
  • O vírus geralmente entra no hospedeiro pelo trato respiratório, pela superfície da mucosa ou por rupturas na pele;
  • O tempo de incubação é geralmente de 7 a 14 dias;
  • As taxas de transmissão estimadas podem chegar a 73%;
  • Indivíduos podem transmitir o vírus desde o primeiro dia antes do aparecimento da erupção até 21 dias.

Quais são os sintomas da varíola dos macacos? 

Febre, dor de cabeça, dores musculares, lesões nas mucosas e na pele, inchaço nos gânglios no pescoço, virilha ou axila (linfadenopatia), sintoma que diferencia a varíola dos macacos da varíola comum.

Qual a taxa de mortalidade da varíola dos macacos?

A taxa de mortalidade para a linhagem do vírus da África Ocidental está abaixo de 1%. Para a linhagem da África Central, é de até 11% (em crianças não vacinadas sem tratamento).

Como é feito o diagnóstico da doença? 

O diagnóstico geralmente é confirmado pelo exame PCR (reação em cadeia da polimerase).

A OMS estabeleceu diagnóstico confirmatório com base no teste de amplificação de ácido nucleico (NAAT), usando reação em cadeia da polimerase (PCR) em tempo real ou convencional.

O diagnóstico de PCR é baseado em marcadores específicos que podem discriminar as linhagens da África Ocidental e da África Central.

A Roche Diagnóstica atualmente possui um teste RT-PCR para infecção por varíola dos macacos que fornece informações sobre a carga viral e diferencia as linhagens da África Ocidental e da África Central. O exame deve chegar ao Brasil nas próximas semanas para uso em pesquisas. O exame é feito a partir da coleta do fluido contido nas feridas causadas pela doença.

Há tratamento para a varíola dos macacos? 

  • Atualmente, não existem tratamentos específicos comprovados para a varíola, mas os sintomas clínicos podem ser controlados, e existem medidas de prevenção. Medicamentos antivirais estão sendo usados para tratar a infecção por varíola, mas as indicações ainda estão sendo estudadas. 
  • Além disso, sugere-se que a vacina contra a varíola pode reduzir a manifestação da doença em até cinco vezes, de acordo com um estudo no Congo, África.

Como prevenir a varíola dos macacos?

  • A vacinação contra a varíola para reduzir as oportunidades de mutação viral e a disseminação da varíola entre humanos;
  • Medidas locais de contenção para evitar a transmissão mundial;
  • Informações de qualidade para melhorar o reconhecimento da doença;
  • Acesso a ferramentas de diagnóstico para avaliar a situação em curso e recolher dados;
  • Capacitação de profissionais de saúde e constituição de equipes interdisciplinares para identificação de casos de varicela e aplicação de medidas de proteção.

Onda de casos de varíola dos macacos

A OMS espera um aumento no número de casos da varíola dos macacos, mas ainda não se pode dizer que se trata de uma pandemia. 

"Trata-se de uma onda de casos, e as ondas podem ser interrompidas", disse a responsável técnica da OMS para a varíola do macaco, Rosamund Lewis. "Embora a onda atual de casos não tenha causado mortes, o vírus da varíola do macaco leva a óbito todos os anos no continente africano há, pelo menos, meio século", acrescentou.

Varíola dos macacos: cronologia 

  • 1958: Descoberto pela primeira vez em 1958, quando dois surtos de uma doença semelhante à varíola ocorreram em colônias de macacos mantidos para pesquisa.
  • 1970: Os casos em humanos foram descritos pela primeira vez em 1970. Nas décadas seguintes, surtos esporádicos foram relatados na África.
  • 2003: Primeiros casos humanos fora da África. Nos Estados Unidos, 47 pessoas ficaram doentes, quando animais importados da África infectaram cães-de-pradaria de estimação.
  • 2022: Primeira incidência de transmissão comunitária generalizada fora da África; 22 países com casos confirmados.

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