Saiba como foi feito o primeiro transplante cardíaco em hospital público e 100% pelo SUS em Pernambuco
O paciente, que não foi identificado, é um homem de 53 anos e morador da Região Metropolitana do Recife
O Procape (Pronto-Socorro Cardiológico Universitário de Pernambuco) realizou, nesta segunda-feira (27), a primeira cirurgia de transplante de coração em hospital público e 100% pelo SUS em Pernambuco.
"O transplante foi feito em hospital público e também universitário, ou seja, não nos preocupamos em apenas atender os pacientes, mas também de ensinar os procedimentos para as gerações futuras de médicos", disse o Dr. Ricardo Lima, diretor do Procape. "O que foi feito aqui não foi só um ato de bravura para o transplante cardíaco, até porque o Estado já tem dois programas de transplantes, o mais antigo tem 30 anos, no Hospital Português. Mas o objetivo é que, agora, o SUS está oferecendo de forma ampla e irrestrita esse tratamento para toda a população. A importância social que a UPE está dando a sociedade pernambucana", explicou o médico.
Ainda de acordo com o diretor do Procape, diante desse marco inicial, a ideia do hospital é ampliar a oferta de cirurgias. "De agora em diante vamos tratar rotineiramente pacientes que precisam ser transplantados. Vamos montar um programa em que possamos operar 5, 10, 20, 30 ou quantos forem necessários por por ano", garantiu Ricardo Lima.
O primeiro paciente transplantado pelo Procape, que juntamente com a família preferiu não se identificar, é um homem, de 53 anos, morador da Região Metropolitana do Recife, que apresentava um estado cardíaco grave, mas que tinha um grau de estabilidade para esperar por um órgão doador.
"A cirurgia transcorreu dentro do esperado de um paciente da gravidade dele e que foi submetido a um transplante cardíaco. Ele se encontra em estado grave, mas tem apenas 12h da cirurgia. Vem evoluindo bem no pós-operatório, sem nenhuma intercorrência que fuja de uma evolução natural de um paciente desses. Esperamos que nas próximas horas ele possa evoluir com uma melhora até a estabilização do quadro", contou o cardiologista clínico Carlos Eduardo Montenegro.
Estiveram envolvidos na cirurgia - que iniciou às 19h, da segunda-feira (27), e terminou às 4h, desta terça (28) - mais de 30 profissionais, com a equipe multidisciplinar formada por médicos cirurgiões, clínicos, enfermeiros, técnicos, instrumentadores, entre outros. "A doação de um órgão representa o renascimento de uma outra pessoa. Nosso doador teve morte encefálica e, após isso, a informação passa pelo protocolo e entram em contato com central de transplantes. Esse órgão é ofertado mediante a compatibilidade sanguínea e exames complementares. Ao ser detectado que o órgão é adequado, a captação é feita e deflagramos a cirurgia", esclareceu o Dr. Frederico Browne, cirurgião cardiovascular.
Números de transplantes no Estado
O primeiro transplante de coração em Pernambuco foi realizado há 30 anos. Em 2021, de janeiro a maio, segundo o balanço de transplantes da Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE), foram feitas 13 cirurgias deste tipo. No mesmo período de 2022, foram realizados 11 transplantes de coração no Estado. Em todo o ano de 2021, foram realizados 39 transplantes cardíacos. Já em 2020, início da pandemia da Covid-19, o Estado realizou 24 procedimentos do tipo.
Universidade de Pernambuco
Também presente na coletiva de imprensa, a reitora da Universidade de Pernambuco, a Profª. Socorro Cavalcanti, fez questão de enfatizar a dedicação da equipe médica envolvida na primeira cirurgia de transplante do Procape. "Eu só tenho a agradecer aos profissionais que se envolveram e se mobilizaram para a realização desse transplante. O Procape é um dos hospitais do complexo hospitalar da UPE e tem cumprido o seu papel social... Dando assistência a população e também atuando na formação de profissionais cardiologistas que vão servir à sociedade", agradeceu a reitora da UPE.