"RINOPLASTIA CASEIRA": vídeos mostram técnica, e médica alerta sobre os riscos
Prática ganhou destaque depois que um paciente apresentou ferimentos no nariz após uma cirurgia caseira
Doutora em ciências da saúde, com fellowship em cirurgia plástica da face pela Universidade de São Paulo (USP), a médica otorrinolaringologista Leila Freire ficou surpresa esta semana ao tomar conhecimento de vídeos que vêm circulando na internet com a realização de "rinoplastias caseiras", que são ineficazes e podem causar complicações gravíssimas.
Imagens mostram como fazer procedimentos caseiros que prometem reduzir ou afinar o nariz usando álcool a 70%, anestésico veterinário e até cola instantânea de alta resistência. A prática ganhou destaque depois que um paciente do interior de São Paulo foi admitido em uma unidade de saúde com ferimentos no nariz depois de uma "cirurgia caseira".
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De acordo com Leila, esse tipo de conduta deve ser feito somente por um médico habilitado. “A rinoplastia é a arte de esculpir o nariz respeitando a função nasal, a anatomia e a característica étnica do paciente. O resultado dessa cirurgia é deixar o nariz em harmonia com a face. Não é possível realizar um procedimento como esse sem conhecimento da anatomia nasal e as diversas técnicas. Quem faz isso só vai piorar a aparência e a função”, alerta Leila Freire, que desenvolveu, inclusive, uma técnica de redução de base nasal.
Os perigos da "rinoplastia caseira"
Além da questão estética, a "rinoplastia caseira" pode provocar complicações mais graves, como infecções, obstrução nasal e necrose do nariz. E mais: há a possibilidade de o paciente apresentar um sangramento intenso.
Por isso, Leila faz alerta para os produtos que são usados nessa prática caseira. Eles oferecem riscos e não têm qualquer eficácia. "É um material que não foi esterilizado, que não é indicado para o procedimento, além de ser manipulado em um local que não oferece qualquer segurança em caso de emergência. A rinoplastia não é uma cirurgia simples como parece, apesar de ser um dos quatro procedimentos estéticos cirúrgicos mais comuns no mundo", frisa a médica.
Dados da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS, na sigla em inglês), divulgados em 2021, revelam que o Brasil foi o país que mais realizou cirurgias no rosto no ano de 2020. Só rinoplastias foram 87,9 mil.
Nos dois consultórios de Leila Freire, no Recife e em São Paulo, a rinoplastia chega a 90% da procura. "Nosso propósito é melhorar a autoestima do paciente buscando o equilíbrio entre função, proporção e harmonia da face, avaliando e estudando cada caso. O objetivo é garantir a satisfação, mas também a segurança do paciente. E isso não é um procedimento que ele mesmo possa fazer em casa", explica.