Tosse, dor torácica e dispneia. Os três sintomas são sugestivos de várias doenças respiratórias conhecidas, mas também podem ser manifestações da Evali - sigla, em inglês, para lesão pulmonar induzida pelo cigarro eletrônico. Sim, estamos falando de uma doença pulmonar relacionada ao uso dos dispositivos eletrônicos para fumar (DEFs).
O cardiologista Audes Feitosa menciona os riscos da Evali para a saúde. "É uma doença pulmonar grave associada ao uso de cigarros eletrônicos ou produtos de vaping. Foi identificada, pela primeira vez, nos Estados Unidos em 2019, quando houve um aumento significativo de casos de lesões pulmonares relacionadas ao vaping", diz.
O médico destaca que sintomas iniciais podem incluir tosse, falta de ar, dor torácica, febre, fadiga e sintomas gastrointestinais. "Em casos mais graves, a doença pode levar a complicações pulmonares graves, insuficiência respiratória e até mesmo a morte", alerta.
Pela gravidade dos sintomas da Evali e pelo aumento dos casos, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês) desenvolveu um código específico para a doença. Isso permite um acompanhamento mais eficaz e uma melhor compreensão de sua incidência e impacto na saúde pública.
"É importante destacar que a Evali é uma condição séria e que o uso de cigarros eletrônicos e produtos de vaping pode representar riscos significativos para a saúde pulmonar. As autoridades de saúde recomendam que as pessoas evitem o uso desses produtos, especialmente aqueles que contenham substâncias ilícitas ou aditivos não regulamentados", frisa Audes Feitosa.
Em caso de sintomas relacionados à Evali, é fundamental buscar atendimento médico imediato.
O cardiologista acrescenta que sejam realizadas ações contínuas para conscientizar o público sobre os perigos associados ao vaping e para implementar regulamentações mais rigorosas em relação aos produtos de vaping.
"A pesquisa e a vigilância contínuas são essenciais para entender melhor a Evali, desenvolver estratégias de prevenção e tratamento eficazes e proteger a saúde pulmonar das pessoas", sublinha Audes Feitosa.
CIGARRO ELETRÔNICO VAPE: OS PERIGOS DO VAPE QUE PRECISAMOS CONHECER
Nunca é demais alertar sobre dispositivos como o cigarro eletrônico (dispositivo também chamado de vape e de e-cigarretes), que são tão prejudiciais quanto o cigarro tradicional.
Uma lista imensa de doenças está relacionada ao hábito de fumar, seja cigarro eletrônico ou o convencional de tabaco, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca).
Fazem parte desse grupo vários tipos tumores malignos, como câncer de pulmão, fígado, estômago, pâncreas, rins, ureter, colon e reto, bexiga, ovários, colo do útero, cavidade nasal e seios paranasais, cavidade oral, faringe, laringe, esôfago e leucemia mieloide aguda.
Entre os mais jovens, o cigarro eletrônico (vape) tem sido motivo de preocupação.
O vape passa a ideia de que não faz mal. No entanto, é um perigo.
Existem diversos tipos de cigarros eletrônicos em uso, também conhecidos como Sistemas Eletrônicos de Administração de Nicotina (ENDS, em inglês) ou Sistemas Eletrônicos sem Nicotina (ENNDS, em inglês). Em ambos os casos, o usuário inala aerossóis gerados pelo aquecimento de um líquido que pode conter ou não nicotina, além de aditivos, sabores e produtos químicos tóxicos à saúde.
O QUE FAZ MAIS MAL: VAPE OU CIGARRO?
Ambos são cigarros. Ambos fazem muito mal. Em outras palavras:
A abordagem mais segura é não usá-los.
Jovens têm preferido os cigarros eletrônicos (vapes) por acreditarem erroneamente que são menos danosos à saúde. Diferentemente da versão convencional do cigarro, o eletrônico tem sabores e aromas que mascaram o teor nocivo do produto, o que torna os riscos invisíveis.
De acordo com uma pesquisa desenvolvida pelo Inca, o cigarro eletrônico (vape) aumenta mais de três vezes o risco de experimentação do cigarro convencional e mais de quatro vezes o risco de uso do cigarro.
Além disso, o levantamento reforça ainda que o vape eleva as chances de iniciar o uso do cigarro tradicional para aqueles que nunca fumaram.
Aproximadamente 10% da população brasileira acima de 18 anos fumam. Ou seja, o vício afeta mais de 20 milhões de pessoas no País.
CIGARRO ELETRÔNICO VAPE: QUAL O RISCO DE FUMAR CIGARRO ELETRÔNICO?
Quanto à fumaça liberada pelos vapes, é possível encontrar elementos que vão além da nicotina, como chumbo, propilenoglicol, glicerol, acetona, sódio, alumínio, ferro, entre outros.
Além de as substâncias presentes no cigarro eletrônico serem mais viciantes, algumas pesquisas sobre o tema apontam que esse dispositivo, assim como o convencional, pode afetar não só o sistema respiratório, como também desregular alguns genes do organismo.
Um estudo realizado pelo professor Ahmad Besaratinia, da Universidade do Sul da Califórnia (EUA), mostrou que esse impacto ocorreu nos genes mitocondriais e chegou a interromper vias moleculares que fazem parte da imunidade e resposta inflamatória.
Ou seja, os elementos que compõem os dispositivos podem futuramente desencadear doenças autoimunes e atrapalhar na recuperação de outros distúrbios do corpo.