ALEITAMENTO MATERNO

AGOSTO DOURADO: como amamentar quando a mulher precisa trabalhar fora de casa

Leite materno é o mais completo alimento para os primeiros meses de vida. É nele onde estão todas as proteínas, vitaminas, gorduras, água e nutrientes necessários para o desenvolvimento saudável dos bebês

Cinthya Leite
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Cinthya Leite
Publicado em 01/08/2023 às 14:54 | Atualizado em 01/08/2023 às 17:38
IVAN MELO/ IMIP
As salas de apoio à amamentação são uma alternativa para apoiar a mulher trabalhadora que amamenta - FOTO: IVAN MELO/ IMIP

Instituído no Brasil pela Lei 13.435/2017, agosto é o Mês do Aleitamento Materno. Nesse período, são intensificadas ações de conscientização e esclarecimento sobre a importância da amamentação.

A mobilização ganhou o nome de Agosto Dourado porque essa cor destaca o padrão ouro de qualidade do leite materno, alimento considerado o mais completo para os primeiros meses de vida. 

É no leite materno onde estão todas as proteínas, vitaminas, gorduras, água e nutrientes necessários para o desenvolvimento saudável dos bebês.

Neste ano, a campanha nacional de incentivo à amamentação, do Ministério da Saúde, tem como tema Apoie a amamentação: faça a diferença para mães e pais que trabalham

A legislação brasileira garante direitos às mães e pais que trabalham formalmente.

Todas as trabalhadoras formais têm direito a 120 dias de licença-maternidade remunerada, duas pausas para amamentar durante a jornada de trabalho e direto à creche por parte das empresas que empregam mais de 30 mulheres com mais de 16 anos. Os pais têm direito à licença-paternidade de 5 dias.

A participação dos pais é importante para a continuidade da amamentação. O compartilhamento de funções pelos pais e por toda a família no cuidado das crianças evita a sobrecarga das mães que amamentam e trabalham.

IVAN MELO/IMIP

Leite materno extraído deve ser armazenado em frascos de vidro com tampa plástica previamente esterilizados - IVAN MELO/IMIP

A edição 2023 da Semana Mundial da Amamentação quer chamar a atenção para as dificuldades vividas por pais e mães que precisam dividir o seu tempo entre trabalho e bebês ainda na fase de amamentação.

Assim, a Aliança Mundial para Ação de Aleitamento Materno, que organiza a mobilização, defende a ampliação da licença-maternidade remunerada e a adequação dos ambientes de trabalho para mães e bebês lactantes.

SALAS DE AMAMENTAÇÃO

Neste ano, o Ministério da Saúde anunciou que salas de amamentação, a partir de agora, farão parte dos projetos de construção de Unidades Básicas de Saúde.  

A ideia é que, nessas salas, próximas do local de residência e trabalho, as mulheres tenham acesso a local apropriado para retirar, armazenar o leite e receber todo o apoio para dar continuidade à amamentação. 

Com essa iniciativa, o Ministério da Saúde também chama a atenção e incentiva empresas públicas, privadas, universidades, creches e unidades de saúde para criar espaços de suporte à amamentação.

As salas são uma alternativa para apoiar a mulher trabalhadora que amamenta. São espaços simples para a extração e o armazenamento do leite materno. Eles devem proporcionar conforto, privacidade e segurança para esvaziamento das mamas.

O leite extraído deve ser armazenado em frascos de vidro com tampa plástica previamente esterilizados.

Esse frasco deve ser etiquetado com o nome da mãe, a data e a hora da coleta. Ao final da jornada de trabalho, a mulher pode levar seu leite para casa para que seja oferecido ao seu filho na sua ausência. 

SEMANA MUNDIAL DA AMAMENTAÇÃO

A semana mundial começa nesta terça-feira (1º de agosto) e vai até o dia 7, com o slogan Possibilitando a amamentação: fazendo a diferença para mães e pais que trabalham. Entre os objetivos, está o de informar sobre as perspectivas dos pais trabalhadores com relação à amamentação e paternidade.

Pretende-se também criar bases para a adoção de licença remunerada e suporte nos locais de trabalho, a fim de facilitar a amamentação de bebês, envolver as pessoas e organizações para melhorar a colaboração e o apoio à amamentação no trabalho, além de conscientizar sobre ações de melhoria das condições de trabalho e apoio relevante ao aleitamento materno.

"A maioria das mulheres brasileiras volta a trabalhar ao final do quarto mês de vida de seus bebês. Assim, elas precisam ter um suporte para manter a amamentação exclusiva por seis meses e continuada por dois anos ou mais, como orientado pela Organização Mundial de Saúde e pelo Ministério da Saúde do Brasil", diz a coordenadora do Banco de Leite Humano do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip), Vilneide Braga Serva.

Ela informa que o Imip disponibiliza esse apoio para funcionárias, estudantes e/ou residentes. "Essa é uma corrente de doação de vida."

Caso a mulher tenha leite materno excedente após amamentar o bebê, ela pode armazenar e doar para o banco de leite humano do Imip e ajudar a salvar vidas.

O banco de leite humano do Imip oferece atendimento especializado para mulheres que estejam enfrentando dificuldades para amamentar, com consultas e orientações.

O serviço também assiste a maior unidade neonatal de Pernambuco, ao coletar e processar o leite humano doado.

São beneficiados cerca de 1.660 recém-nascidos prematuros por ano, internados na unidade neonatal. Para atender essa demanda, são necessários em torno de três mil litros de leite anualmente.

O Banco de Leite Humano do Imip funciona no térreo do Ambulatório Central do hospital, de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e 13h às 17h. Outras informações podem ser obtidas pelos telefones: 81 2122-4719 ou 81 2122-4103.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), por ano, cerca de seis milhões de vidas são salvas por causa do aumento das taxas de amamentação exclusiva até o sexto mês de vida do bebê. 

AMAMENTANDO APÓS VOLTA AO TRABALHO

A enfermeira Olga Carpi, especializada em lactação, explica que o planejamento é essencial para as mães seguirem amamentando durante o trabalho. Ela diz que é preciso saber o tempo em que a mãe vai ficar fora de casa, o local onde a criança vai ficar nesse período e a possibilidade de voltar para amamentar no intervalo para o almoço.

"Uma vez que ela consegue mapear como vai ser esse período, ela precisa iniciar um processo de superestímulo da sua mama. Quanto mais essa mulher estimular a mama, drenando o leite, mais leite o corpo dela vai produzir, que vai formar o estoque de leite para a criança consumir na sua ausência. É o que eu chamo de rotina de extração", diz Olga à Agência Einstein de Notícias em Saúde.

Esse estímulo para produção extra de leite pode ser feito enquanto a criança está mamando - ou seja, enquanto a criança mama em uma mama, a bomba de leite extrai leite da outra. A mãe pode ainda fazer a ordenha após a mamada. Quando a criança termina de mamar, a bomba segue extraindo leite ali.

"Recomendo para as mulheres, desde que não tenham nenhuma condição fisiológica de baixa produção de leite, que entre 30 e 40 dias antes de voltarem ao trabalho, escolham alguns horários ao longo do dia para fazer esse estímulo, como se fosse uma academia", explica orienta Olga.

O leite deve ser armazenado em recipientes com boa vedação, como potes de vidro e tampas de plástico. A enfermeira explica que existem também sacos plásticos próprios para armazenamento de leite materno, mas eles não podem ser reutilizados como os potes de vidro, o que acaba sendo mais caro e mais nocivo ao meio ambiente.

OFERTA DO LEITE MATERNO APÓS ARMAZENAMENTO

Segundo o Ministério da Saúde, o leite humano pode ser armazenado na geladeira por até doze horas e, no congelador, por até 15 dias. Para ser ofertado à criança, o leite deve ser descongelado em ambiente de geladeira e não no micro-ondas. E, para ser aquecido, deve ser usado sempre o banho-maria. "O micro-ondas pode alterar estruturas importantes do leite materno, como propriedades imunológicas", explica a pediatra ", explica a pediatra Gabriela Bonente, do Hospital Israelita Albert Einstein.

 

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