Para proteger o coração e reduzir o risco cardiovascular, é mais importante consumir regularmente alimentos benéficos do que cortar radicalmente gorduras de origem animal.
É o que sugere um megaestudo conduzido por cientistas canadenses da Universidade McMaster, no Canadá, e publicado no European Heart Journal.
Os autores avaliaram pesquisas feitas em mais de 80 países e constataram o benefício dessa alimentação em todas as regiões do mundo.
QUAL A MELHOR DIETA PARA O CORAÇÃO?
Após avaliar dados de 245 mil pessoas, eles observaram que uma dieta benéfica para o coração inclui:
- 2 a 3 porções de frutas e vegetais todos os dias
- 3 a 4 porções de legumes semanalmente
- 7 porções de nozes ou castanhas semanalmente
- 2 a 3 porções de peixe semanalmente
- 14 porções de laticínios em geral (exceto manteiga e chantili) semanalmente
Segundo os autores, quando se trata de risco cardíaco, costuma-se pensar em cortar totalmente as gorduras.
No entanto, o estudo sugere que é mais importante priorizar os itens considerados protetores, em vez de fazer restrições drásticas de gordura animal. É importante frisar que essa recomendação se aplica a pessoas saudáveis - ou seja, aquelas que não possuem outros fatores de risco cardiovascular.
O QUE COMER PARA EVITAR UM INFARTO?
"O estudo trouxe uma nova perspectiva ao desenvolver uma pontuação de dieta saudável com base em seis alimentos específicos e mostrou que uma dieta com maior inclusão de frutas, vegetais, nozes, legumes, peixe e laticínios está associada a uma menor incidência de doenças cardiovasculares (como infarto agudo do miocárdio e acidente vascular cerebral) e mortalidade", diz a nutricionista Serena del Favero, do Hospital Israelita Albert Einstein.
"A inclusão de laticínios integrais na lista de alimentos benéficos é uma novidade, sugerindo que a variedade e moderação na dieta são fundamentais para a saúde cardiovascular", informa a nutricionista, em entrevista à Agência Einstein.
Os pesquisadores estabeleceram a pontuação de alimentos considerados saudáveis usando dados do estudo Prospective Urban Rural Epidemiology (PURE), que reúne 147.642 pessoas de 21 países, e replicaram os achados em outros cinco estudos, totalizando as 245 mil pessoas de 80 países.
Cada item considerado benéfico para o coração recebeu um ponto, e os valores foram cruzados com dados de eventos cardiovasculares e mortes dos participantes.
A análise também levou em conta fatores que poderiam influenciar os desfechos, como idade, sexo, peso, tabagismo e diabetes.
Pessoas que tinham uma dieta com uma pontuação de 5 ou mais tiveram um risco 30% menor de mortalidade e 18% menor de doença cardiovascular.
O QUE É BOM COMER PARA O CORAÇÃO?
Para quem não dispensa carne vermelha ou laticínios mais gordos, a quantidade recomendada é de uma porção diária de leite e derivados, que pode ser equivalente a um copo de leite, um pote de iogurte ou uma a duas fatias de queijo (aproximadamente 45g, dependendo do tipo e espessura).
Já para carnes não processadas, a recomendação é de uma porção diária, que representa aproximadamente 85 gramas, equivalente a um bife pequeno de carne vermelha ou frango.
Já os alimentos ultraprocessados e o açúcar devem ser consumidos com muita moderação.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) sugere que o consumo diário de açúcar adicionado não ultrapasse 10% do total de calorias. Já os ultraprocessados não devem se tornar parte significativa da dieta diária, pois sabe-se que a ingestão excessiva está associada a um maior risco de doenças crônicas.
*Com informações da Agência Einstein