COLESTEROL

Colesterol é o vilão menos controlado para proteger de doenças do coração

Tanto para o colesterol quanto para a pressão alta, o tratamento consiste num programa de medidas que engloba a reeducação alimentar, exercícios físicos e, se for o caso, medicamentos.

Cinthya Leite
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Cinthya Leite
Publicado em 07/08/2023 às 15:54 | Atualizado em 07/08/2023 às 18:30
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Tanto para o colesterol quanto para a pressão alta, o tratamento consiste num programa de medidas que engloba a reeducação alimentar, exercícios físicos e, se for o caso, medicamentos - FOTO: FREEPIK/BANCO DE IMAGENS

Um estudo que contou com a participação de quase 8 mil pacientes revela que eles não controlam adequadamente principais fatores de risco para as doenças cardiovasculares: colesterol, hipertensão e diabetes. Os achados foram publicados em maio deste ano, no Global Heart, da Federação Mundial do Coração (World Heart Federation), considerado um dos principais jornais científicos na área da cardiologia.

A pesquisa, chamada Epico (Estudo Epidemiológico de Informações da Comunidade) e coordenada pela Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp), traz resultados que chamam a atenção às vésperas do Dia de Combate ao Colesterol (8 de agosto)

O levantamento mostrou que o colesterol foi o fator de risco menos controlado para proteger o coração. Apesar de estarem em uso de medicação para controle da doença, somente 13% dos pacientes estavam com os níveis dentro dos parâmetros considerados normais (LDL abaixo de 100 mg/dl).

E ao fazermos um recorte daqueles em uso de drogas hipolipemiantes (remédios utilizados no tratamento das dislipidemias, principalmente no controle dos níveis colesterol), só 5,2% apresentavam valores de colesterol no nível considerado ideal.

"A dislipidemia, que é a elevação dos níveis de colesterol e de triglicérides, é um problema, sim, de saúde e um dos principais fatores de risco para eventos cardiovasculares. Entre eles, o infarto agudo do miocárdio", diz o clínico-geral Clezio Leitão, professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e preceptor do programa de residência médica em clínica médica do Hospital das Clínicas (HC) da UFPE.

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"É o LDL que está por trás de eventos cardiovasculares como infarto", alerta Clezio - DIVULGAÇÃO

O colesterol alto preocupa porque é um dos principais fatores que levam à aterosclerose - acúmulo de gordura nas paredes dos vasos sanguíneos, o que aumenta o risco de infarto e acidente vascular cerebral (AVC). 

"Entre os tipos de colesterol, há alguns que merecem destaque. A gente tem o colesterol HDL, que é o de alta densidade, e esse colesterol costuma ser benéfico, pois tem um componente também protetor", frisa Clezio.

De acordo com o médico, o HDL ajuda a proteger de eventos cardiovasculares porque favorece a diminuição das placas e o depósito de gordura nos vasos sanguíneos e levar para o fígado para ser metabolizado. "Esse tipo de colesterol a gente sempre deseja que ele esteja em níveis mais altos nos exames."

E o colesterol perigoso? "É o que a gente chama de LDL, que é o colesterol de baixa densidade. Esse colesterol é realmente o perigoso; é o LDL que está por trás de eventos cardiovasculares como infarto."

Dessa maneira, Clezio Leitão destaca que a meta do controle de colesterol geralmente é focada nesse tipo de colesterol, que é o LDL.

"As medicações que usamos atuam principalmente nesse tipo de colesterol que devemos manter em níveis baixos. Isso vai depender do perfil de cada paciente, e existem índices que a gente precisa estar de olho."

Nessa lista, segundo o médico, está o triglicérides, que são um tipo de lipídio muito relacionado a outras doenças crônicas, como diabetes, e também tem relação com alimentação. "Isso também aumenta fatores de risco cardiovasculares e merece uma atenção especial."

Infelizmente grande parte dos brasileiros (64%) desconhece seu risco cardiovascular e, consequentemente, sua meta de colesterol ruim (LDL) para reduzir a chance de ataque cardíaco e derrame cerebral. É o que aponta uma pesquisa encomendada pela Novartis, em parceria com a Ipsos.

Apesar de 80% conhecerem o termo colesterol, esse ainda é um tema sobre o qual os brasileiros não só sabem pouco, como também não se preocupam com ele

Para fazer o levantamento, a Ipsos pediu aos entrevistados que ranqueassem, de acordo com nível de preocupação, algumas das doenças e condições clínicas mais comuns do dia a dia.

Entre as doenças cardiovasculares e metabólicas, o colesterol ruim (LDL) não controlado é a que menos preocupa os brasileiros. Curiosamente, lideram o ranking infarto e AVC, problemas cardiovasculares que são diretamente ligados ao excesso de LDL no sangue. 

O clínico-geral Clezio Leitão explica que a doença dislipidemia é multifatorial. Por trás das alterações do colesterol, nos exames, podem existir diversas causas. Algumas dessas causas são modificáveis e outras não são modificáveis, são genéticas. 

"Então, há pessoas que têm uma vida extremamente saudável, praticam atividades físicas, têm uma alimentação bem equilibrada, pobre em gordura, praticam esportes, não têm obesidade e, mesmo assim, infelizmente apresentam a elevação dos níveis de colesterol, principalmente na fase adulta", alerta o médico. 

Nesses casos, provavelmente há o envolvimento de uma questão genética.

"Há também os fatores modificáveis, que aí são, sim, o estilo de vida, os nossos hábitos. Hábitos alimentares, prática de esportes regulares, controle de outras doenças crônicas, como diabetes, são alguns dos principais fatores. Quem não tem diabetes controlada tem uma alta chance de também induzir à elevação de alguns tipos de colesterol", diz Clezio.

Dessa maneira, ele sublinha que é importante evitar o sedentarismo, praticar atividades físicas regulares, ter uma alimentação equilibrada, se possível com orientação de profissionais, como nutricionista, endocrinologista, cardiologista e clínico-geral, para orientar em relação à dieta, além do cuidado no controle de outras doenças crônicas.

"Essas são as principais formas de evitar que o colesterol suba e de tratar. Em alguns casos, a gente também tem um tratamento medicamentoso, indicado para os casos em que os níveis de colesterol já estão elevados, e o paciente não conseguiu controlar com dieta e hábitos saudáveis de vida", finaliza Clezio. 

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