SAÚDE NO INTERIOR

Quase 65% dos formandos do Mais Médicos querem trabalhar na região onde estudaram

Dos entrevistados, 52% mudaram para a cidade por conta da faculdade

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JC

Publicado em 20/08/2023 às 2:00 | Atualizado em 23/08/2023 às 14:41
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Um levantamento feito pela Afya (hub de educação e soluções digitais médicas do Brasil) em parceria com o Instituto REDS (Research Designed for Strategy), com estudantes dos cursos de Medicina do Programa Mais Médicos 1 - de 2013 -, que começou a operar a partir do segundo semestre de 2017.

O levantamento ouviu 163 alunos, sendo que os primeiros começaram a se formar médicos em julho deste ano.

A amostragem utilizada na pesquisa foi de quatro Instituições de Ensino Superior da Afya egressas da 1ª edição do Mais Médicos: o Centro Universitário UNIDEP, em Pato Branco, Paraná; a FITS, faculdade de Jaboatão dos Guararapes, Pernambuco; a FASA Itabuna e a FIPGuanambi, ambas na Bahia. As quatro IES somadas vão formar entre julho deste ano e o primeiro semestre de 2024 a primeira geração de médicos do Programa Mais Médicos, totalizando 292 alunos. 

A pesquisa apontou que 64% dos estudantes têm intenção em permanecer na região onde fizeram a graduação em Medicina, seja de forma permanente ou temporária. Entre os que têm intenção de ficar, os motivos principais são: oportunidade de trabalho (67%); pela proximidade da família (61%); porque a cidade oferece qualidade de vida (59%).

Já entre os que não pretendem se fixar, 53% apontaram que pretendem se especializar e o curso não é disponibilizado na região. Para 41%, ter opções de residência médica ou especialização de seu interesse o fariam ficar na região.

MAIS DE 2/3 QUEREM REDE PÚBLICA DE SAÚDE

Dos entrevistados, 52% mudaram para a cidade por conta da faculdade, sendo que 21% apenas estudam no local e moram em outro município próximo; e 26% são naturais do município onde estudam. Além disso, a pesquisa mostrou que 76% dos alunos têm o setor público como grande foco de carreira; 66% pretendem iniciar um trabalho, mesmo que seja concomitante com a realização de uma especialização; e 99% querem fazer especialização após se formarem - as áreas mais procuradas são cirurgia geral, obstetrícia e clínica médica.

“Com essa pesquisa conseguimos trazer um retrato socioeconômico do Programa Mais Médicos e mostrar sua importância como política pública para o Brasil, na medida que o fator determinante é a oferta de cursos nas regiões onde há carência, como cidades de médio porte, afastada dos grandes centros. Constatamos impactos de curto prazo, com avanços nas atividades produtivas da região; de médio prazo, com aumento em marcadores sociais importantes das redes de saúde da região; e de longo prazo, como a fixação de parte dos médicos nas regiões dos cursos”, afirma Virgilio Gibbon, CEO da Afya.

Os alunos destacaram ainda os impactos socioeconômicos positivos nas regiões onde estudam: 80% perceberam a expansão na oferta de ambulatórios nas cidades; 68% veem melhorias na infraestrutura básica da rede de saúde local, como hospitais, postos de saúde, UBS e UPAs; e 56% perceberam maior fluxo de médicos nos postos.

Para além da área da saúde, os alunos constataram desenvolvimento de comércios e maior fluxo de pessoas (59%); desenvolvimento imobiliário (50%) e melhora na oferta de educação superior (45%).

METODOLOGIA DA PESQUISA

A pesquisa Afya & Instituto REDS (Research Designed for Strategy) contou com etapas quantitativa e qualitativa. A parte quantitativa foi realizada entre os dias 23 e 30 de junho, com 163 alunos das quatro faculdades por meio de entrevistas online de autopreenchimento e via CATI. A Afya disponibilizou a listagem dos alunos de cada instituição. As entrevistas (links) foram enviadas para o WhatsApp dos alunos e também foram feitos contatos via telefone.

PROGRAMA MAIS MÉDICOS

O Programa Mais Médicos foi criado em 2013 e já contou com dois editais: um em 2013 e outro em 2018. Como política pública, seu objetivo é criar regras claras para a abertura de cursos de Medicina no País, seguindo as diretrizes de diminuir a carência de médicos nas regiões prioritárias para o SUS, a fim de reduzir as desigualdades regionais na área da saúde; fortalecer a prestação de serviços de atenção básica em saúde no País; e ampliar a inserção do médico em formação nas unidades de atendimento do SUS e fortalecer a política de educação permanente com a integração ensino-serviço, por meio da atuação das instituições de educação superior na supervisão acadêmica das atividades desempenhadas pelos médicos.

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