Alta da conjuntivite além dos serviços privados: emergências públicas de Pernambuco chegam a ter aumento de até 35,5% nos casos
O incremento no volume de pacientes com conjuntivite pode ser explicado por fatores como a chegada do calor e da umidade nesta época do ano, assim como as aglomerações
Vermelhidão, coceira e lacrimejamento dos olhos são sintomas que logo fazem a gente desconfiar de conjuntivite, que é uma inflamação da conjuntiva (parte branca do olho). São queixas também podem vir acompanhadas de secreções ou crostas ao redor dos olhos. No início desta semana, como noticiamos, essa condição levou oftalmologistas de serviços de saúde privados a alertarem para um aumento na incidência da doença. Agora, as emergências oftalmológicas públicas também relatam uma alta no número de pacientes que procuram assistência.
Segundo a Secretaria de Saúde de Pernambuco (SES-PE), a conjuntivite não é de notificação compulsória e, por isso, "não há registros de vigilância em saúde". A pasta, contudo, ressalta que, no Grande Recife, há três centros especializados em oftalmologia que compõem a rede estadual de saúde. São eles: a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Paulista, a UPA Ibura e a Fundação Altino Ventura, que fazem atendimentos por meio do SUS.
A Fundação Altino Ventura (FAV), em nota, confirma que, em dezembro, houve um aumento no número de casos de conjuntivite atendidos na emergência 24 horas da instituição, localizada na unidade da FAV do bairro da Boa Vista, no Centro. Foram totalizados 1.100 atendimentos em dezembro, o que representa um aumento de 22,2%, em comparação com o mês de novembro.
A alta foi mais expressiva na UPA Ibura, na Zona Sul da capital. Em nota, a unidade informa que foram atendidas 496 pessoas com conjuntivite em dezembro. Já em novembro, foram 366 casos. Ou seja, o aumento foi de 35,5%. A UPA Ibura ainda acrescentou que a assistência para os pacientes com conjuntivite representou, em dezembro, 15% do volume de atendimentos da urgência oftalmológica do serviço.
O cenário da UPA Paulista, em Jardim Paulista, na Região Metropolitana do Recife, também é de aumento no número de casos de conjuntivite. De acordo com o diretor médico da unidade, Adolfo César, o início do ano tem tido um registro de 23 casos de conjuntivite por dia atendidos na urgência. Ele avalia que o número representa uma tendência de aumento dos casos, em comparação com dezembro, quando a média foi de 17 registros da doença por dia na UPA Paulista.
ALTA DA CONJUNTIVITE NO SERVIÇO PRIVADO
O registro de alta da conjuntivite, conforme noticiamos no último dia 3 de janeiro, é uma realidade no Hospital de Olhos de Pernambuco (Hope), que tem unidades na Ilha do Leite, bairro da área central do Recife, e em shoppings da região metropolitana.
Nos últimos cinco meses, médicos do Hope observaram uma expansão no número de atendimentos nas unidades por causa de conjuntivite. Entre os casos que chegaram à urgência em dezembro, 66% foram de pacientes com a doença. Para se ter ideia do aumento, essa taxa foi de 47% em agosto.
O incremento no volume de pacientes com conjuntivite pode ser explicado por fatores como a chegada do calor e da umidade nesta época do ano (já que o vírus circula com mais facilidade no ar) e o maior número de pessoas aglomeradas nos mesmos locais (como em confraternizações).
Apesar da doença geralmente desaparecer em poucos dias, a depender da causa, a conjuntivite pode durar de 20 a 30 dias.
O aumento dos casos de conjuntivite pode estar associado ao fim da emergência sanitária pela covid-19. "A gente passou dois anos sem esse surto de conjuntivite e agora os casos aumentaram porque relaxamos em medidas como limpeza das mãos e uso de máscaras", explica a oftalmologista Laura Sabino, chefe do setor de urgência do Hope.
A conjuntivite pode ter causa infecciosa (bactérias ou vírus), causa alérgica (não contagiosa) ou até mesmo causa química, decorrente de algum agente ou produto químico que tenha contato com os olhos.
A conjuntivite infecciosa pode afetar um ou ambos os olhos. "Nos casos de conjuntivite infecciosa, o paciente deve ficar em isolamento, não tocar os olhos nem superfícies, não compartilhar copos ou talheres, nem mesmo falar perto de outras pessoas. A doença, além de poder ser transmitida pela lágrima, também pode ser transmitida pela saliva", adverte Laura Sabino.
Já as conjuntivites bacterianas costumam ser mais agudas. "São formas que normalmente demandam um atendimento médico mais imediato, mas também melhoram rapidamente com a medicação adequada", frisa a oftalmologista.
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