Emergência global de mpox: o Brasil corre perigo? Veja a situação atual do País

OMS declarou que cenário de mpox constitui emergência em saúde pública de importância internacional, devido a risco de potencial nova pandemia

Publicado em 14/08/2024 às 18:54 | Atualizado em 14/08/2024 às 19:10

O aumento de casos de mpox no continente africano, causado por uma nova variante do vírus, leva a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar, nesta quarta-feira (14), emergência em saúde pública de importância internacional, devido ao risco de disseminação global e de uma potencial nova pandemia. Esse é o mais alto nível de alerta da OMS. Anteriormente, a doença era conhecida como varíola dos macacos.

Diante desse cenário, muitos se questionam sobre o risco do avanço da mpox, com a nova variante, ser uma realidade também no Brasil

O Ministério da Saúde realizou, na terça-feira (13), o webinário "Situação Epidemiológica e Resposta à Mpox no Brasil", transmitido ao vivo pelo canal da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA). Neste ano, o Brasil registrou 709 casos confirmados ou prováveis de mpox - número significativamente menor em comparação aos mais de 10 mil casos notificados em 2022, durante o pico da doença.

Desde 2022 até o momento, 16 mortes por mpox foram registradas. O óbito mais recente ocorreu em abril de 2023.

O Ministério da Saúde informa que continua a monitorar a situação da mpox. "Se novas evidências indicarem a necessidade de mudanças no planejamento, as ações necessárias serão adotadas e divulgadas de forma oportuna", diz, em nota, a pasta. 

A secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, Ethel Maciel, reforçou que "há uma vigilância sensível para mpox e, de forma preventiva, estão se atualizando as recomendações e o plano de contingência para a doença no Brasil.

Desde 2022 no Brasil, os 27 Laboratórios Centrais de Saúde Pública (LACENs) e os quatro laboratórios de referência nacional realizam exame diagnóstico para mpox. As amostras biológicas são colhidas nos municípios e enviadas a esses laboratórios para análise. O Ministério da Saúde assegura que atualmente todo o País está abastecido com insumos para essa testagem.

A pasta iniciou a vacinação contra a mpox em 2023, durante um período de Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) liberou o uso provisório da vacina, com prioridade para a proteção das pessoas com maior risco de evolução para formas graves da doença. Desde então, mais de 29 mil doses foram aplicadas em todo o País.

Em alerta epidemiológico divulgado no dia 8 de agosto, a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) chamou a atenção dos países das Américas para fortalecerem a vigilância, o que inclui a detecção laboratorial e o sequenciamento genômico dos casos confirmados, após a identificação da nova variante do vírus da mpox, Clado I (Clado Ib), na região da África Subsaariana.

"Embora a nova variante não tenha sido notificada nas Américas, os países devem permanecer alertas para possíveis casos importados", informa, em nota, a Opas. 

A nova variante está associada a uma transmissão sustentada, bem como à ocorrência de casos em uma faixa etária mais ampla do que em surtos anteriores na República Democrática do Congo, incluindo crianças. As menores de 15 anos representaram 66% dos casos e 82% das mortes.

Estima-se que a nova cepa tenha surgido na República Democrática do Congo em setembro de 2023 e está associada a um aumento significativo de casos naquele país.

Mpox é uma doença viral causada pelo vírus de mesmo nome, uma espécie do gênero Orthopoxvirus. Existem dois clados diferentes: clado I e clado II.

Os sintomas de mpox incluem febre, dor de cabeça intensa, dores musculares, dores nas costas, baixa energia, linfonodos inchados e erupções cutâneas ou lesões mucosas.

A erupção tende a se concentrar no rosto, nas palmas das mãos e nas solas dos pés, mas também pode ser encontrada na boca, região anogenital e olhos.

Os sintomas geralmente duram entre duas e quatro semanas, e desaparecem sozinhos sem tratamento.

CHRISTOPHER BLACK/AFP
"A rápida disseminação de uma nova variante de mpox na República Democrática do Congo, a detecção em países vizinhos que não haviam reportado casos da doença anteriormente e o potencial de disseminação são muito preocupantes", disse Tedros - CHRISTOPHER BLACK/AFP

Desde o início de 2024 (até 26 de julho de 2024), o Ministério da Saúde da República Democrática do Congo relatou 14.479 casos de mpox e 455 mortes.

De acordo com o relatório, "o número de casos relatados nos primeiros seis meses deste ano corresponde ao número relatado em todo o ano passado".

Casos da nova variante também foram notificados em Ruanda, Uganda e Quênia. 

"É uma situação que deveria preocupar todos nós", disse Tedros, em coletiva de imprensa, nesta quarta-feira.

A nova variante está associada a uma transmissão sustentada, bem como à ocorrência de casos em uma faixa etária mais ampla do que em surtos anteriores, incluindo crianças.

A OMS já havia tomado uma decisão parecida em 2022, diante do surto mundial de mpox causado por uma cepa conhecida como clade IIb.

A questão é que, nesta epidemia atual, que se originou na República Democrática do Congo e está. por enquanto, limitada à África, tem particularidades. O vírus agora é mais contagioso e perigoso, com taxa de mortalidade estimada em 3,6%.

A mpox é uma doença viral que se propaga do animal para o humano, mas também é transmitida por contato físico próximo com uma pessoa infectada pelo vírus.

A nova cepa provoca erupções cutâneas em todo o corpo, enquanto as cepas anteriores se caracterizavam por erupções localizadas e lesões na boca, no rosto ou nas partes genitais.

"A detecção e a rápida disseminação de uma nova variante de mpox na República Democrática do Congo, a detecção dessa mesma variante em países vizinhos que não haviam reportado casos da doença anteriormente e o potencial de disseminação em toda a África e além são muito preocupantes", disse Tedros.

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