Janeiro Verde alerta para vacinação contra HPV e risco de câncer prevenível

Campanha reforça importância da imunização e do rastreamento para prevenir cânceres relacionados ao HPV em homens e mulheres

Publicado em 07/01/2025 às 13:20 | Atualizado em 07/01/2025 às 18:22
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O Janeiro Verde, campanha dedicada à conscientização sobre o câncer de colo de útero, coloca em evidência a vacinação contra o HPV, considerada a principal estratégia para prevenir cânceres relacionados ao vírus, como os de colo de útero, ânus e orofaringe.

Apesar da eficácia comprovada, a cobertura vacinal ainda está abaixo do ideal no Brasil. Desde 2014, o Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza gratuitamente a vacina para meninas e meninos de 9 a 14 anos.

Dados do Ministério da Saúde mostram que, em 2022, apenas 52,26% dos meninos e 75,91% das meninas dessa faixa etária receberam ao menos uma dose.

No entanto, em 2023 o cenário de cobertura vacinal demonstrou melhora. O Brasil registrou o maior número de doses aplicadas desde 2018: 6,1 milhões, 42% a mais do que no ano anterior.

“É um tumor altamente prevenível, mas que continua sendo uma das principais causas de morte por câncer entre as mulheres brasileiras”, alerta a oncologista Andreia Melo, da Oncoclínicas.

O HPV é responsável por cerca de 99% dos casos de câncer de colo de útero, com previsão de 17 mil novos diagnósticos em 2025, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA).

Além disso, o vírus também impacta os homens, sendo a causa de 70% dos cânceres de orofaringe e 90% dos de ânus, cujos números estão em crescimento no mundo todo.

Vacinação em dose única avança no Brasil

Em 2023, o Brasil registrou a aplicação de 6,1 milhões de doses da vacina contra o HPV, marcando o maior número desde 2018.

Esse aumento de 42% em relação a 2022 reflete o esforço para ampliar a cobertura vacinal, especialmente após a adoção do esquema de dose única. Baseada em evidências científicas, a mudança busca facilitar o acesso à imunização, sendo recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Segundo o Ministério da Saúde, a cobertura vacinal entre adolescentes alcançou quase 85% em 2023, aproximando-se da meta de 90%.

“O ideal é vacinar antes do início da vida sexual, evitando a exposição ao vírus. Além disso, mesmo vacinadas, as mulheres devem realizar exames de rastreio, que ajudam no diagnóstico de lesões pré-invasoras ou iniciais”, reforça Andreia Melo.

Prevenção vai além da vacinação

A campanha Janeiro Verde também destaca a importância de exames regulares, como o Papanicolau, que detectam alterações no colo do útero em estágios iniciais.

“Muito em breve, a pesquisa da presença do HPV por técnicas moleculares estará disponível na rede pública, aprimorando ainda mais o rastreamento e o diagnóstico precoce”, explica a oncologista.

O câncer de colo de útero, terceiro mais incidente entre as mulheres no Brasil (excluindo os de pele não melanoma), pode ser prevenido em até 90% dos casos com vacinação e rastreamento regular. No entanto, quando diagnosticado em estágios mais avançados, o tratamento pode incluir cirurgia, radioterapia e quimioterapia.

“A prevenção é a melhor escolha”, enfatiza Andreia. “Vacinação, exames regulares e educação em saúde são as ferramentas mais eficazes para proteger meninas e meninos de uma doença grave, mas evitável. Campanhas como o Janeiro Verde são fundamentais para transformar a realidade brasileira e reduzir as taxas de mortalidade associadas a essa condição.”

Com essa combinação de esforços, o Brasil segue em busca de resultados mais promissores, inspirando-se em exemplos como o dos Estados Unidos, onde a ampliação da imunização já reduziu significativamente a incidência de cânceres relacionados ao HPV.

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