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Saúde e Bem-estar

Por Cinthya Leite e equipe

Dicas de saúde, informações sobre especialidades da medicina, doenças e tratamentos

Acesso ao dentista ainda é desafio: 32% dos brasileiros não foram a consulta no último ano

Dados mostram desigualdade no acesso: 75% dos pacientes com ensino superior foram ao dentista, enquanto só 54% com escolaridade básica fizeram o mesmo

Publicado em 14/01/2025 às 15:49 | Atualizado em 14/01/2025 às 16:09
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Uma pesquisa divulgada nesta terça-feira (14) revela dados relacionados ao comportamento da população diante da frequência a consultas odontológicas e ao perfil dos próprios dentistas. O levantamento, realizado pela Associação Brasileira da Indústria de Dispositivos Médicos (Abimo) com apoio do Conselho Federal de Odontologia (CFO), foi executado pela consultoria italiana Key-Stone.

A pesquisa, realizada de dezembro de 2023 a dezembro de 2024, mostrou que 68% dos brasileiros visitaram o dentista no último ano, e as mulheres lideram essa estatística.

Entre aqueles que disseram ter visitado o dentista, a higiene bucal foi o tratamento mais realizado: 70% dos entrevistados afirmaram ter feito. Já 39% deles buscaram serviço de obturação e restauração dentária.

Um detalhe da pesquisa que merece atenção é o achado em relação à desigualdade no acesso ao atendimento odontológico: 75% dos pacientes com ensino superior buscaram o dentista, enquanto apenas 54% dos brasileiros com escolaridade básica fizeram o mesmo.

O levantamento também revelou que a renda tem uma forte correlação com a frequência de consultas: 80% das pessoas que ganham mais de 10 salários mínimos frequentaram regularmente o dentista, enquanto apenas 59% das pessoas com até um salário mínimo buscaram atendimento odontológico.

O CEO da Abimo, Paulo Henrique Fraccaro, considera a situação financeira como determinante para o acesso ao dentista, devido ao alto custo dos tratamentos odontológicos.

"Hoje, por exemplo, uma simples obturação pode custar entre R$ 500 e R$ 800. Se a pessoa não tiver condições financeiras adequadas, ela acaba adiando a consulta, e o que poderia ser resolvido com um tratamento simples se transforma em algo mais complexo", afirma Paulo Henrique.

Ele lembra que o governo federal, por meio do Ministério da Saúde, tem estratégias para levar a odontologia à população por meio de assistência técnica financiada pelas prefeituras, com subsídio da União.

"A proposta de saúde bucal do governo federal previa a instalação de gabinetes odontológicos pelas prefeituras para atender a população carente. Contudo, a implementação tem sido muito lenta, dificultando o acesso e ampliando as desigualdades."

Outro ponto que merece destaque no levantamento: 23% dos pacientes procuraram atendimento odontológico pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Por outro lado, 74% dos atendimentos ocorreram na rede privada, o que evidencia que a demanda por serviços odontológicos particulares ainda supera significativamente a procura pelo SUS.

"A pesquisa deixa evidente a necessidade de ampliação de oferta dos serviços de saúde bucal na rede pública. Felizmente há uma perspectiva de que isso possa ocorrer gradualmente por meio da aplicação da Política Nacional de Saúde Bucal, criada por meio da lei federal 14.572 de 2023 e que incluiu o Programa Brasil Sorridente no SUS", salienta o presidente do CFO, Claudio Miyake. 

"Esse foi um avanço importante que deve garantir maior acesso aos tratamentos odontológicos, a fim de beneficiar especialmente as pessoas em situação de vulnerabilidade", acrescenta. 

Só um terço aceitam convênios 

O estudo também traçou o perfil de atuação dos dentistas no Brasil. O resultado revela que apenas 35% dos profissionais trabalham com convênios odontológicos, um percentual que sobe para 39% entre mulheres dentistas.

Além disso, procedimentos estéticos, que incluem ortodontia e tratamento de estética dentária, como clareamento ou lente de contato dental, são praticados por 86% dos dentistas entrevistados.

Em contraste, a medicina estética para harmonização orofacial é a disciplina menos praticada dentro dos consultórios odontológicos, com pouco mais de um terço da amostra declarando que a prática.

Dos entrevistados, 8% preveem introduzir a técnica no futuro, 12% estão interessados em explorar essa oportunidade, enquanto quase metade (46%) não demonstra interesse em realizá-las.

No entanto, observa-se uma maior difusão da harmonização orofacial em consultórios nos Estados da região Sul (44%) e em consultórios maiores (43% nos consultórios com pelo menos três cadeiras).

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