TERRORISMO EM BRASÍLIA

FLÁVIO DINO: Acampamentos de apoiadores de Bolsonaro serão desocupados

Futuro ministro da Justiça e Segurança Pública afirmou que não permitirá "terrorismo político" no Brasil

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Raphael Guerra

Publicado em 26/12/2022 às 14:55 | Atualizado em 26/12/2022 às 16:32
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O futuro ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, afirmou, nesta segunda-feira (26), que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não permitirá que se instale no País o que ele chamou de "terrorismo político".

No último sábado (24), um empresário bolsonarista foi preso após colocar uma bomba nas imediações do Aeroporto de Brasília. Um segundo suspeito já foi identificado e está sendo procurado pela polícia. 

Flávio Dino avaliou que o homem não é um "lobo solitário" e prometeu que todas as "conexões" da tentativa de atentado serão investigadas.

Ele disse também que o novo governo vai desocupar os acampamentos de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) em frente a quartéis, caso essa providência não seja tomada pelas atuais autoridades federais.

"Não há dúvida, no governo eleito, inclusive com a orientação do presidente Lula, que a lei deve ser cumprida. Então, não se trata de uma escolha, não se trata de uma opção, se trata de uma imposição legal", disse.

"Nós esperamos que nesta semana esse processo de ocupação ilegal em torno do Quartel General (do Exército) em Brasília cesse, ou seja, que a desocupação prossiga e, com isso, nós possamos ter um quadro de normalidade durante a posse", declarou, em entrevista à GloboNews.

Desde o fim da eleição, apoiadores de Jair Bolsonaro estão acampados em frente a instalações militares para pedir que as Forças Armadas impeçam a posse do presidente eleito.

Na noite de sábado, autoridades policiais prenderam em flagrante por atentado contra o Estado o gerente de posto de combustível George Washington de Oliveira Sousa, de 54 anos, que confessou ter tentado explodir um caminhão de combustível perto do aeroporto da capital federal para provocar falta de energia e dar início, segundo o próprio acusado, a um caos que levasse à decretação de um estado de sítio no País.

Ele também planejava explodir uma bomba no estacionamento do aeroporto.

 

"Estamos esperando o que fará, exatamente, o (atual) ministro (da Justiça, Anderson Torres), a Polícia Federal até o dia 31. Mas é certo que nós temos, inclusive, conexão com aquele inquérito policial dos atos antidemocráticos que tramita no Supremo. Então, o enquadramento criminal deve ser revisto. A Polícia Civil do DF vai continuar com as apurações, segundo informações que nós obtivemos, tendo em vista essas conexões", afirmou Dino.

Nesse domingo, cerca de 40 quilos de artefatos explosivos também foram encontrados em uma área de mata, no encontro da estrada vicinal 383 com a DF-290, em Brasília. A Polícia Militar do Distrito Federal chegou ao local após receber uma denúncia.

A Polícia Civil vai investigar se os artefatos explosivos têm relação com o possível atentado que estava sendo planejado pelo bolsonarista George Washington. 

POSSÍVEL OMISSÃO 

O futuro ministro da Justiça acredita que possa estar havendo omissões por parte das autoridades.

"Nós temos indicações de que, no mínimo, há omissões de autoridades e agentes públicos federais. Isso é muito evidente e há fatos que autorizam essa minha afirmação", declarou.

Ao ser questionado sobre a postura de Bolsonaro, que ainda não se pronunciou sobre a tentativa de atentado, ele respondeu que a responsabilidade política do presidente está "obviamente configurada", mas que a responsabilidade jurídica ainda precisa ser esclarecida. Dino prometeu que todas as conexões do caso serão apuradas pelo futuro governo e voltou a criticar os decretos de Bolsonaro que facilitaram a obtenção de armas.

"Nós não vamos permitir que esse terrorismo político se instale no Brasil", disse.

(Com informações da Agência Estado)

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