Abril chegou ao fim com números alarmantes da violência em Pernambuco. Segundo balanço da Secretaria de Defesa Social (SDS), 322 mortes foram registradas. É o pior mês dos últimos 13. Apesar da tendência de alta, o acumulado de janeiro a abril mostra 50 assassinatos a menos que o mesmo período do ano passado: 1.231, em 2023, contra 1.281 em 2022.
Quando se fala em mortes violentas, como elas atualmente são classificadas pela SDS, estão sendo englobados os crimes de homicídios, latrocínios, feminicídios, lesões corporais seguidas de morte e óbitos decorrentes de intervenções policiais.
A média diária foi de 10,7 mortes violentas no Estado em abril deste ano.
Em comparação com o mesmo período do ano passado, quando foram somadas 316 mortes violentas, houve um aumento de 1,89% nos registros.
"Estamos longe ainda do número que queremos atingir. Estamos trabalhando diuturnamente nisso. Mas também não só nisso: temos outras preocupações, como o número de roubos e outros tipos de violência", afirmou a secretária estadual de Defesa Social, Carla Patrícia Cunha.
Em relação às regiões de Pernambuco, houve aumento das mortes violentas no Agreste e no Sertão no último mês de abril. Na Região Metropolitana do Recife (RMR) e na Zona da Mata, observou-se uma pequena queda dos casos:
- No Agreste, 68 pessoas foram mortas em abril de 2023. Já no mesmo período do ano passado, foram 64.
- No Sertão, foram 45 mortes no último mês. Já em abril de 2022, foram 38.
- Na RMR, 159 pessoas foram mortas em abril. Dois casos a menos do que no mesmo período do ano passado.
- Por fim, na Zona da Mata, houve 50 registros de vítimas no mês passado. Três a menos do que em abril de 2022.
CHACINA E MAIS VIOLÊNCIA NO CABO DE SANTO AGOSTINHO
O último mês de abril também foi marcado por uma chacina no Estado. Três homens e uma mulher foram assassinados a tiros em uma casa de taipa localizada no Engenho Tapugi de Baixo, no município do Cabo de Santo Agostinho, na RMR.
O crime foi na madrugada do dia 28. As vítimas foram identificadas como Márcio Silvino dos Santos, de 35 anos, Alexandro Luiz da Silva, 31, Robson Manoel Moraes, 28, e Larissa Silva Vanderlei, 22.
A principal linha de investigação da polícia é de o crime tenha sido motivado pela disputa pelo tráfico de drogas no município de Moreno, que fica vizinho ao Cabo de Santo Agostinho. Até hoje, nenhum suspeito foi preso.
NOVO PROGRAMA DA SEGURANÇA EM PERNAMBUCO ATRASA
Enquanto os números de homicídios seguem altos, a expectativa é pelo anúncio do programa Juntos pela Segurança, que vai substituir o Pacto pela Vida. A governadora Raquel Lyra, em pronunciamentos, havia prometido lançar em abril o novo programa de segurança pública, mas isso não aconteceu.
"Com certeza ainda neste semestre o programa será lançado", afirmou a secretária Carla Patrícia Cunha, nesta segunda-feira (08).
Uma das necessidade mais urgentes é a realização de concursos das polícias Militar e Civil, visto que o déficit de profissionais é alto e isso prejudica o trabalho de combate à violência.
AUMENTO DE PESSOAS BALEADAS NO GRANDE RECIFE
Levantamento do Instituto Fogo Cruzado, também referente a abril, aponta que houve 160 tiroteios/disparos de arma de fogo na RMR. O número representa estabilidade - caiu apenas 1% - em comparação com o mesmo período de 2022, que concentrou 162 tiroteios.
No total, 184 pessoas foram baleadas: 136 morreram e 48 ficaram feridas. O número de mortos indica um aumento de 2% em comparação com o mesmo período do ano passado, quando 133 vítimas vieram a óbito.
Entre os 136 mortos por arma de fogo em abril, 125 eram homens e 11 eram mulheres. Entre os 47 feridos, 41 eram homens e seis eram mulheres.
Além disso, o levantamento traz um alerta para a violência em bares localizados nas periferias dos municípios da RMR. Dezoito pessoas foram baleadas nesses estabelecimentos. Desse total, dez morreram. Já entre os feridos, havia uma criança de 7 anos.
Na comparação com abril do ano passado, as estatísticas do instituto apontam que apenas uma pessoa foi morta a tiros dentro de um bar na RMR.
Os números divulgados reforçam a necessidade de a Polícia Militar voltar a realizar operações, principalmente nos fins de semana, em bares para diminuir a violência.