VIOLÊNCIA

Balas perdidas atingiram 29 pessoas no Grande Recife em 2023; Três morreram

Vítima mais recente foi uma contadora de 54 anos que foi atingida por um tiro na orelha direita no bairro de Boa Viagem, Zona Sul do Recife

Raphael Guerra
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Raphael Guerra
Publicado em 21/07/2023 às 13:45 | Atualizado em 21/07/2023 às 13:49
ARTUR BORBA/JC IMAGEM
Ex-PM é morto a tiros em Boa Viagem. Mulher que passava pelo local também morreu vítima de bala perdida - FOTO: ARTUR BORBA/JC IMAGEM

A morte de uma contadora de 54 anos, vítima de bala perdida, no bairro de Boa Viagem, Zona Sul do Recife, na última segunda-feira (17), é o retrato da violência urbana - que não atinge apenas pessoas envolvidas com a criminalidade. Inocentes também viram alvo fácil quando o Estado falha em ações de prevenção e não conta com policiamento suficiente para, ao menos, prender de forma mais ágil quem comete os crimes.

A contadora, cujo nome está sendo preservado a pedido de familiares, havia acabado de almoçar naquele início de tarde. No caminho de volta ao trabalho, entre as ruas Dr. João Guilherme Pontes Sobrinho e Ernesto de Paula Santos, foi atingida por um tiro na orelha direita. Morreu na hora. O alvo, como a polícia já sabe, era o ex-policial militar Heleno José do Nascimento Júnior, de 41 anos, conhecido como Júnior Black. 

O Instituto Fogo Cruzado, que estuda a violência armada, somou 29 casos de pessoas que foram atingidas por balas perdidas no Grande Recife entre janeiro e julho deste ano. Desse total, três morreram. 

No mesmo período do ano passado, o levantamento identificou que 34 pessoas foram vítimas de balas perdidas. Quatro delas morreram.  

Em geral, os crimes acontecem de forma muito semelhante. Há ao menos três exemplos de casos registrados em junho deste ano. 

No dia 1°, dois homens armados saíram de um carro e atingiram a tiros Márcio Marques Ramos, de 33 anos. Uma mulher que passeava com uma criança no local foi atingida na coxa por uma bala perdida. O caso aconteceu no Condomínio Reserva São Lourenço, em Muribara, São Lourenço da Mata. 

No dia 13, o comerciante Jaciel Silva, de 32 anos, foi atingido por tiros na Enseada dos Corais, Cabo de Santo Agostinho. Um rapaz de 34 anos, que passava próximo, também foi atingido. Ele sobreviveu. 

Já no dia 26, um homem de 25 anos, alvo de criminosos, foi baleado na Rua Alto São Benedito, em Santo Aleixo, Jaboatão dos Guararapes. Na ocasião, um jovem de 25 anos foi atingido por bala perdida. Também sobreviveu. 

"É urgente que o governo forneça solução para controle da violência armada e proteção da população, pois é um problema que afeta diariamente a vida dos pernambucanos, principalmente dos mais jovens”, pontuou a coordenadora regional do Instituto Fogo Cruzado em Pernambuco, Ana Maria Franca. 

O mais recente caso, da contadora de 54 anos, segue sob investigação da Polícia Civil. Nenhum suspeito de matar ela e o ex-PM foi preso até agora. 

EXPECTATIVA POR NOVO PROGRAMA DE SEGURANÇA PARA PERNAMBUCO

O Grande Recife teve 890 tiroteios no primeiro semestre de 2023, segundo o Instituto Fogo Cruzado. A média foi de cinco tiroteios por dia. O número de registros é próximo do acumulado no primeiro semestre de 2022, que concentrou 894 tiroteios.

Em seis meses, 1.013 pessoas foram baleadas - 728 foram mortas e 285 ficaram feridas. A média é de seis pessoas baleadas a cada 24 horas. Em 2022, houve 1.035 pessoas baleadas nos primeiros seis meses: 707 mortas e 328 feridas.

"Dados como os do relatório semestral (do instituto) são parte fundamental para entender o problema da violência no estado de Pernambuco e começar a pensar em soluções que de fato tragam segurança para a vida dos moradores da região metropolitana", afirmou Ana Maria Franca. 

A promessa do governo de Pernambuco é de lançar, até o final de julho, o programa Juntos pela Segurança, em substituição ao Pacto pela Vida.

Workshop, grupos de trabalho, análise de dados e reuniões entre secretarias do Estado ajudaram na construção do novo programa de segurança, que prevê novos investimentos em repressão e prevenção à violência, além de concursos para diminuir o déficit de policiais civis e militares. 

A meta do Pacto pela Vida era de redução anual de 12% no número de mortes violentas. Mas, nos 16 anos do PSB no poder, poucas vezes a meta foi atingida. O governo Raquel Lyra ainda não divulgou qual será a nova meta. 

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