FEMINICÍDIO

Policial militar que matou namorada em Carpina vira réu; ele segue preso

SDS também decidiu afastar o PM das funções públicas por 120 dias, a partir desta quinta-feira (17)

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Raphael Guerra

Publicado em 17/08/2023 às 10:43 | Atualizado em 17/08/2023 às 10:51
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O cabo da Polícia Militar Jaleson de Santana Freitas, de 37 anos, apontado como o responsável pelo feminicídio da namorada, a promotora de vendas Simeia da Silva Nunes, 33, em Carpina, Mata Norte de Pernambuco, virou réu. Nessa terça-feira (15), a Justiça aceitou a denúncia encaminhada pelo Ministério Público.

O crime, registrado por câmeras de segurança, aconteceu na saída de um bar, em 29 de julho deste ano. No primeiro momento, a vítima aparece sentada na mesa do estabelecimento acompanhada do namorado. Durante discussão, o PM empurra a mulher, que quase cai da cadeira. A vítima é puxada pelos cabelos, derrubada no chão e atingida com chutes na cabeça.  

As imagens ainda mostraram que a mulher consegue se levantar e sai do bar. Ela chama um mototaxista que está próximo ao estabelecimento. No momento em que ela tenta subir na moto, o policial militar passa em um carro branco e dispara vários tiros. A promotora de vendas foi atingida no peito. Já o mototaxista de 38 anos foi baleado no braço esquerdo e na coxa esquerda. Os dois foram socorridos e encaminhados ao hospital, mas a mulher não sobreviveu. 

Jaleson foi denunciado pelos crimes de homicídio quadruplamente qualificado (motivo fútil, com emprego de meio cruel, mediante recurso que dificulte a defesa da vítima e feminicídio) e tentativa de homicídio qualificado (referente ao taxista baleado). 

O QUE DIZ O JUIZ NA DECISÃO?

"As testemunhas ouvidas na delegacia indicaram o réu como autor dos disparos, reconhecendo-o após assistirem os vídeos que 'viralizaram' nas redes sociais e que mostravam as agressões físicas praticadas pelo réu contra Simeia no 'Bar do Tony' e os disparos contra Simeia e o José Marcelo (taxista) no meio da rua. Além disso, foram juntados, ao auto, os referidos vídeos de câmeras de segurança, robustecendo a prova testemunhal", afirmou, na decisão, o juiz André Rafael de Paula Batista Elihimas, da Vara Criminal da Comarca de Carpina. 

"A periculosidade do réu ainda se revela pelo uso de arma de fogo para a prática do crime, visto que se utilizou de instrumento que aumenta exponencialmente a letalidade (violência) da agressão, reduzindo as chances de sobrevivência da vítima, o que já justifica a sua segregação", continuou o magistrado, que decidiu manter a prisão preventiva do policial militar. 

"Cite-se o denunciado para que tome ciência das acusações imputadas na denúncia e para que, em dez dias, apresente defesa escrita através de advogado", pontuou o juiz. 

VEJA IMAGENS:

SDS DECIDE AFASTAR POLICIAL MILITAR DAS FUNÇÕES PÚBLICAS

Mesmo com o cabo Jaleson de Santana Freitas já preso preventivamente, a Secretaria de Defesa Social (SDS) publicou portaria, nesta quinta-feira (17), determinando que ele seja afastado das funções públicas por 120 dias, podendo o tempo ser prorrogado. 

O afastamento cautelar, como pontua a SDS, tem o objetivo de "garantir a ordem pública", "já que recai sobre ele indícios de práticas de atos incompatíveis com as funções públicas".

FEMINICÍDIOS EM PERNAMBUCO

De acordo com estatísticas da SDS, 39 mulheres foram vítimas de feminicídio em Pernambuco entre janeiro e julho de 2023. No mesmo período do ano passado, foram 45 registros. A queda foi de 13,3%. 

Apesar disso, em julho deste ano houve aumento de feminicídios no Estado cresceu. Foram nove mortes contra cinco no mesmo mês de 2022.  

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