Alunas de colégio particular do Recife são vítimas de falsos nudes; polícia apura o caso
Pais procuraram a Delegacia de Apuração de Atos Infracionais para denunciar que estudantes tiveram as imagens manipuladas por aplicativo de inteligência artificial
Assim como ocorreu no Rio de Janeiro, estudantes de um colégio particular localizado no bairro das Graças, na Zona Norte do Recife, também foram vítimas de montagens de fotos nuas com uso de inteligência artificial. Pais das vítimas, junto a representantes da instituição de ensino, procuraram a polícia para prestar queixa nessa segunda-feira (6).
O caso está sendo tratado com sigilo pela Polícia Civil de Pernambuco. Nos boletins de ocorrência, vítimas teriam relatado quem seriam os possíveis alunos responsáveis pela manipulação e compartilhamento dos falsos nudes. O número de estudantes que tiveram fotos divulgadas não foi revelado oficialmente, mas elas têm entre 13 e 14 anos.
A instituição de ensino se pronunciou sobre o caso por meio de nota oficial. "O Colégio Marista São Luís, em Recife (PE), orientou e prestou atendimento às famílias das vítimas, alunas que tiveram a imagem manipulada por aplicativo de inteligência artificial, tão logo soube do fato nesta segunda (6). A equipe do colégio acompanhou os familiares para registrar queixa na Delegacia de Apuração de Atos Infracionais - DEPAI e também fez denúncia no Conselho Tutelar", disse o comunicado enviado à imprensa.
As fotos alteradas teriam sido divulgadas por meio de um aplicativo de mensagens.
Na manhã desta terça-feira (7), uma reunião foi realizada com pais dos estudantes para tratar do assunto, na própria instituição de ensino.
"O Colégio lamenta o fato e se solidariza com as vítimas, prestando o apoio necessário. A Instituição reitera o compromisso em apurar o ocorrido internamente e aplicar rigorosamente as sanções disciplinares previstas no regimento escolar. Paralelamente, irá auxiliar nas investigações policiais", afirmou o texto da escola particular.
"O Marista ressalta que investe ao longo do ano letivo em campanhas de esclarecimento sobre o uso de redes sociais e ferramentas de inteligência artificial, além de prevenção ao Bullying e CiberBullying, incluindo a presença de especialistas no assunto para abordar o tema com a comunidade educativa", completou.
A coluna Segurança não conseguiu contato com o gestor do Departamento de Polícia da Criança e do Adolescente (DPCA) para falar sobre a investigação.
Os autores das montagens podem responder por ato infracional equivalente ao crime previsto no art. 241-C do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA): "Simular a participação de criança ou adolescente em cena de sexo explícito ou pornográfica por meio de adulteração, montagem ou modificação de fotografia, vídeo ou qualquer outra forma de representação visual".
CASO SEMELHANTE NO RIO DE JANEIRO
Na semana passada, mais de 20 alunas de um colégio particular da zona oeste do Rio de Janeiro também foram vítimas dos falsos nudes.
Segundo depoimentos dos pais, estudantes do Colégio Santo Agostinho teriam utilizado um aplicativo para produzir as imagens falsas de colegas.
De acordo com eles, a partir de uma foto da pessoa vestida, a ferramenta analisa suas características e substitui a imagem por um corpo bastante semelhante, só que nu. Esse tipo de app é chamado de "deep nude".
O caso está sendo investigado pela polícia. Nessa segunda-feira, vítimas prestaram depoimento.
Por meio de nota, o Colégio Santo Agostinho declarou aos pais de alunos em que lamenta o episódio e afirma que "serão tomadas as medidas disciplinares aplicadas aos fatos cometidos, em tutela escolar".