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Justiça condena acusados de matar turista alemão em assalto no Centro do Recife

Dois réus receberam penas superiores a 20 anos de prisão. Outros dois foram absolvidos por falta de provas

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Cadastrado por

Raphael Guerra

Publicado em 07/06/2024 às 10:02 | Atualizado em 07/06/2024 às 10:57

A Justiça condenou dois homens acusados pelo latrocínio (roubo seguido de morte) do turista alemão Werner Duysen Gurkasch, de 81 anos. A vítima, que estava acompanhada do marido, foi abordada perto da Basílica de Nossa Senhora do Carmo, na Avenida Dantas Barreto, bairro de Santo Antônio, na área central do Recife, em 8 de dezembro de 2022.

O JC teve acesso à íntegra da sentença. Jonas Félix de Souza foi condenado inicialmente a 24 anos de prisão, além de 25 dias-multa. Mas teve a pena diminuída para 20 anos, porque confessou o crime. Também foi determinado que ele pague o valor de R$ 5 mil aos familiares/dependentes da vítima a título de indenização pelos prejuízos causados em consequência do crime. 

O outro condenado foi Marcílio Ferreira da Silva Júnior, que recebeu pena de 22 anos de prisão e 30 dias-multa. Ele não confessou o crime, por isso não teve a pena atenuada. 

A sentença foi assinada pelo juiz João Ricardo da Silva Neto, da 4ª Vara Criminal da Comarca do Recife. Na decisão, o magistrado excluiu o delito de associação criminosa, por falta de provas. Além disso, outros dois réus também foram absolvidos. 

Jonas e Marcílio permanecerão cumprindo pena em regime fechado. A defesa de ambos pode recorrer da condenação. 

CRIME NO CENTRO DO RECIFE

FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
Assaltos perto da Basílica de Nossa Senhor do Carmo são comuns, mesmo no horário da manhã e em dias úteis - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM

Werner Duyse Gurkasch e o marido, Wolfgang Duysen, 79, estavam em um cruzeiro, oriundo da África, em direção ao Rio de Janeiro. Na manhã de 8 de dezembro de 2022, houve uma parada no Porto do Recife, onde os turistas tiveram a oportunidade de sair para passear pela área central da capital pernambucana. 

Na caminhada, o casal parou para fazer fotos perto da basílica. Ambulantes que trabalham na área contaram à polícia que os turistas foram abordados por dois criminosos, que teriam anunciado o assalto em português. Os estrangeiros não entenderam e acabaram sendo feridos. 

Consta na denúncia do Ministério Público que Jonas Félix e Marcílio agiram de forma violenta e arrancaram o relógio de pulso e agrediram a vítima, que foi empurrada e bateu a cabeça contra o chão. "Na mesma ocasião, os denunciados continuaram a agredir fisicamente a vítima, resultando em diversos hematomas pelo corpo, conforme consta da perícia tanatoscópica."

Além do relógio, a dupla fugiu com celulares e os óculos de sol das vítimas. 

Bastante ferido, Werner foi levado para o Hospital Santa Joana, onde faleceu seis dias depois. Já Wolfgang Duysen teve apenas ferimentos leves. 

PRISÕES

O primeiro a ser preso foi Jonas, poucos dias após o latrocínio, depois ser flagrado praticando outro roubo no mesmo lugar. Ele estava com um comparsa (que não tem relação com o assalto aos turistas). À polícia, Jonas confessou o assalto aos turistas. Os óculos roubados, inclusive, foram recuperados.

Marcílio foi capturado dois meses depois. Ele estava perto do Clube das Pás, no bairro de Campo Grande, Zona Norte do Recife, no momento da abordagem de rotina. Segundo a Polícia Militar, ele não apresentou documentos e ainda disse um nome falso. A polícia disse acreditar que ele iria praticar assaltos contra idosos na saída do clube. 

CASAL PARTICIPOU DA 1ª UNIÃO GAY RECONHECIDA EM HAMBURGO, NA ALEMANHA

Werner Duysen passou anos lutando na Justiça para ter o direito a se casar com Wolfgang Duysen. Eles passaram 50 anos juntos.

O casamento oficial aconteceu em 1º de outubro de 2017. Reportagem publicada na imprensa internacional, na época, descreveu que os alemães foram o primeiro casal gay a se unir após a aprovação da lei, em Hamburgo, na Alemanha, que autorizou o casamento entre pessoas do mesmo sexo e com o direito de adotar filhos juntos.

Outros casais homossexuais participaram da mesma cerimônia e se casaram.

A luta de Werner e Wolfgang pelo reconhecimento da união começou em 2009, quando eles processaram o Tribunal de Justiça Federal.

"Esperamos por este momento há muitos anos", disseram, antes do casamento, Werner e Wolfgang Duysen. “Finalmente somos iguais.”

Em 26 de novembro de 1997, quando completaram 25 anos de relacionamento, eles chegaram a se casar, usando vestidos de noiva, no Havaí. Já em agosto de 2001, registraram a união civil (que, na época, não tinha valor legal).

 

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