Há exatos 12 dias, com muito estardalhaço e dezenas de policiais ocupando a Praça Dom Vital, no bairro de São José, a Polícia Militar de Pernambuco anunciou a Operação Papai Noel. Na teoria, um reforço de lançamentos de militares nos principais centros comerciais do Estado para garantir tranquilidade nas compras de fim de ano. Só para o Centro do Recife, 2.420 profissionais foram prometidos até a véspera de Natal.
Mas a morte do turista alemão, confirmada nesta quarta-feira (14), seis dias após ele ter ficado ferido durante um assalto na Avenida Dantas Barreto, uma das principais áreas comerciais do Centro do Recife, deixa claro que a operação é ineficaz e falta policiamento ostensivo para conter a criminalidade.
Importante destacar que, mesmo com o reforço, as abordagens criminosas continuam acontecendo durante o dia na Avenida Dantas Barreto. Em cerca de dez minutos, nessa terça-feira, a equipe de reportagem da TV Jornal flagrou dois assaltos no Pátio do Carmo, onde fica a Basílica de Nossa Senhora do Carmo - templo que precisou contratar seguranças privados e reduzir o número de missas em horários mais perigosos para diminuir os assaltos aos fiéis.
Há anos o Centro do Recife clama por mais policiamento. Mas a realidade segue bem diferente. O número de policiais militares nas ruas, em geral, só faz cair. E câmeras de monitoramento - quando estão funcionando - parecem não mais inibir a ação de criminosos.
Quem frequenta a Avenida Dantas Barreto sabe que os assaltos são frequentes, que há grupos que roubam e grupos que, instantes depois, já compram as mercadorias. Só a polícia parece não ter conhecimento disso.
Mas o que esperar de um Estado que deveria ter, no mínimo 27 mil policiais militares, mas, atualmente, só conta com pouco mais de 16 mil?
O governo de Pernambuco sabe que há um déficit histórico de policiamento. Em 2017, prometeu concursos anuais para reforçar a segurança, mas, há poucos dias do fim da gestão Paulo Câmara, sequer lançou o edital de seleção prometido para este segundo semestre - e sem, previsão de novas contratações.
Na última segunda-feira (12), pasmem, o comandante geral da Polícia Militar de Pernambuco, coronel José Roberto de Santana afirmou, em entrevista à rádio CBN Recife, que o número de policiais militares era "suficiente". Ao lado dele, o secretário de Defesa Social, Humberto Freire, ficou calado.
Talvez, com veículos blindados e policiais garantindo a segurança deles e de seus familiares, o policiamento seja mesmo suficiente. Mas não para uma população, exausta de tanta violência em qualquer horário do dia, que só quer ir à missa ou precisa aguardar o transporte público numa parada insegura e escura para voltar para casa.
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