Delegada pernambucana é encontrada morta em um carro na cidade de Santo Antônio de Jesus; companheiro é preso em flagrante

Patrícia Neves Jackes Aires trabalhava e residia no município da Região Metropolitana de Salvador. Suspeito já tinha sido preso por agressão

Publicado em 12/08/2024 às 20:10 | Atualizado em 12/08/2024 às 21:37

O corpo da delegada pernambucana Patrícia Neves Jackes Aires, de 39 anos, foi encontrado no banco do carona de um veículo, em uma área de mata, na manhã do último domingo (11), na cidade de São Sebastião do Passé, Região Metropolitana de Salvador (RMS). A Polícia Civil autuou em flagrante o companheiro dela, Tancredo Neves Feliciano de Arruda, por crime de feminicídio.

De acordo com a Polícia Civil, o homem é o principal suspeito do crime, "cujas investigações encontram-se nas fases preliminares, com perícias em curso, análises de imagens de câmeras de vigilância e outras diligências investigativas". "Ainda não existem elementos que confirmem a informação acerca de um suposto sequestro que desencadeou na morte da delegada", diz nota da PC, em relação ao surgimento da verão nas primeiras horas do dia.

A Polícia Civil da Bahia disse que lamenta "profundamente a morte da servidora, que estava lotada no plantão da Delegacia Territorial de Santo Antônio de Jesus, e informa que está empenhada com todos os seus departamentos para esclarecer plenamente as circunstâncias do caso e realizar todas as providências de polícia judiciária cabíveis".

A nota diz ainda que a delegada-geral da Polícia Civil da Bahia, Heloísa Campos de Brito, "compartilha o luto com família e amigos". "Um dia de muita tristeza na nossa instituição, com uma trágica perda para todos nós. Estamos dedicando todos os nossos recursos e esforços para dar a resposta necessária a esse crime terrível contra Patrícia Jackes", declara.

Família desolada

A aposentada Maria José, mãe da delegada Patrícia Neves Jackes Aires, ficou desolada com a morte da filha. "Está doendo muito. É a pior notícia da minha vida. Minha filha tinha só 39 anos, vai ser difícil receber o corpo dela. O meu netinho está vindo com o pai para a gente contar para ele que a mãe morreu. Vai ser uma dor terrível porque ele amava a mãe mais que tudo e ela amava ele mais que tudo", falou Maria José.

De acordo com os familiares da delegada, o velório será realizado a partir das 8h, desta terça-feira (13), no Cemitério Parque das Flores, localizado no bairro de Tejipió. Já o sepultamento será às 14h. 

Companheiro já tinha sido preso por agressão

Acusado de matar a delegada Patrícia Neves Jackes Aires, o companheiro dela, Tancredo Neves Feliciano de Arruda, preso em flagrante no domingo (11), já tinha sido detido por agressão a ela em Santo Antônio de Jesus, onde a vítima trabalhava e residia. Antes do São João deste ano, ele foi levado à delegacia com base na Lei Maria da Penha, depois de ter quebrado um dos dedos da esposa.

Segundo moradores da cidade, o companheiro da delegada, morta aos 39 anos, foi solto após a própria vítima pedir sua liberdade. Logo depois, o casal passou a ser visto na cidade. Patrícia, inclusive, o apresentava como marido.

Informações dão conta ainda de que ele já tinha agredido Patrícia outras vezes. A vida conturbada do casal era conhecida pelos vizinhos e pela própria polícia, que foi acionada mais de uma vez para ir à residência após brigas. O acusado teria, ainda, um histórico de violência contra outras mulheres.

Embora a Polícia Civil não tenha informado as circunstâncias da morte da delegada, vestígios de sangue foram encontrados na casa dela, no Condomínio Residencial Vila Olímpica, no bairro do Cajueiro.

Em nota, a Polícia Civil informou que o acusado foi autuado em flagrante por feminicídio, após o corpo da vítima ser encontrado no banco do carona do seu veículo, em uma área de mata, no município de São Sebastião do Passé. Fontes ligadas à polícia disseram que havia diversas contradições no depoimento dele.

Suspeito exercia medicina ilegalmente

Tancredo Neves Feliciano de Arruda, principal suspeito de matar a delegada Patrícia Neves Jackes Aires, em São Sebastião do Passé, tem uma série de passagens pela polícia em seu histórico. Além de ter sido preso por agressões contra a vítima anteriormente, Tancredo Neves foi indiciado pela Polícia Civil por exercício ilegal da medicina e falsidade ideológica.

Uma investigação foi iniciada em 2022 pela Delegacia Territorial de Euclides da Cunha, e a polícia concluiu que Tancredo Neves não tinha competência para exercer a medicina em território brasileiro. Ainda de acordo com a Polícia Civil, o inquérito foi concluído e encaminhado ao Ministério Público da Bahia (MP-BA). Ele deve passar por audiência de custódia nesta segunda-feira (12).

O órgão foi questionado sobre o andamento do processo, mas não retornou até a publicação desta matéria. A pena prevista para o exercício ilegal da medicina é detenção de 6 meses a 2 anos.

"Ele se formou em outro país e não passou pelo Revalida. Então, não poderia exercer a profissão de medicina no Brasil", lembrou a delegada Rogéria Araújo, coordenadora do Departamento de Polícia do Interior (Depin).

Em nota, o Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia (Cremeb) informou que não há nenhum médico registrado com o nome do indivíduo suspeito de envolvimento no assassinato da delegada Patrícia Neves Jackes Aires. 

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