'Arrancaram meu coração', diz mãe de motoqueiro de aplicativo morto por PM em Camaragibe
Pais de Thiago Fernandes Bezerra fizeram desabafo, na tarde desta segunda-feira (2), ao chegarem em velório. "Por causa de 7 reais tiraram uma vida?"
Perplexos e tomados pela dor, os pais do motoqueiro de aplicativo Thiago Fernandes Bezerra, morto por um policial militar em Camaragibe, fizeram um desabafo quando chegaram ao velório, na tarde desta segunda-feira (2).
"Arrancaram o meu coração. Quero que a justiça seja feita. Tiraram a vida do meu filho, ele estava trabalhando. A minha vida acabou. Ninguém tem noção do que estou passando", disse Otacília Fernandes.
"Meu filho tinha 23 anos. Ele era trabalhador, não fazia mal a ninguém. Meu coração está sangrando. Que a justiça seja feita. Meu filho é mais um", afirmou.
O sargento Venilson Cândido da Silva, de 50 anos, teve a prisão preventiva decretada pela Justiça.
O pai de Thiago, Sérgio Luiz, também cobrou punição para o policial militar.
"A gente só pede justiça. É um momento muito difícil. Esse cara precisa ser punido para não fazer isso com outras pessoas. Meu filho não teve nem chance de defesa. Foi uma covardia. Por causa de 7 reais, tiraram a vida do meu filho", disse.
Durante o velório, motoqueiros e amigos da vítima realizaram um novo ato, na Rua Padre Oséias Cavalcante, cobrando mais segurança e pedindo justiça. Aos gritos, repetiam que uma vida foi perdida por causa de R$ 7.
O corpo de Thiago foi enterrado ainda na tarde desta segunda-feira, no cemitério da cidade.
O QUE SE SABE SOBRE O CRIME?
O crime aconteceu na Rua Barão de São Francisco, no bairro Alberto Maia, após o policial militar sair da moto pilotada por Thiago. O suspeito teria se negado a pagar a corrida de R$ 7. Houve uma discussão, como mostrou uma câmera de segurança.
"Vai fazer o quê? Vai fazer o quê? Vai atira aí", disse Thiago Fernandes, de braços abertos. Logo depois, o PM atirou na vítima, que morreu no local.
Venilson chegou a fugir, mas foi localizado em um ônibus na Avenida Belmino Correia. Sofreu várias agressões por populares e, por pouco, não foi linchado, segundo a Polícia Militar.
Ele foi socorrido numa viatura e encaminhado para o Hospital da PM. Depois foi autuado em flagrante por homicídio e teve a prisão preventiva decretada pela Justiça.
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Em nota oficial, a Polícia Militar de Pernambuco disse que aprendeu um revólver calibre 38 com o suspeito e "abrirá um processo administrativo, que poderá resultar na expulsão da Corporação".
O caso está sendo investigado pela 10ª Delegacia de Polícia de Homicídios (DPH).