Justiça decreta prisão de PM que matou motoqueiro de aplicativo em Camaragibe
Venilson Cândido da Silva vai ser encaminhado ao Centro de Reeducação da PM (Creed). Também vai responder a processo administrativo e deve ser expulso
A Justiça decretou a prisão preventiva do policial militar que matou o motoqueiro de aplicativo Thiago Fernandes Bezerra, de 23 anos, no domingo (1º), em Camaragibe, no Grande Recife. O sargento Venilson Cândido da Silva, 50, será encaminhado ao Centro de Reeducação da PM (Creed), em Abreu e Lima.
O crime aconteceu na Rua Barão de São Francisco, no bairro Alberto Maia, após o policial militar sair da moto pilotada por Thiago. O suspeito teria se negado a pagar a corrida de R$ 7. Houve uma discussão, como mostrou uma câmera de segurança.
"Vai fazer o quê? Vai fazer o quê? Vai atira aí", disse Thiago Fernandes, de braços abertos. Logo depois, o PM atirou na vítima, que morreu no local.
Venilson chegou a fugir, mas foi localizado em um ônibus na Avenida Belmino Correia. Sofreu várias agressões por populares e, por pouco, não foi linchado, segundo a Polícia Militar.
Ele foi socorrido numa viatura e encaminhado para o Hospital da PM. O sargento foi autuado em flagrante por homicídio.
Na manhã desta segunda-feira (2), amigos e colegas de trabalho do motoqueiro realizaram um protesto pedindo por justiça. Thiago trabalhava para se sustentar e pagar a moto alugada.
"DEVE SER EXPULSO", DIZ SECRETÁRIO
O secretário de Defesa Social, Alessandro Carvalho, classificou como um "crime bárbaro" o assassinato de Thiago Fernandes Bezerra. E afirmou que um processo administrativo disciplinar será instaurado para apurar a conduta do PM.
"Foi sem nenhuma razão. Ele (policial) desceu da garupa de um mototáxi e, após um breve diálogo, que eu não sei do que se tratava, ele puxou a arma, atirou e matou aquele trabalhador. Isso é uma exceção dentro de uma corporação como a Polícia Militar, que tem 16 mil homens e mulheres que acordam todos os dias e colocam suas vidas em risco para proteger a sociedade", afirmou Carvalho, em entrevista ao JC nesta segunda-feira (2).
"Infelizmente, nós tivemos esse caso e ele vai responder pelo ato dele. Já está preso e deve ser expulso da corporação", completou o gestor estadual.
Em nota oficial, a Polícia Militar de Pernambuco disse que aprendeu um revólver calibre 38 com o suspeito e "abrirá um processo administrativo, que poderá resultar na expulsão da Corporação".
O caso está sendo investigado pela 10ª Delegacia de Polícia de Homicídios (DPH).