"Casos de violência policial exigem medidas rigorosas e planejamento", afirma especialista em segurança

Em entrevista à Rádio Jornal, especialista avalia desafios na segurança pública e reforça importância de lideranças conectadas às realidades locais

Publicado em 05/12/2024 às 18:12 | Atualizado em 05/12/2024 às 18:27
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Os episódios recentes de violência policial em São Paulo e em outros estados brasileiros reacenderam o debate sobre a gestão da segurança pública no país. Esses casos destacam questões relacionadas ao treinamento, liderança e cultura organizacional nas polícias estaduais, além do papel do governo federal em padronizar e apoiar as iniciativas locais.

O coronel José Vicente, ex-secretário nacional de Segurança Pública, em entrevista à Rádio Jornal, discutiu esses desafios e apontou caminhos para melhorar o sistema nesta quinta-feira (5).

Ele destacou que, embora São Paulo possua um dos treinamentos policiais mais avançados do Brasil, com formação de 13 meses e monitoramento rigoroso, ainda enfrenta desvios éticos em situações de crise.

"O que acontece normalmente, qualquer polícia do mundo, é que o policial ele aprende o modo de fazer corretamente, aprende os valores éticos da sua instituição e depois descomplica porque resolveu", afirmou.

Discurso de liderança 

Vicente também fez críticas a discursos que, segundo ele, incentivam uma liberalidade no uso da força por parte das tropas.

"O governador vem à mídia, dá um recado para todo mundo e a sua tropa de policiais traduz isso como uma liberalidade. [...] Isso leva o policial, na hora decisiva, a avaliar as consequências do ato que ele vai cometer.", disse, apontando para um problema de liderança e a "necessidade de reforçar padrões éticos".

Sobre uma maior ingerência do governo federal, ele falou de forma cautelosa que mudanças constitucionais não resolveriam problemas estruturais, mas defendeu o papel do governo em padronizar equipamentos e treinamento, como o uso de câmeras corporais. 

"Ah, uma gestão Federal, ela tem muita importância porque ela pode, por exemplo, padronizar e financiar equipamento de última geração. Como estão fazendo agora com as câmeras corporais. Deve induzir os estados", pontuou.

Os desafios

Quando questionado sobre Pernambuco, o coronel apontou a necessidade de uma liderança local bem preparada e conectada à realidade do estado. Ele mencionou a importância de estratégias específicas e articulação com as polícias. 

"Seria necessário alguém muito envolvido com Pernambuco, o povo pernambucano, que conheça profundamente, que tenha ligações com os policiais civis e militares para junto desenvolver uma estratégia de superação dos problemas", disse ele.

José Vicente elogiou iniciativas tecnológicas no estado, como o mapeamento criminal, mas destacou a necessidade de maior planejamento e gestão para alcançar resultados mais eficazes.

Perspectivas

O coronel também analisou o cenário nacional, destacando a disparidade nos índices de violência policial entre os estados. Ele citou o Rio de Janeiro como exemplo de desafios administrativos, mencionando a falta de coordenação e níveis elevados de corrupção.

Ao final, ele reforçou a importância de um planejamento claro e lideranças competentes para enfrentar os desafios da segurança pública. "Sem um plano na mão, não se sabe para onde vai, não se sabe se chegou".

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