MPPE reanalisa processo da morte de Darik Sampaio, atingido por tiros disparados pela PM
Subprocuradoria-Geral de Justiça vai apresentar parecer sobre investigação, que não identificou o militar que atirou duas vezes no adolescente
O futuro do processo sobre a morte do adolescente Darik Sampaio da Silva, de 13 anos, atingido por dois tiros disparados pela Polícia Militar de Pernambuco, está nas mãos da Subprocuradoria-Geral de Justiça. Um parecer sobre o caso será apresentado, após a 1ª Vara do Tribunal do Júri Capital negar o pedido de arquivamento.
O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) informou que o processo já está sendo analisado e que, em breve, será emitido um pronunciamento. Não há prazo definido para esse resultado, que é aguardado com expectativa pelos parentes do adolescente, que era atleta da equipe de futsal sub-14 do Sport Club do Recife.
Darik foi morto durante perseguição policial contra suspeitos de roubar um carro, na Rua Professora Arcelina Câmara, bairro do Jordão, Zona Sul do Recife, em março deste ano. Ele conversava com duas amigas, na calçada da casa de uma delas, quando foi atingido por duas balas "perdidas".
Na época, a Polícia Militar de Pernambuco declarou que houve uma troca de tiros, mas a investigação da Polícia Civil, baseada em perícias, apontou que apenas os militares envolvidos na ocorrência atiraram. A conclusão do inquérito, porém, afirma que não foi possível identificar qual PM atirou em Darik. Eles, inclusive, se negaram a participar da reprodução simulada.
Por causa disso, o promotor Ademilton Carvalho Leitão apresentou parecer à Justiça solicitando o arquivamento do caso. Mas a juíza Fernanda Moura de Carvalho não concordou e, em decisão na semana passada, afirmou que a decisão de arquivamento era "precipitada".
"POUCO ESMERO NA INVESTIGAÇÃO", AVALIA JUÍZA
Nos autos, a magistrada destacou que "não se trata da ausência de possíveis autores, mas na existência de um leque de possíveis autores. Da leitura dos autos, algumas perguntas surgem e não estão satisfatoriamente respondidas, não por falta de elementos, mas por pouco esmero na investigação".
"A elaboração de perícia técnica capaz de definir a trajetória dos disparos, estabelecendo de onde teria partido os tiros, o ângulo em que a bala atingiu a vítima; estudo que firmasse que tipo de projetil de arma de fogo provocaria o tipo de lesão que causou na vítima. São exemplos. Apenas com resposta a tais questionamentos se poderia filtrar algum dos envolvidos como provável autor", disse a decisão, que determinou o retorno do processo para a reanálise no MPPE.