PE lança campanha de combate à violência contra mulheres trans e travestis
Lésbicas e mulheres bissexuais também estao no foco da campanha do Governo do Estado
A vice-governadora de Pernambuco, Luciana Santos, e a secretária Estadual da Mulher, Ana Elisa Sobreira, selaram parceria de enfrentamento à LGBTfobia. Elas lançaram, na segunda-feira (19), a campanha "Sim ao Respeito. Não à Violência contra as Mulheres Trans, Travestis, Lésbicas e Bissexuais".
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A campanha, de combate ao preconceito e à morte de mulheres pela sua condição de gênero ou orientação sexual, será veiculada nos ônibus, metrô, equipamentos públicos do Estado de Pernambuco e também nos 184 municípios mais o Arquipélago de Fernando de Noronha.
"Essa é mais uma ação que vai acontecer em caráter contínuo, com objetivo de sensibilizar a sociedade e somar esforços no sentido de construirmos um ambiente de respeito e oportunidades para esse grupo de mulheres, tradicionalmente marginalizadas pelo preconceito e pela cultura do ódio", publicou a vice-governadora, Luciana Santos, em rede social.
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O enfrentamento da violência contra mulheres trans, travestis, lésbicas e bissexuais é urgente. Há pouco, em menos de um mês, entre junho e julho, quatro mulheres trans foram assassinadas no Estado. Kalyndra, de 26 anos; Crismilly, 37; Fabiana, 30, e Roberta, 33.
Transfobia mata
No dia 18 de junho, o corpo de Kalyndra Selva Guedes Nogueira da Hora foi encontrado dentro da casa onde ela morava, no Ipsep, bairro da zona sul do Recife. De acordo com a polícia, o corpo tinha sinais de asfixia e, provavelmente, foi encontrado dias após o crime. O principal suspeito do assassinato é o companheiro da mulher.
Na madrugada do dia 24 de junho, Roberta Nascimento Silva foi queimada viva no Cais de Santa Rita, região central do Recife. Após dias internada em estado grave, ela faleceu em 9 de julho. À codeputada estadual Robeyoncé Lima (Psol/Juntas), antes de ser intubada no Hospital da Restauração, disse que o crime foi motivado por discriminação. O autor, um adolescente de 17 anos, foi apreendido e cumpre medida socioeducativa.
No dia 5 de julho, o corpo da cabeleireira Crismilly Pérola Bombom foi encontrado com um tiro, no bairro da Várzea, zona oeste do Recife. A família acredita que a cabeleireira foi vítima de transfobia. Um mês antes de morrer, ela já havia sido vítima de um ataque transfóbico. Até então, ninguém foi preso.
Já no dia 7 de julho, Fabiana da Silva Lucas foi morta com várias facadas às margens da PE-160, em Santa Cruz do Capibaribe, no Agreste de Pernambuco. Antes de morrer, Fabiana havia perguntado onde era o banheiro e foi surpreendida pelo criminoso quando se aproximava do local indicado. Um homem de 22 anos de idade, identificado apenas como Gaúcho, foi espancado por moradores da região e internado no Hospital da Restauração, no Recife. Testemunhas descreveram Fabiana como uma mulher "tranquila" e que não se envolvia em confusões.
Um País violento
No ano passado, 237 pessoas LGBTQIA+ morreram no Brasil, de acordo com dados do Observatório de Mortes Violentas de LGBTI+ no Brasil, produzido pelo Grupo Gay da Bahia (GGB). Deste total, 94,5% correspondem a assassinatos. No topo da lista das vítimas, estão as mulheres trans e travestis, representando 70% das mortes. Há 12 anos, consecutivamente, o Brasil é o país onde mais pessoas trans são mortas em todo o mundo.