Em tempos de “normalidade”, Porto de Galinhas, em Ipojuca, recebe mais de um milhão de turistas por ano. A maioria vem ao mais famoso balneário do Litoral Sul de Pernambuco atraída pela imagem das piscinas naturais de águas mornas repletas de peixinhos coloridos. Os arrecifes são mesmo um ícone imbatível, mas há muito mais o que ver e fazer no destino, que todos os anos se reinventa para manter seu lugar de destaque no turismo nacional e surpreender mesmo aqueles visitantes mais fiéis.
Confira algumas das opções de passeio, dentro e fora d'água, disponíveis nesta temporada.
Para aprender a preservar o meio ambiente
Um dos primeiros pontos que todo turista deveria visitar em Porto de Galinhas é o Museu da Tartaruga, mantido pela ONG Eco Associados, na Rua Caraúna (Praça 4).
O espaço funciona todos os dias, das 9h às 12h e das 14h às 17h, desempenhando um trabalho de educação ambiental que ensina a respeitar a preservar o meio ambiente, sobretudo as espécies ameaçadas, como as tartarugas marinhas.
O acervo contempla desde cascos, ovos e filhotes a tartarugas empalhadas.
Voluntários guiam a visita, explicando como transitar pelas praias atento aos sinais de presença dos animais. Em Porto de Galinhas, está um dos principais pontos de desova do Litoral Sul de Pernambuco.
Para sensibilizar turistas e moradores, a ONG também costuma comunicar em suas redes sociais sobre os dias e horários de soltura dos filhotes, que pode ser acompanhada pelo público. Não há quem não se emocione com a corrida das tartaruguinhas rumo à liberdade no mar. Em tempos de pandemia, os avisos estão suspensos para evitar aglomerações.
O valor do ingresso no museu, de R$ 20 (R$ 10 meia), é revertido para as atividades de pesquisa e preservação. "Além do aprendizado e do lazer, a contribuição ajuda a manter as riquezas naturais do nosso destino", destaca a bióloga responsável pelo espaço, Vivian Chimende.
Segundo a especialista, a Eco Associados ainda monitora os animais mortos e debilitados, esses últimos recolhidos para tratamento e reabilitação. O projeto também forma estudantes, que participam do programa de voluntariado.
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Rolê de bike foge do convencional
A principal novidade desta temporada 2020/2021 em Porto de Galinhas escapa da tradicional dobradinha sol e mar. Sob duas rodas, o visitante é convidado a adentrar matas, margear rios e subir morros para descobrir outros pontos igualmente fascinantes do balneário, longe do burburinho da Vila.
O passeio é ideal para quem gosta de juntar em um só "pacote" contato com a natureza, atividade física e conhecimento histórico-geográfico. "A emoção é sempre garantida", brinca Brian Alves. Entusiasta do cicloturismo, ele atua como microempreendedor, tentando viabilizar a Rota do Pedal em Ipojuca, com a recém-criada @TrillhasPortodeGalinhas.
De acordo com o preparo físico dos participantes, os percursos oferecidos variam de 15 a 35 quilômetros, sempre com duração máxima de três horas.
Em geral, os ciclistas saem do Centro em direção ao Loteamento Coqueiral e seguem pela mata atlântica, observando a diversidade da fauna e da vegetação que brota do mangue.
Cerca de 3,5 km depois, a primeira parada é na Ribeira, onde o Rio Maracaípe se alarga, refletindo os tons de verde dos arbustos às suas margens.
A pausa providencial para fotos e um banho refrescante, para quem já começa a sentir os efeitos do calor, também é recheada de informação. Naquele local, que compõe a Trilha dos Escravizados, ocorriam o embarque e desembarque de pessoas trazidas dos vários países africanos para trabalhar de forma forçada nos engenhos da região.
A aula de história continua alguns quilômetros de subida mais adiante, na Igreja de Nossa Senhora da Conceição do Outeiro, construída no século 17 pelos portugueses. Pertencente à ordem dos franciscanos, a construção é simples e exibe os sinais da deterioração e abandono do patrimônio, infelizmente comuns mesmo nos destinos turísticos consagrados do País.
De qualquer forma, a paisagem compensa o esforço em chegar até ali. A 137 metros acima do nível do mar, o Mirante do Outeiro proporciona uma vista única, que vai do Cabo de Santo Agostinho à Ilha de Santo Aleixo.
De lá, para os mais dispostos, o trajeto prossegue até a Trilha do Coração, assim chamada por causa do traçado sugestivo do caminho. Com agendamento prévio, também é possível visitar a casa de farinha mantida há pelo menos cinco gerações por uma família de descendentes de vítimas do tráfico negreiro no período colonial. Até hoje mantém-se ali a cultura de se fazer a tapioca de forma mais tradicional, no antigo forno a lenha. Quem passa pela propriedade não pode deixar de provar a iguaria.
Seja qual for o roteiro escolhido, o percurso termina no baobá que fica no alto de um morro entre Porto de Galinhas e Maracaípe. Abrigado pela árvore centenária, resta assistir ao pôr do sol e garantir a volta para casa com as energias renovadas.
Os passeios custam R$ 100 por pessoa, com direito a bicicleta adequada ao nível de dificuldade, capacete, acompanhamento do guia, fotos e equipamentos de segurança e manutenção, para casos de necessidade. Neste período ainda de pandemia, as saídas são realizadas apenas com grupos fechados de até seis ciclistas do mesmo convívio social.
Mesmo para quem não pedala com regularidade, o percurso de 15 km é tranquilo, porque a maior parte das subidas é suave e permite paradas para descanso.
Apesar das belezas naturais e da importância histórica da região, chama a atenção a falta de manutenção e sinalização no percurso, usado diariamente pelas comunidades que vivem no entorno. Segundo a Secretária de Turismo de Ipojuca, Carol Vasconcelos, a estruturação das Rotas do Pedal e dos Escravizados está entre as prioridades da próxima gestão da prefeita da cidade, Célia Sales, reconduzida ao cargo nas últimas eleições municipais. A providência é necessária tanto para a diversão dos visitantes, como principalmente para facilitar o deslocamento dos moradores.
Emoção nas alturas
Do alto, as praias de Porto de Galinhas ganham contornos e cores ainda mais bonitos. É o que se comprova no voo em paramotor, que decola de Maracaípe e atinge 150 metros de altura, o equivalente a um edifício de 30 andares.
A sensação de liberdade pode ser experimentada por qualquer aventureiro a partir de 18 anos, inclusive pessoas com deficiência. Na companhia do instrutor Sérgio Araújo, o passageiro sobrevoa as piscinas naturais e tem um visão privilegiada do litoral.
O passeio dura de nove a 15 minutos e custa R$ 300. Geralmente, a reserva só é confirmada no dia anterior ao voo, quando é possível ter uma noção mais exata das condições do clima e da velocidade do vento.
Quem se animar e quiser fazer o curso completo para aprender a voar de forma autônoma, paga R$ 5 mil. A formação dura três meses. Mais informações: 99481-3949.
Um zoológico inusitado
Os bichos gostam tanto das visitas que fazem até pose folgada, como a iguana da foto. Com uma proposta de educação ambiental, o Zoológico Pet Silvestre permite a interação com animais que já não podem ser reintegrados à natureza.
O espaço é recente. Abriu em dezembro de 2019, depois da experiência bem-sucedida da primeira unidade, em Maragogi (AL), inaugurada em 2017. O zoo abriga 18 espécies de aves e répteis, entre elas araras, corujas, jacaré-de-papo-amarelo, lagartos, cágados, jabutis e jiboias, que despertam curiosidade e arrancam risadas de crianças e adultos.
Para 2021, a expectativa é aumentar o acervo para 60 espécies, incluindo mamíferos.
A entrada custa R$ 50 (R$ 25 meia). O Pet Silvestre fica na Rodovia Marcílio Fragoso, s/n, e funciona de terça a domingo, das 9h às 16h.
Mergulho na diversidade marinha
Com máscara e snorkel, já é possível curtir muito das belezas subaquáticas de Porto nas piscinas naturais repletas de peixinhos coloridos. Mas quem quiser uma experiência literalmente mais profunda pode aproveitar o cenário e a transparência da água para se aventurar no mergulho de cilindro.
Empresas como Aicá (98792-3127), Ganesh (99627- 3638) e Abissal (99744-0909) oferecem programas de batismo, como é chamado o mergulho para iniciantes, que permite descer até 12 metros. Antes, é preciso fazer uma breve aula teórica e um treinamento na piscina ou em área rasa da praia.
Devidamente adaptado, você até esquece o equipamento e se sente o próprio Bob Esponja. Embaixo d’água, o encontro com arraias, tartarugas e outras espécies marinhas é de uma paz que só o mar proporciona. Os passeios custam de R$ 120 a R$ 330 e o tempo submerso dura, em média, 40 minutos.
A melhor panorâmica
Com 14 metros de altura, o Farol Turístico de Porto de Galinhas é daqueles atrativos difíceis de ignorar, em especial à noite, quando ganha iluminação multicolorida.
Inaugurado no fim de 2019, o equipamento proporciona uma visão em 360 graus do balneário, incluindo as piscinas naturais e o corredor de coqueiros a caminho de Maracaípe.
O acesso, por elevadores, custa R$ 10 (R$ 5 a meia entrada), com direito a 20 minutos de permanência. Para garantir o distanciamento social, somente dez visitantes por vez são permitidos na plataforma, que tem 2 metros de largura e normalmente comporta até 20 pessoas.
Funciona das 11h às 18h, na Galeria Caminho da Praia (Av. Beira Mar, nº 32).
Praias de ponta a ponta
Embora há muitos anos já não seja permitido trafegar pela areia, o que deveria ser lei em qualquer praia, o passeio de buggy continua sendo dos mais populares em Porto.
De “ponta a ponta”, percorre-se as praias de Gamboa, Muro Alto, Cupe, da Vila e de Maracaípe, até o pontal. Mesmo para quem já conhece bem o destino, vale a pena curtir de um ângulo diferente, deixando de lado a preocupação em dirigir e achar estacionamento. Sem falar que há trechos delicinhas em meio ao coqueiral e à Mata Atlântica onde carro comum não costuma passar.
O tour dura de quatro a seis horas, com paradas para banhos, cervejinhas e quetais em cada uma das praias. O valor vai de R$ 250 a R$ 300 para até quatro clientes. Em tempos de pandemia, o uso de máscara é obrigatório e apenas pessoas do mesmo grupo de convívio devem compartilhar o veículo, que pode ser contratado nos hotéis e pousadas ou diretamente na Associação dos Bugueiros, no fim do calçadão da Rua das Piscinas Naturais. Fique de olho: os credenciados pela prefeitura têm placa vermelha e selo oficial.
De jangada, rumo às piscinas
Entra temporada, sai temporada, um clássico não perde a majestade em Porto de Galinhas: o passeio de jangada para as piscinas naturais.
De domingo a domingo, lá estão elas a postos com suas velas coloridas, prontas a deslizar nas águas tranquilas em direção aos corais.
O ingresso pode ser adquirido das 8h às 17h, no quiosque da Associação dos Jangadeiros, localizado quase em em frente ao pórtico principal da Vila, na Rua Esperança 178-242. Desde o dia 1/12, o valor foi reajustado para R$ 40. Inclui a máscara e snorkel.
Para programar o passeio, é preciso ficar de olho no movimento da maré. As saídas começam duas horas antes do ponto mínimo da vazão e vão até duas horas depois (a cada dia, a maré começa a vazar/encher entre 30 e 45 minutos mais tarde do que no dia anterior).
Com a ficha na mão, basta descer à praia e encontrar o coordenador dos passeios, que encaminha cada grupo à jangada da vez. As embarcações levam até seis passageiros.
Durante a pandemia, antes do embarque, é feita a aferição da temperatura e o uso de máscara durante a navegação é obrigatório. Também há álcool em gel disponível a bordo e os barcos são higienizados a cada viagem.
Da beira-mar até os arrecifes, são apenas 100 metros de distância percorridos em menos de 10 minutos. Ao desembarcar, preste atenção na demarcação com cordas e não ultrapasse as áreas permitidas, onde dá para caminhar e ver de cima os peixinhos coloridos.
Geralmente, o próprio jangadeiro guia o grupo. O ponto mais concorrido é a famosa piscininha em formato de mapa do Brasil. Ali a visita é apenas para contemplação e fotos, porque o banho é proibido.
Em algumas outras piscinas, como a do Aquário, o mergulho só está liberado quando a maré começa a subir, para evitar que poluentes como o protetor solar desprendido da pele dos turistas fiquem represados e se fixem nos corais. Mesmo na maré mais baixa, no entanto, sempre há locais em que é possível nadar livremente.
Quem não quiser pagar pelo passeio pode ir às piscinas de graça com os grupos guiados a pé por condutores da prefeitura. Basta se dirigir à passarela de acesso, mais à direita do pórtico principal, retirar uma pulseirinha e aguardar a vez. Por causa das restrições impostas pela covid-19, o volume de visitantes neste momento está restrito a 100 por dia.
Indo ou não de jangada, vale lembrar que caminhar nos corais, apesar de comum e ainda que em trechos restritos, não é uma atitude ecologicamente correta, porque mata os organismos vivos que habitam aquele ecossistema.
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