A principal novidade desta temporada 2020/2021 em Porto de Galinhas escapa da tradicional dobradinha sol e mar. Sob duas rodas, o visitante é convidado a adentrar matas, margear rios e subir morros para descobrir outros pontos igualmente fascinantes do balneário, longe do burburinho da Vila.
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O passeio é ideal para quem gosta de juntar em um só "pacote" contato com a natureza, atividade física e conhecimento histórico-geográfico. "A emoção é sempre garantida", brinca Brian Alves. Entusiasta do cicloturismo, ele atua como microempreendedor, tentando viabilizar a Rota do Pedal em Ipojuca, com a recém-criada @TrillhasPortodeGalinhas.
De acordo com o preparo físico dos participantes, os percursos oferecidos variam de 15 a 35 quilômetros, sempre com duração máxima de três horas.
Em geral, os ciclistas saem do Centro em direção ao Loteamento Coqueiral e seguem pela mata atlântica, observando a diversidade da fauna e da vegetação que brota do mangue.
Cerca de 3,5 km depois, a primeira parada é na Ribeira, onde o Rio Maracaípe se alarga, refletindo os tons de verde dos arbustos às suas margens.
A pausa providencial para fotos e um banho refrescante, para quem já começa a sentir os efeitos do calor, também é recheada de informação. Naquele local, que compõe a Trilha dos Escravizados, ocorriam o embarque e desembarque de pessoas trazidas dos vários países africanos para trabalhar de forma forçada nos engenhos da região.
A aula de história continua alguns quilômetros de subida mais adiante, na Igreja de Nossa Senhora da Conceição do Outeiro, construída no século 17 pelos portugueses. Pertencente à ordem dos franciscanos, a construção é simples e exibe os sinais da deterioração e abandono do patrimônio, infelizmente comuns mesmo nos destinos turísticos consagrados do País.
De qualquer forma, a paisagem compensa o esforço em chegar até ali. A 137 metros acima do nível do mar, o Mirante do Outeiro proporciona uma vista única, que vai do Cabo de Santo Agostinho à Ilha de Santo Aleixo.
De lá, para os mais dispostos, o trajeto prossegue até a Trilha do Coração, assim chamada por causa do traçado sugestivo do caminho.
Com agendamento prévio, também é possível visitar a casa de farinha mantida há pelo menos cinco gerações por uma família de descendentes de vítimas do tráfico negreiro no período colonial. Até hoje mantém-se ali a cultura de se fazer a tapioca de forma mais tradicional, no antigo forno a lenha. Quem passa pela propriedade não pode deixar de provar a iguaria.
Seja qual for o roteiro escolhido, o percurso termina no baobá que fica no alto de um morro entre Porto de Galinhas e Maracaípe. Abrigado pela árvore centenária, resta assistir ao pôr do sol e garantir a volta para casa com as energias renovadas.
Os passeios custam R$ 100 por pessoa, com direito a bicicleta adequada ao nível de dificuldade, capacete, acompanhamento do guia, fotos e equipamentos de segurança e manutenção, para casos de necessidade. Neste período ainda de pandemia, as saídas são realizadas apenas com grupos fechados de até seis ciclistas do mesmo convívio social.
Mesmo para quem não pedala com regularidade, o percurso de 15 km é tranquilo, porque a maior parte das subidas é suave e permite paradas para descanso.
Apesar das belezas naturais e da importância histórica da região, chama a atenção a falta de manutenção e sinalização no percurso, usado diariamente pelas comunidades que vivem no entorno. Segundo a Secretária de Turismo de Ipojuca, Carol Vasconcelos, a estruturação das Rotas do Pedal e dos Escravizados está entre as prioridades da próxima gestão da prefeita da cidade, Célia Sales, reconduzida ao cargo nas últimas eleições municipais. A providência é necessária tanto para a diversão dos visitantes, como principalmente para facilitar o deslocamento dos moradores.
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