#MeToo

Harvey Weinstein é condenado a 23 anos de prisão

Produtor, que era magnata hollywoodiano, foi condenado por agressão sexual e estupro

Márcio Bastos
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Márcio Bastos
Publicado em 11/03/2020 às 13:15 | Atualizado em 11/03/2020 às 14:18
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O ex-produtor de Hollywood Harvey Weinstein foi alvo de acusações de assédio sexual, que incluiu atrizes como Ashley Judd, Angelina Jolie e Salma Hayek - FOTO: Reprodução

Com informações da AFP

Harvey Weinstein, 67, foi condenado a 23 anos de prisão, segundo anunciou o juiz da Suprema Corte americana James Burke nesta quarta-feira (11). O ex-magnata de Hollywood foi declarado culpado das acusações de abuso sexual e estupro. O julgamento aconteceu em Nova York.

A sentença inclui as condenações nos casos envolvendo a assistente de produção Miriam Haley, que em 2006 foi forçada a fazer sexo oral no produtor, e pelo estupro de uma mulher que prefere não ser identificada pela imprensa, segundo informou o jornal The Guardian.

Weinstein foi ao julgamento em uma cadeira de rodas e precisou se confrontar com mulheres que também o acusaram de condutas criminosas, entre elas Annabella Sciorra, Dawn Dunning, Tarale Wulff e Lauren Young.

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A condenação de Harvey Weinstein foi considerada uma grande vitória para o movimento #MeToo, desencadeado justamente pela série de denúncias que expuseram os abusos sexuais e assédios sofridos por atrizes e pessoas envolvidas na indústria cinematográfica.

Histórico

Em outubro de 2017, quando foram reveladas as acusações contra Weinstein, em matéria do The New York Times, várias denúncias foram feitas em relação ao produtor e a outras figuras de Hollywood. Harvey Weinstein foi acusado de ter assediado ou tentado assediar e intimidar nomes como Ashley Judd, Angelina Jolie e Salma Hayek. Ao todo, mais de 100 mulheres acusaram o produtor de  abuso, agressão sexual e estupro. 

Confira a cronologia das denúncias:

Essas são as principais datas do escândalo que deu origem ao movimento #MeToo, uma iniciativa que combate a violência contra a mulher.

– 5/10/17: Vem à tona o escândalo

O jornal New York Times publica uma grande investigação detalhando várias alegações de assédio sexual e agressão contra Weinstein ao longo de três décadas. As atrizes Ashley Judd e Rose McGowan são as acusadoras mais conhecidas.

O jornal revela que Weinstein chegou a acordos financeiros com pelo menos oito mulheres para guardarem silêncio sobre os abusos. “Percebo que a maneira como me comportei com colegas no passado causou muita dor e lamento profundamente”, disse Weinstein.

Seu advogado afirma que o ex-produtor “nega muitas das acusações, que são totalmente falsas”.

O conselho de administração da produtora de filmes Weinstein Company, da qual o magnata controla com seu irmão Bob, é forçado a demiti-lo alguns dias depois.

– 10/10/17: Primeira acusação de estupro

A atriz e diretora de cinema italiana Asia Argento diz à revista The New Yorker que Weinstein a estuprou em 1997. Duas outras mulheres também o acusam de agressão sexual.

As atrizes Gwyneth Paltrow, Angelina Jolie e Rosanna Arquette se unem à lista de mulheres que denunciam Weinstein por assédio.

Uma porta-voz de Weinstein indica que o produtor nega todas as acusações de relações sexuais não consentidas.

– 14/10/17: Expulso da Academia

O conselho da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, instituição que concede o Oscar, vota pela expulsão de Weinstein, cujos filmes ganharam dezenas de estatuetas ao longo dos anos.
A medida que passam as semanas, mais mulheres decidem revelar publicamente que foram assediadas por Weinstein, tanto nas redes sociais como diante das câmeras de televisão.

Outros nomes ilustres de Hollywood e de várias áreas do entretenimento nos Estados Unidos, além do jornalismo, são denunciados por assédio sexual. O movimento #MeToo ganha força.

– 25/5/18: Weinstein é acusado formalmente

É revelado que os promotores que cuidam do caso em Nova York arquivaram uma investigação contra Weinstein sobre assédio em primeiro e terceiro graus contra uma mulher não identificada em 2013, assim como de obrigar a aspirante à atriz Lucia Evans a fazer nele sexo oral em 2004.

Weinstein comparece diante de um juiz numa corte de Manhattan após se entregar à polícia, seguido por dezenas jornalistas e fotógrafos.

Seu advogado à época, Ben Brafman, negocia uma fiança de um milhão de dólares e garante que seu cliente será declarado não culpado. Weinstein passa a usar uma tornozeleira eletrônica para ficar em liberdade.

– 2/7/18: Uma nova acusadora

A promotoria acrescenta três novas acusações por um ato sexual “forçado” em julho de 2006 contra uma terceira mulher, a assistente de produção Mimi Haleyi. Weinstein agora enfrenta um total de seis acusações e pode ser condenado à prisão perpétua se for considerado culpado.

– 11/10/18: Abandono de acusações

A promotoria decide abandonar as acusações relacionadas à Evans após revelar que a acusadora contou a uma amiga que praticou sexo oral de maneira voluntaria em Weinstein em troca de um papel como atriz.

– 25/1/19: Mudança de advogados

Weinstein demite seu famoso advogado Ben Brafman e contrata dois novos defensores. Seis meses depois, ele também dispensa a dupla e contrata uma equipe liderada por uma mulher, a advogada de Chicago Donna Rotunno.

– 26/8/19: Uma nova acusação

Os promotores apresentam uma nova acusação que permitirá que a atriz da série “Família Soprano”, Annabella Sciorra, participe do julgamento como testemunha de acusação.

Sciorra afirma que Weinstein a estuprou no fim de 1993 e no início de 1994 em Manhattan. Seu caso está prescrito, mas os promotores esperam que sua história ajude a convencer o júri de que Weinstein era um predador sexual.

O julgamento, originalmente fixado para setembro, é adiado para 6 de janeiro de 2020.

– 11/12/19: Acordo

Weinstein chega a um acordo de 25 milhões de dólares com mais de 30 atrizes que o acusam de assédio e abuso sexual, em uma ação coletiva não ligada ao seu julgamento.

Conforme o acordo, Weinstein não tem que admitir nenhuma culpa.

Alguns dias depois, o ex-produtor concede uma entrevista incomum ao New York Post, quando se recuperava em um hospital após uma operação nas costas. Na conversa, reclama que o mundo esqueceu que ele foi um “pioneiro” na promoção de mulheres no cinema, o que causa indignação.

– 24/02/20: Culpado

Um júri de Nova York declara Weinstein culpado de duas acusações que não foram prescritas: agressão sexual em primeiro grau contra Mimi Haleyi e estupro de Jessica Mann em 2013.

O veredicto foi alcançado após quase um mês de julgamento (e cinco dias de deliberações) em que essas duas mulheres e quatro outras testemunhas detalharam como foram humilhadas, atacadas e violadas por Weinstein.

– 11/03/20: Sentença

Em 11 de março, Weinstein é sentenciado a 23 anos de prisão pelo juiz James Burke, quase a pena máxima (29 anos). O promotor Vance diz que a sentença servirá de aviso para outros predadores sexuais.

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