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Último show de Moraes Moreira com os Novos Baianos no Recife foi marcado pela devoção do público

Apresentação no Enquanto Isso na Sala da Justiça, em fevereiro, mostrou um artista conectado com novas gerações

Márcio Bastos João Rêgo
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Márcio Bastos
João Rêgo
Publicado em 13/04/2020 às 12:17 | Atualizado em 13/04/2020 às 13:07
DAYVISON NUNES/JC IMAGEM
Na quarta edição do festival, que acontecerá entre os dias 16 e 19 de abril, as atrações farão homenagens ao cantor - FOTO: DAYVISON NUNES/JC IMAGEM

A morte de Moraes Moreira, segunda-feira (13), aos 72 anos, consternou fãs da música popular brasileira. Em carreira solo e ao lado dos Novos Baianos, o músico ocupou um espaço singular na cultura nacional. Além do legado musical, o grupo baiano representou a possibilidade de encarar a vida por outro prisma, mais leve, baseado no amor, na alegria, no poder transformador da música e da coletividade. E, por isso, continua a fascinar novas gerações, como comprovou o último show que fizeram no Recife, em fevereiro de 2020, durante a prévia carnavalesca Enquanto Isso Na Sala da Justiça

Parte de uma série de apresentações que a banda estava fazendo com grande parte de sua formação original, incluindo, além de Moraes Moreira, Baby do Brasil, Paulinho Boca de Cantor, Pepeu Gomes e Luiz Galvão, o show marcou o retorno da banda após um hiato de três anos sem tocar na cidade. No Enquanto Isso na Sala da Justiça, o reencontro com os fãs foi catártico, apesar dos problemas técnicos que dificultaram a audição para uma parte do público.

As inevitáveis marcas do tempo nos corpos dos músicos (Luiz Galvão estava claramente debilitado quando foi levado ao palco para receber os aplausos) não diminuíam a empolgação que eles demonstravam em estar juntos novamente e trocando com o público. A audiência era majoritariamente formada por pessoas entre 20 e 40 anos, o que demonstra o caráter atemporal da música e da mensagem dos Novos Baianos. Sucessos como A Menina Dança, Mistério do Planeta, Preta, Pretinha e Acabou Chorare foram cantados de forma quase catártica pela plateia. 

Moraes Moreira, enérgico, mostrava que, aos 72 anos, ainda amava estar no palco, função à qual se dedicou pela maior parte de sua vida. Com os companheiros de estrada e de comunidade alternativa, mantinha-se como um símbolo de uma possibilidade de vida que se pautava por uma ideologia baseada no amor e na coletividade, um contraponto revolucionário, ainda mais quando colocada no contexto de fundação dos Novos Baianos, no final dos anos 1960, em plena ditadura militar. 

No seu último show no Recife, Moraes mostrou guardar um imenso carinho pela cultural local. Além de entregar uma performance à altura – trocando solos de guitarras com Pepeu Gomes, aniversariante no dia –, o artista ficou sozinho no palco após a apresentação da banda. Em pé, no meio da estrutura, Moraes fez o público inteiro cantar junto a ele a marchinha Evocação Nº1, de Nelson Ferreira.

"Felinto ...Pedro Salgado/ Guilherme... Fenelon/ Cadê os seus Blocos famosos?"

 

DIEGO NIGRO/ACERVO JC IMAGEM
Cantor e compositor baiano Moraes Moreira em show no Recife - FOTO:DIEGO NIGRO/ACERVO JC IMAGEM

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